Uma nova temporada

Sentar para escrever esse texto é quase como que respirar um novo ar. Na semana que passou, vivi algumas experiências das quais me arrependi muito depois, mas o fato de elas terem acontecido fizeram com que eu realmente parasse para pensar profundamente sobre o que estava errado e sobre o que eu precisava fazer. Talvez você, minha amiga, esteja precisando fazer algo similar em sua vida neste momento. Se for o seu caso, veja o que me ocorreu…

Quem acompanha meus editoriais sabe muito sobre mim. Sabe, inclusive, que gosto demais de um cara que mexeu completamente comigo de uma forma muito diferente e intensa, mas não posso tê-lo neste momento. O que vai acontecer não sei –  isso compete a Deus decidir – mas sei de algumas outras coisas e acho que minha experiência pode ter alguma valia para você.

Ainda tenho problemas de insegurança e de autoestima como qualquer outra mulher. Não existe uma pessoa que se sinta completamente linda, poderosa e absoluta todos os dias. Isso é invenção! Somos humanas, suscetíveis, frágeis e enfim, cada dia nos sentimos de um jeito. No entanto deixei, por praticamente toda minha vida, que os outros ditassem o que eu sentia por mim mesma, principalmente os homens. Por anos e anos e anos só me senti valorizada se um outro cara se interessasse por mim e sempre aceitava migalhas para me sentir feliz e aceita.

Fazendo terapia tenho aprendido lições muito valiosas. Minha terapeuta sempre reforça a importância de eu aprender a ser feliz comigo mesma porque ninguém sabe o que a vida guarda. “Você tem quer sua melhor companhia, sua melhor amiga e gostar de você. Os outros são apenas os outros e você não pode querer que uma outra pessoa complete em você um vazio que só você mesma pode preencher aí dentro”, diz a minha amada conselheira. Eu ouvi isso tantas vezes, mas sabe quando você ouve e entende, mas não compreende como fazer isso? Não consegue imaginar como você poderia ser feliz sem aquele final romântico dos contos de fadas?

Dias atrás levei uma “patada do amor” de uma de minhas melhores amigas. “Paula, você não se valoriza, cara. Olha pra você. Olha tudo o que você é, olhe para seus valores. Você vive satisfeita com um farelo de migalha. O que é isso, amiga? Não pode”, disse Alyce. Eu fiquei brava com ela na hora porque né, já ouvi isso outras vezes e eu sabia que era verdade, mas como mudar isso? Como começar a mudar uma situação que se repetiu por 29 anos?

Muita gente talvez nem sonhe com isso, mas fui evangélica por muitos anos e por um tempo bem longo eu me mantive focada em Deus e em minha vida, em meus sonhos. Não tinha envolvimentos com ninguém: não ficava, não beijava…fazia nada. E eu estava feliz, estava bem. Hoje não sou mais evangélica, mas não sei o que aconteceu – se foi um pouco da idade, se foi morar em São Paulo, se tem a ver com o meu círculo de amigos – mas eu estava em um desespero tão grande de ter alguém para me autoafirmar que aceitei situações que jamais deveria ter aceitado. Sabe quando você diz amém para tudo porque é melhor ter aquilo do que absolutamente nada? Pois é!

Só que ai aconteceu esse episódio esta semana. Sabe quando você se desaponta completamente e pensa: a que ponto cheguei? E parei e pensei. Me incomodei muito. Sentei no chão, chorando, e pedi a Deus que me ouvisse, que me desse uma resposta, que me mostrasse o que fazer porque estava me sentindo muito perdida emocionalmente, sem chão. O que eu queria de fato? Para onde estava indo? Por que estava agindo dessa forma? Por que me tratava feito um objeto descartável, sem valor? E ai eu juro, foi como se eu sentisse Deus me tocar e de repente, um filme passou em minha cabeça.

Eu sabia exatamente o que eu queria e estava fazendo tudo errado, estava me afastando cada vez mais daquilo que eu realmente queria porque agia com afobação, desespero. Foi como se Deus conversasse comigo: o que o seu coração quer de verdade? Se é o fulano que você tanto quer, por que você aceita que outros homens te tratem mal, pisem em você? Por que você faz tanto para agradá-los quando eles não se importam nem um pouco? Você deveria se preocupar em agradar o seu próprio coração para que pessoas de bem enxerguem a sua luz. Se é o fulano que você quer, então guarde seu coração e pare de despedaçá-lo com pessoas que nada te oferecem, que só sugam. Concentre-se no que você realmente deseja e se acalme.

