Esta semana foi marcante para mim. Andei passando por várias coisas nos últimos meses e depois de muitos acontecimentos e reflexões, conversando noites e mais noites com as meninas com quem moro, que considero minhas boas amigas, pude começar a entender alguns processos de minha vida.

Às vezes algumas meninas comentam comigo que me acham super bem resolvida. Adoraria que isso fosse 100% verdade, mas não é. O último texto que escrevi tratava de insegurança – que é um dos meus maiores defeitos e desencadeia uma série de outros problemas. Estou em uma daquelas fases que analiso e reflito demais, mas acho que estou aprendendo a amadurecer.

Depois de muita conversa, consegui assumir, para mim mesma, que estava batendo novamente em uma tecla que sempre bati e sempre me levou a um final infeliz. Eu estava tentando pedir migalhas e chamar a atenção de uma pessoa que, eu acho, não está sequer lembrando que existo. Vou mesmo perder meu tempo e correr atrás? Não. Desta vez consegui perceber com mais agilidade que eu valho mais do que uma mísera migalha e não vou mais tentar agradar ninguém.

Tive uma conversa esta semana com um cara que é um amigo colorido. A gente não se conhece tão bem assim – mantemos certa distância para evitar qualquer tipo de envolvimento – mas acho surreal a forma como ele consegue me ler. Ele estava me ouvindo e aconselhando e no meio da conversa soltou: “você nem sabe o seu valor e nem você gosta de você.” Ouvi, ou melhor, li quando a janelinha do chat piscava indicando um sinal de alerta. E sim, era um alerta de verdade.

Fui dormir aos prantos aquela noite. Ele me deu um chacoalhão que estava precisando e ele estava dizendo a verdade. Acho que minha insegurança é a base para a maioria dos defeitos que carrego comigo. Eu me importo demais com as pessoas. E elas? Será mesmo que elas se importam comigo? Andei tendo algumas experiências nesse último ano que me mostraram que não e se eu tivesse me amado e entendesse o meu valor, teria me tirado rapidinho de dentro desses barcos furados. Eu deixei que meu barco afundasse diversas vezes. Não fiz nada para socorrer a mim mesma.

Ouvi esta semana, de uma amiga, uma lista das minhas virtudes. Ela falava de mim de um jeito como se eu fosse a pessoa mais incrível do mundo e quer saber? Ela tinha razão. Todas as coisas que ela citou, eu realmente sou, mas ninguém enxerga isso de verdade porque nem eu mesma consigo acreditar que sou tudo aquilo. Me escondo, me afundo na insegurança e deixo que pisem no meu pé e ainda peço desculpas. Sempre abaixei a cabeça para evitar confusão.

Em meio a todos esses dias de reflexão e um coração pesado, Deus resolveu deixar de lado as sutilezas e me deu um chacoalhão daqueles bem dados para me lembrar que Ele não me esquece. Sou dessas que vai dormir à noite e quase todos os dias pede: “Deus, eu quero um dia viver uma cena de cinema, quero que algo inusitado aconteça, que alguém me surpreenda! Será que é possível?”.

Na última sexta-feira, após um longo dia de trabalho, peguei o ônibus para ir embora em um horário bastante diferente do habitual. Eu estava desarrumada, cansada e abatida – estava triste. Sentei no fundão, quieta – só queria ouvir minha Adele em paz. De repente um rapaz entrou no ônibus e não tive como não reparar porque ele era muito alto. Embora o ônibus estivesse vazio, ele ficou em pé e diversas vezes o vi olhando para trás. “Será que aconteceu algo com o trânsito” – pensei. Ele olhava muito para trás.

O ônibus percorreu parte do trajeto e de repente o vi andando em direção ao fundo. Ele parou em minha frente e perguntou se podia se sentar ao meu lado. Respondi que sim. Ele era bem alto, tinha os ombros largos, o braço forte e usava um perfume incrivelmente bom. Bonito…bem bonito. Eu gelei.

“Posso saber seu nome?”  – imaginem a minha cara de espanto quando ele fez a pergunta. Minto? Falo meu nome real? De repente, sem nem perceber, já estava respondendo…

“Paula. E o seu?”

“Rafael. Muito prazer, Paula. Você saiu do trabalho agora?”

“Sim. E você?”

“Não. Saí faz tempo. Agora estou indo ensaiar com minha banda. Tenho uma banda de rock”.

“Ah, que legal”

“Sabe de uma coisa? Você é encantadora”

Ao terminar de dizer isso, ele me olhou e me beijou. Levantou-se, sorriu, acenou para mim e desceu do ônibus. Eu fiquei perplexa – completamente sem reação. A moça sentada ao meu lado estava tão chocada quanto eu. A ficha demorou uns cinco minutos para cair. Eu tinha mesmo acabado de viver uma cena de filme? É isso, produção? Ou será que era algum tipo de pegadinha? Cadê a câmera escondida?

