Não sei se escrevo ou se choro. Hoje eu perdi um dos meus melhores amigos e a dor é daquelas que consome a alma e o coração. Conheci o Ale Rocha anos atrás, quando ele ainda não era tão conhecido como é hoje. Na época eu estava terminando a faculdade de jornalismo e, foca de tudo, vivia dividindo com ele minhas ideias do que fazer quando meus dias de Unesp acabassem. Ele, com toda a paciência do mundo, me ouvia e me aconselhava.

Me mudei para São Paulo e comi o pão que o diabo amassou no começo. Não tinha onde morar direito, não tinha amigos, não conhecia ninguém. Basicamente, Ale era a única pessoa que eu conhecia por aqui. Às vezes escrevia para ele dizendo que queria desistir, que não estava aguentando essa vida maluca da capital. Ele sempre dizia: “você não vai embora, você não pode desistir”. Se hoje eu ainda estou aqui, devo isso a ele sem sombra de dúvidas. Se tenho amigos, digo que 90% deles conheci por conta do Ale.

Desde que me tornei sua amiga acompanhei toda sua luta contra a HAP. Eram raras as vezes em que ele reclamava, em que se deixava abater. Ale sempre foi muito otimista e sempre lutou muito para se recuperar. Não tenho a menor dúvida de que ele é a pessoa mais forte e cheia de garra que conheço. Um dia ele me disse que nunca desistiria de lutar e, de fato, nunca desistiu. Lutou bravamente até o dia de hoje. Ele cumpriu sua promessa.

Ale me ensinou coisas que eu jamais imaginaria aprender e ele foi uma das pessoas que mais acreditou em mim, especialmente profissionalmente falando. Sempre me ajudou com este blog, por exemplo. Me dava dicas de pauta, discutíamos sobre SEO, como montar títulos e o escambau. Ele sempre dizia que um dia eu chegaria muito longe e que queria estar aqui para poder ver isso. Ele vibrava com cada coisinha que eu conquistava e sempre me aconselhava. Ele lia meus textos, me avisava que eu tinha comido uma vírgula em algum lugar e pegava no meu pé porque eu não conseguia gostar de Sons of Anarchy.

Fui visitá-lo agora em setembro, justamente no dia em que ele chegou a ir para a sala de cirurgia, mas não a realizou porque os médicos haviam julgado que as condições do órgão não eram as melhores para ele. Ele estava frustrado por não ter passado pela cirurgia e me disse: “Eu quero ir pra mesa de verdade, Paula. Se eu tiver que morrer, tudo bem, mas eu preciso passar por isso. Eu tenho que tentar”. Foi exatamente isso que ele me disse – é o tipo de frase que você ouve de um amigo e não esquece jamais.

Deus permitiu que ele tivesse mais um tempo com seus amigos e familiares, que comemorasse seus 35 anos cercado das pessoas que ele amava e ele recebeu o presente que ele tanto queria: seu novo pulmão chegou dias após de seu aniversário. #AleRochaDay, comemoramos no Twitter. Ele virou trending topics mundial e dia 30 de novembro sempre será, para quem o admirava, uma data especial. Fazer o transplante era o maior sonho dele e ele dizia que independente dos riscos, era o que ele mais queria.

Obrigada, Ale. Não sei como poderia colocar em palavras tudo o que estou sentindo neste momento, o tanto de falta que sua amizade e presença irão fazer. Vou encher o saco de quem agora? Quem irá revisar meus textos complicados? A quem vou importunar perguntando sobre séries e programas de TV? Quem vai ajudar a acender as velinhas do meu bolo de 29 anos? As pessoas são insubstituíveis e você sempre terá um espaço muito especial em meu coração. Não há palavras que poderiam agradecer o tanto de coisas boas que você fez não só por mim, mas por muita gente. Você foi um exemplo de garra, luta e determinação que jamais serão esquecidos.

Não consigo colocar para fora tudo o que estou sentindo hoje, mas fica aqui, um pouco da minha despedida de um dos melhores amigos que Deus já meu deu. Tenho muito orgulho de você.

Você é infinito, Ale Rocha. E como diria seu querido Eddie Vedder, “I know you’ll be a star”. Brilha meu amigo, brilha.

É assim que vou me lembrar de você:

Comentários

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4 comments

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Lindo texto! Eu seguia o Ale pelo twitter. É engraçado como a gente gosta de pessoas que nem conhece. Fiquei tão feliz quando ele foi fazer o transplante e hoje tão triste ao ter a notícia.
Força, abraço!

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Que Deus console os corações dos amigos e familiares e dê um bom lugar para ele.

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Nossa!!!! Se eu que nem o conhecia fiquei triste ao ler esse texto, imagino vc e os entes queridos.
Força a todos!!

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Comentário Emocionante o seu texto. Me consola ler artigos tão carinhosos sobre o Ale. Como mãe agradeço o carinho que você teve, tem e terá. Ele era maravilhoso e deixará muita saudade. Obrigada por essas lindas palavras

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