Para quem estava com saudades dos meus textões, senta que lá vem história.

Desde já te digo: se você é uma pessoa que tem medo de gatos, ou até mesmo antipatia por eles, saiba que isso pode mudar. E eu espero que mude, caso isso aconteça com você. Sou a prova viva de que tudo pode acontecer!

Me recordo que, desde muito pequena, gatos eram animais que não me atraíam. Eu passava muito tempo na casa de minha avó paterna, pois meus pais trabalhavam. Ela, até hoje, tem aversão a gatos e sempre reclamava, falava mal do bicho. Cresci ouvindo apenas coisas horríveis a respeito de gatos.

O que mais me causava medo de gato eram as unhas. Todo mundo fica falando que gato é traiçoeiro, que não se pode confiar e, como tem garras, eu ficava apavorada. Se eu ia na casa de alguém que tinha gato, meu fiofó já travava. Sério, sem exageros!

A primeira experiência: o medo de gato era real!

Quando fui morar nos Estados Unidos pela primeira vez, em 1999, caí em uma família que tinha dois gatos. Acreditem: foi muito difícil para mim morar debaixo do mesmo teto em que gatos existiam. Se eles estavam em um cômodo, eu ficava no outro. Eu tinha medo, medo de verdade. Medo deles pularem no meu colo e me unharem, por exemplo.

Minhas irmãs americanas riam da minha cara, mas eu sequer conseguia chegar perto dos bichos. Era uma espécie de pavor mesmo. Alergia, por exemplo, nunca tive.

Já adulta, morando em São Paulo, acabei tendo muito contato com a Panqueca, a gatinha da minha amiga Alice. Eu diria que a minha desconstrução começou ali, com a Panqueca. Ela era linda e eu ficava pensando: como um bicho tão fofinho, que parece tão gracioso, pode ser tão traiçoeiro assim? E eu vi a Alice beijando, abraçando… Certa vez pedi a ajuda dela para me ensinar a fazer carinho na gata. Ela me explicou, “assisti ao tutorial” e fui tentar. A Panqueca era mesmo muito especial, pois acho que ela sentia o medo que eu tinha e pensava: “ô trouxa, vem cá que vou te ajudar a entender que não é nada disso”. Risos.

Comecei fazendo carinho na Panqueca, mas não tinha coragem de pegá-la no colo ou de deixar ela vir no meu. O medo ainda existia, embora estivesse mais controlado, digamos assim. Algo que me marcou muito é que a Panqueca amava quando eu cantava pra ela. Se fosse “Evidências”, então, ela ia à loucura. Ficava rolando, fazendo charme e, de alguma forma, ela demonstrava que curtia muito nossos momentos de interação. E ela me respeitava. Ela respeitava o meu medo como quem diz: “tá tudo bem. Vamos com calma.”

Infelizmente a Panqueca partiu cedo demais, mas ela foi a primeira a trabalhar em minha desconstrução.

O primeiro gatinho, o ápice do medo e a transformação

Anos atrás uma amiga de minha mãe nos pediu ajuda para cuidar de uma gatinha que havia sido abandonada na porta da casa dela. Nem sei quanto tempo ela tinha, mas era extremamente pequenina. Por ela já ter outros gatos e trabalhar fora o dia todo, pediu nossa ajuda para cuidar dela por alguns meses, até que ela crescesse mais.

Não me esqueço do dia em que vi aquele ser, tão indefeso e minúsculo em uma caixinha cheia de paninhos. Meu primeiro instinto foi querer pegá-la e protegê-la. Porém, o medo de gato veio e eu titubeei. Fiquei ali um tempo, analisando, olhando, pensando nas unhas (eu nem fazia ideia que a unha dela, naquele ponto, era molinha e tal) e ensaiando para pegá-la. Minha mãe, que de longe viu a cena, soltou: – Paula, não é possível que você esteja com medo desse cisquinho de gato.

Quicute bebezinho quando chegou para cuidarmos também

Apesar do medo, senti que tinha que enfrentá-lo e peguei a gatinha. Ela cabia na palma da minha mão, de tão pequena. Foi a partir desse dia, e com a convivência acompanhando o crescimento dela, que fui perdendo o medo de gato.

Agora posso dizer que a Panqueca e a Cute foram as responsáveis por me curar desse medo irracional.

O que aprendi sobre gatos

Depois de superar o medo, posso dizer que gatos são a minha vida. Eu acho que não consigo mais viver sem eles.

Gatos são extremamente amorosos: eles só têm um jeito diferente de amar, diferente dos cães, por exemplo. Antes de mais nada, saiba que o temperamento de cada gato é totalmente diferente. Não dá para colocar todos no mesmo balaio. Atualmente, em Bauru, temos três: o Dengo, o Quicute e a Luna. O Dengo é o tipo de gato que você faz o que quiser com ele. Companheiro total e extremamente amoroso, às vezes até carente: não à toa eu o batizei de Dengo. O Quicute é na dele: vem quando quer. Quando ele não quer, não adianta querer forçar a barra. Já a Luna é uma figura: totalmente metida e blasé. Até colocar a mão nela é difícil. Ela não gosta de contato. Raríssimamente ela vem ficar conosco.

Esse é o Dengo, meu grude. Vira e mexe ele se joga no teclado do computador pra eu parar de trabalhar e dar atenção a ele!

Enquanto cães são totalmente dependentes dos humanos, gatos se viram muito mais. Eles podem ser tão amorosos e companheiros quanto os cachorros. Cada gato tem um tipo de comportamento e temperamento: você não tem como prever como será.

Luna: a blasezona que só vem quando quer. Ela não dá moral, não…. risos!

Se eu pudesse te dar um conselho para a vida hoje, diria para você adotar um gatinho. A minha qualidade de vida mudou da água para o vinho depois dos gatos, especialmente o Dengo. Ele é um grude comigo e parece entender minhas carências quando batem, me consola quando estou triste, faz companhia e tem uma capacidade inexplicável de me acalmar. Às vezes, quando tenho picos de estresse, só de pegá-lo no colo, já me acalmo.

Por fim, saiba que gatos também são animais extremamente espiritualizados. Essa relação milenar é incrível e se você quiser saber mais, sugiro esta leitura.

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