Não, não era pegadinha. Tinha acontecido mesmo. Talvez, mesmo estando com o cabelo desarrumado, uma olheira enorme e lábio pálido, eu tenha conseguido chamar a atenção de uma pessoa completamente estranha. Não sei o que pode ter feito com que o tal rapaz fizesse o que fez, mas ele me fez um bem danado em um momento em que me sentia completamente invisível. Ele fez com que eu me lembrasse que posso ser notada, que não sou invisível e que posso sim, ser encantadora sem me parecer com a Gisele Bündchen.

Hoje minha amiga disse que isso tinha sido um chacoalhão de Deus para me lembrar que eu não era invisível e que aquilo que era meu estava guardado. Talvez tenha sido mesmo. Talvez eu ainda não tenha consciência de quem eu realmente sou e de tudo o que sou capaz de conseguir, mas sei que esta semana foi crucial para que eu entendesse um pouco mais sobre mim mesma, sobre quem é a Paula e o que ela quer e de uma coisa eu hoje tenho certeza: não quero migalhas.

Eu decidi me colocar em primeiro lugar, a fazer o exercício de não me preocupar com a opinião alheia – especialmente a masculina -, de não supervalorizar gente que, na verdade, é tão insegura e cheia de falhas como eu sou, gente que não está se preocupando em me agradar nem um pouquinho, que só pensa no próprio umbigo. Isso vale para amores, amigos e qualquer tipo de relacionamento. Cheguei a um ponto em que compreendi que, na realidade, eu preciso mesmo é do meu próprio perdão e do amor que eu recusei a me dar desde criança.

A cada dia em que acordamos, Deus nos dá uma página em branco para escrevermos novos episódios de nossas vidas. Eu vou tentar levar um dia de cada vez. Primeiro preciso limpar meu coração, acalmar meus pensamentos e me livrar de uma ansiedade besta que anda me consumindo. Tenho gastado energia com coisas que não valem a pena. Vou focar em me cuidar: coração, alma, mente e espírito.

Não sei, gente. Minha amiga Alyce diz que sou muito intensa e ela está certa. Tudo deve ser equilibrado em nossas vidas. Tanto esses meus tombos como esse beijo que aconteceu do nada serviram para me mostrar coisas que eu estava tendo dificuldade em perceber. Chacoalhões são bons e muito produtivos. Muitas pessoas criam monstros em suas cabeças com medo do que os outros pensam ou sentem. Vamos deixar esse povo “pentear macaco”, como diria minha vó. Ao invés de se desdobrar para dar seu amor a quem não faz questão, dê a você mesma! Se ame, se ache incrível, veja como você é bacana e encantadora. Se paparique, faça gracinhas para você mesma, mas acima de tudo, se perdoe! De agora em diante estou em um relacionamento, mas desta vez é comigo mesma!

Vocês já passaram por uma situação meio doida como essa que aconteceu comigo no ônibus? Se sim, me contem? Aproveitem para palpitar, desabafar ou o que quiserem!

Beijos,

Paula – @parispaula

Comentários

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12 comments

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Nosso problema não é ser intensa, mas sim gastar e depositar intensidade em coisas que não valem a pena, esse é o nosso mal.

E nisso precisamos sim mudar.
E eu te falo, você é incrível, basta só acreditar e dar valor nisso.

<3

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eita, que beleza! e você nem pegou o número dele, muié?

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Nossa Paulinha (olha a intimidade! rs)

Acho que esse ano o Papai do Céu tirou a semana pra chacoalhar …

Tenho curtido um pouco os momentos da vida, mas a semana que passou foi diferente … ultimamente procurava não me apegar a ninguém … curtia os momentos e tals, mas sem deixar ficar próximo d+ … e de repetente puf … um homem maravilhoso aparece na minha vida. O legal é ver que ele é muito mais inseguro que eu com o corpo dele, por ser gordinho… Como se isso fosse fazer diferença… o jeito que ele me olha, o jeito que ele cuida de mim, o jeito que ele me toca … isso sim é importante e tem feito toda a diferença. É ele? Sinceramente não sei, mas estou me permitidno curtir … Torço de coraçao que vc encontre alguém assim … mas antes, realmente precisamos nos permitir isso.
Grande bju 😉

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Adoro ler seus textos, de vdd! Vc fala com a alma, isso é para poucos. Juro que sempre penso em vc qdo escrevo os meus, penso assim “qro me expressar como a Paris”. Enfim…

Histórias assim acontecem pra vermos que somos mais especiais do que imaginamos ser, mais encantadores do que nos sentimos e somos mto mais do que aquilo que vemos.