Tenho uma fé inabalável em Deus e Ele é tudo de mais precioso para mim. Sei o quanto Ele quer me ver feliz, mas sei que eu mesma me saboto e abro portas para quebrar a cara tudo porque eu ficava à mercê de qualquer fulaninho que pudesse me dar uma migalhinha para eu acalmar meu coração. E ai, eis que sábado eu tive que passar por uma situação difícil e foi o primeiro passo que dei para essa nova temporada – e não foi nada fácil agir.

Eu estava ficando com um rapaz, nada demais. Resolvi perguntar a ele: não fosse por uma situação X, você ficaria comigo em público? A reposta dele foi: “não, porque se eu ficar com você na frente das pessoas, acharão que estou me envolvendo e eu quero pegar mulher, tenho que parecer disponível” – algo bem assim. Eu achei aquilo o maior desaforo, mas sabe o que a Paula de um dia atrás teria feito? Engolido o sapo e aceitado porque, afinal, melhor a migalha do que nada. O que a nova Paula fez? Mandou ele passear pra longe dela.

Foi tão difícil. Titubeei várias vezes antes de responder. Será que é isso mesmo? Será que depois não vou me arrepender? E de repente me lembrei de meu momento com Deus. É um cara babaca que eu quero? Vou aceitar isso de um cara que é inferior a mim em vários sentidos? Vou me submeter a essa situação ridícula? NÃO! Eu decidi me amar, me colocar em primeiro lugar. Sabe o tal do amor próprio? Pois é, ele apareceu. Acho que pela primeira vez em 29 anos!

Encerrei uma temporada de minha vida, como se fosse um seriado. Comecei uma nova. Por enquanto resolvi me fechar completamente e deixar meu coração curar. Eu gosto demais do moço X e hoje é ele que eu queria ter ao meu lado. Fechei meu coração, guardei numa caixinha e coloquei em uma estante. Entreguei pra Deus com um pedido: é ele que eu quero e vou me guardar pra ele por um tempo – pelo tempo que puder – porque se um dia ele passar em frente à estante, quero que ele veja um coração bonito, sadio, sem feridas, sem um monte de medos e inseguranças. Eu acho que ele vale tanto a pena, sabe? Pode ser que um dia eu mude, que isso passe…a gente nunca sabe o dia de amanhã, mas se hoje quero ele, por que vou me entregar a outro, que me trata feito um objeto descartável?

Quero focar mais no trabalho, ser mais otimista, cuidar da minha saúde, mudar a forma de viver a vida…cantar mais, ler mais, rir mais, ser minha amiga, minha companheira. Pretendo entrar em uma rotina saudável e gostosa, que gere prazer no espírito e leveza no coração. Não quero mais levar a vida de forma tão dura, tão sofrida. Não preciso que outro homem me diga que eu tenho valor e não preciso me relacionar com caras que me tratam mal. Fiquei sozinha e feliz por tantos anos, por que não fazer isso novamente?

E você moço…às vezes você me lê aqui. Talvez você me leia sempre e eu nem saiba porque só às vezes você conta que me leu. Eu gosto mesmo de você. Gosto de verdade. Gosto tanto que estou sempre em conflito por causa desse sentimento. Você é tão importante e tão valioso pra mim que consigo me ver sentada na cama, comendo porcaria com você, falando sobre coisas aleatórias e te dando pito porque você acabou com o chocolate e nem guardou um quadradinho pra mim. Porque como diz Chico, você é “o meu amor, que tem um jeito manso que é só seu”…e hoje eu quero você. Quero mesmo, quero de verdade, quero com todo o desejo mais verdadeiro do meu coração.

Talvez um dia a gente tenha uma história linda pra contar, dessas que deixa todo mundo abobalhado. Talvez não…não dá para saber, mas quero acreditar que o melhor acontecerá para mim e para você e, enquanto isso, eu tô sentadinha, em uma estante, me recuperando, me entendendo, me amando para que, quem sabe um dia, você também possa me amar.

Beijos,

Paula

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