Vez ou outra percebo que os discursos das pessoas são um tanto quanto extremistas. Estamos acostumados a acreditar que determinadas coisas invalidam outras. Dificilmente, quando estamos falando de comportamentos ou de sentimentos, atingiremos o ápice do domínio. Se somos humanos, somos instantaneamente falhos e, por isso, é praticamente impossível conquistar a totalidade de um aspecto sentimental porque estamos em constante evolução.
Muitas mulheres me perguntam como conquistei a autoestima que tenho hoje. Elas me veem como uma espécie de mulher superpoderosa e desejam estar neste mesmo “patamar”. A realidade é bem diferente da projeção que elas fazem de minha pessoa. Particularmente entendo que, ter autoestima, não necessariamente signifique que você seja bem resolvida em todas as áreas ou imune a determinadas fraquezas e sentimentos, como a insegurança.
A autoestima e a insegurança
Pensemos na autoestima como um cenário macro. Dentro dele existem aspectos que se correlacionam, como confiança, insegurança, poder, beleza, bem-estar e outros. O foco hoje fica na insegurança porque é extremamente comum que pessoas achem que uma pessoa com boa autoestima não se sinta insegura. Isso não é verdade! Você pode ter uma excelente autoestima para aspectos específicos: você pode se achar uma excelente professora, ou uma mulher linda, ou uma profissional super capacitada, ou uma mulher capaz de conquistar quem você quiser. Podemos ter autoestima para áreas específicas de nossas vidas, o que não significa que ela atinja o cenário macro, ou seja, dificilmente teremos boa autoestima para tudo!
Eu tenho excelente autoestima para muita coisa, mas sou insegura quando estamos falando de “homem”. Mas por quê? Todas as minhas experiências sociais e com o meio, nessa área, foram muito mais negativas do que positivas. A minha aparência era sempre colocada em xeque e eu sentia aquela necessidade imensa de provar que eu tinha valor, que eu não era inferior. Eu podia ser mais bem sucedida que o cara, mais inteligente ou mais qualquer outra coisa, mas eu nunca sentia que seria boa o suficiente para ele. Mesmo hoje, me sentindo uma mulher extremamente empoderada, consciente do próprio valor, que se ama e se aceita, me vejo insegura quando estou tentando conquistar alguém. O medo bate, as feridas falam, os traumas quicam e, consequentemente, a insegurança vem. No entanto isso não significa que eu não tenha autoestima, que não seja uma mulher incrível. Eu só tenho dificuldade – ainda – de processar que a rejeição nem sempre é negativa.
Vamos falar rapidamente sobre rejeição: quantas vezes, hoje, você olha para seu passado e pensa: – Nossa, graças a Deus eu não dei certo com fulano porque olha o tipo de pessoa que ele é. Onde eu estava com a cabeça? – Este é apenas um exemplo. Às vezes interpretamos aspectos como rejeição que são, na verdade, livramento ou simplesmente experiências necessárias para nos moldar. É muito difícil processar isso tudo no momento, eu bem sei, mas nem sempre a rejeição é algo ruim. Sabe aquele exercício de ver o copo meio cheio ou meio vazio? É isso!
Sou muito segura para falar em público, com minha vida profissional, com os textos que escrevo, com minha imagem exposta, ao confrontar pessoas gordofóbicas, mas quando quero conquistar um cara, segura! Preciso respirar muitas vezes, me lembrar de quem sou, do meu valor, da minha capacidade e entender que, se sou contra esses joguinhos de conquista e não gosto de jogar, não preciso e nem devo, mas então tenho que segurar o meu próprio rojão e me lembrar que minha consciência limpa por ter tentado, da minha forma, é o melhor resultado que posso ter. Até porque quando é para ser, é! Não é assim? Então todas as rejeições e traumas que “conquistei” ao longo dos anos foram experiências que me moldaram, que me trouxeram aprendizado e sim, o bendito livramento porque hoje vejo que eu não seria feliz com nenhum daqueles caras.
A insegurança é um sentimento que conseguimos aprender a administrar, que exige esforço para driblar, mas a presença dela não necessariamente significa que você não tenha autoestima. Aprenda que separar os cenários são importantes para o seu desenvolvimento pessoal e que trabalhar cada aspecto emocional da sua vida leva tempo, dedicação e força de vontade. Sim, você tem que querer mudar, tem que desejar colocar um freio nos impulsos amedrontadores que te levam ao cenário da insegurança. Isso não irá acontecer do dia para a noite, mas é “remando” que atravessamos o oceano e chegamos em terra firme.