E isso é bom demais! A gente só tem que encontrar aquela válvula de equilibrio, pra aprender e realmente, entender, que somos tudo isso, pq ai minha filha, ngm nos segura. E to dizendo no plural pq eu tb me encaixo (e tenho certeza q todos seus leitores).

Pode crer, até a Gisele de vez em qdo entra em crise e se acha menos doq realmente é.

Luz, atrai luz…Por mais q seu dia tava de cão, rs, vc estava com uma luzinha boa e o Rafael percebeu isso…

Espero q mtas mais historias dessas te aconteçam e se nao aconteceram, que vc guarde essa numa caixinha bem linda de lembrancas pra vc poder lembrar e reviver sempre.

Um beijo!

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Nossa…
Que delícia, hein???

Você precisava disto, Paula.
Acho que você viu na prática, o que eu disse a você no post passado.

Você deve amar-se loucamente. Não são kilinhos a mais que farão vc ser pior que ninguem.

Encare como excesso de gostosura. Que ele enxergou!

Amiga, você é linda, especial. Confie no que a sua amiga disse: vc tem uma coleção de predicados que nem imagina.
Ótimo texto.

ps. Se eu fosse vc, iria me aventurar mais neste horário e neste ônibus bendito!

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Finalmente heim…só assim pra vc perceber que a insegurança sempre foi a sua falha!!!!

Agora veja se dá mais valor a tua pessoa e pare de pensar tanto em caras que não merecem nenhuma consideração da sua parte… 😉

Vc É incrivel sim, basta acreditar!

Beijos,sis!

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Te entendo muito, às vezes acho que as pessoas a minha volta não ligam pra mim, costumo falar que na minha casa sou mais um móvel, porque ninguém me escuta.
Acho que essa sua auto análise é muito importante, as coisas que acontecem na nossa vida, mesmo as ruins, servem de aprendizado é como se Deus estivesse falando com você, às vezes você pede paciência, Ele te dá mais uma provação pra que aprenda que você é a senhora da sua vida, você pode controlar suas emoções e se algo te faz ficar pra baixo foi você quem deixou. Acho que já escrevi demais, mais compreendo o que está passando porque já passei por algo assim. Acredite em você. Beijos

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“Se ame, se ache incrível, veja como você é bacana e encantadora. Se paparique, faça gracinhas para você mesma, mas acima de tudo, se perdoe! De agora em diante estou em um relacionamento, mas desta vez é comigo mesma!”

amei isso, paris.

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Aeeeeeee!
No dia to tal beijo eu li seus tweets e fiquei imaginando “como foi?”.
Mas como não tenho tanta intimidade com vc, acabei não perguntando por vergonha e adorei poder ler agora a história completa (com direito a prólogo e tudo!).

Você é uma menina iluminada e antes de qualquer um, você precisa saber disso.
Você sabendo o quanto é iluminada e abençoada, sua luz refletirá nos outros e só trará boas coisas/momentos pra vc 🙂

Fico feliz de saber que Deus te respondeu e agora você começa uma nova fase na sua vida 🙂

Beijo grande!

P.S. Vamos ver se quando eu voltar de viagem consigo te enviar um esquema que faz séculos que tou pra te mandar….rs

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Super entendo, as vzs acho q ngm se importa cmg, nem eu msma, e q nao faço falta.Ngm me ouve, parece q nao existo, sabe?! como se eu tivesse morrido e nao sabia. Vejo, e ouço todos, mas quase imploro um segundo de atenção pra algm pelo menos tentar me entender. é mt ruim. é nessas hras q vc quem é seu amigo de vrd, e q pode até nao te entender, mas tenta e te ouve.
é, só ouvindo adele msm :l

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Oi, Natália,

Às vezes a gente se sente assim mesmo…é normal, mas não sempre! Procure mais a companhia dos seus amigos, faça mais coisas divertidas para não se sentir assim e se precisar conversar, aqui no blog sempre tem um cantinho pra isso! Sou toda ouvidos!

Beijos

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Não posso nem quero crer que eu da terra do axé é quem vai ter que resolver o “enigma” aqui pra uma pessoa de São Paulo.
“Olheiras e lábio pálido”: ora mas se não é nada menos do que o cúmulo da beleza e inspiração para qualquer alma gótica.
Vc então não vê, querida? Não há nenhum mistério a ser desvendado aqui. O SEU LADRÃO DE BEIJOS É DARK ! Ele te deu 2 pistas “encantadora” e ‘rock”. A musicalidade e o vocabulário típicos.
O movimento romantico não é história da carochinha. É fato histórico cultural datado de quase 3 séculos. O mundo moderno imbecilizado por padrões pode começar a jornada rumo a civilização se, entre outras empreitadas, parar de ignorar a estética/conceitos/contribuições daqueles que produzem boa parte do que há de melhor na cultura ocidental desde finais do século dezoito.
Saudações byronianas a todos.

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