Antes de mais nada, perdoem o palavrão no título do texto, mas eu não poderia pensar em uma frase atual que melhor representasse tudo o que irei descrever nestas linhas. Esta semana fui com minhas grandes amigas assistir ao filme “Como ser solteira”, com as atrizes Rebel Wilson e Dakota Johnson. Eu estava hiper empolgada porque adoro essas comédias de “mulherzinha” – como muita gente insiste em rotular -, mas especialmente porque Rebel estava nele e, pelo o que eu havia visto no trailer, pela primeira vez na vida seria um longa com uma gorda empoderada.

Como ser solteira

como ser solteira 1 - grandes mulheres

Dakota Johnson é a mocinha protagonista do filme 50 tons de cinza e Rebel Wilson é uma comediante que vem encantando a todos com seu talento e carisma e que tem aparecido em diversos filmes: os mais recentes são Pitch Perfect 1 e 2. Eu acompanho o trabalho de Rebel há algum tempo e amo, absolutamente amo seu posicionamento como mulher e sua forma de pensar. Sabe quando você sente admiração por uma pessoa e ela te representa? É assim que eu me sinto vendo algo dela, lendo uma entrevista dela. Rebel é aquela mulher que transmite a você que ela pode e vai se sair bem de qualquer situação: ela sabe fazer piada dela mesma, sabe ser séria quando precisa, sabe dar banana para os haters e sabe ser linda e feliz em seu próprio corpo. Tudo isso me fez ir ao cinema com boas expectativas.

Para muitas pessoas “Como ser solteira” talvez seja apenas mais um filme água com açúcar, mas para mim ele foi crucial, um divisor de águas na história cinematográfica, um verdadeiro merecedor de alguma categoria do Oscar que ainda não existe… Algo como “Mulheres que empoderam”. Sabe por quê? Vou escrever isso já sentindo o arrepio correr pelo meu corpo. Preste atenção: foi a primeira vez que vi um filme retratar uma mulher gorda como a pegadora, a rica, a bem resolvida, a que sabia todos os paranauês, a que não fazia drama, a que não aparecia comendo feito uma porca, a que não tinha uma vida cujas lamentações giravam em torno da aparência dela e, mais importante do que tudo: em nenhum momento, absolutamente nenhum momento, o filme fala de Robin (personagem de Rebel) como “a gorda da história”. No filme ela é apenas uma mulher qualquer. Não existe uma fala sequer que aponte que ela é gorda. Não houve rótulo e muito menos uma mulher que se encaixou no estereótipo de gorda que a sociedade normalmente associa com nossas figuras rechonchudas. Era isso o que eu queria que Walcyr Carrasco entendesse na época em que critiquei tanto a personagem Perséfone na novela Amor à Vida. Se ela fosse uma Robin da vida, nossa… A sociedade brasileira teria levado um chacoalhão e tanto, mas não, é sempre mais fácil usar a gorda com o bom e velho rótulo clichê de comilona, perdedora e encalhada. Criatividade e benfeitoria pra sociedade pra que, né Walcyr?

como ser solteira 2 - grandes mulheresTenho certeza que as mulheres gordas que forem ao cinema sairão de lá com a alma lavada por muitos motivos e cada uma vai sentir o filme de uma forma diferente. Além de ter todo esse lance sobre a personagem gorda ser a mulher empoderada que ajuda a amiga linda a viver a solteirice e superar seus limites, o filme traz muitas reflexões sobre esse anseio de buscarmos por alguém, de acharmos que precisamos estar em um relacionamento para sermos felizes. Eu saí do cinema muito mexida com muita coisa e a melhor parte foi sentar com as amigas depois e ficar falando sobre o filme, fazendo um paralelo com nossas vidas e as personagens. De verdade, chame suas amigas mais especiais para ver “Como ser solteira” contigo e reserve um tempinho para jogar conversa fora depois. Não vou ficar falando muito sobre o filme para não estragar o momento de vocês, mas eu garanto que será um refresco para a alma e para o coração.

Se eu tivesse acesso aos criadores do filme, gostaria de dar a eles o meu mais sincero muito obrigada por terem criado uma personagem gorda que quebra qualquer paradigma e estereótipo porque é isso que nós somos: apenas mulheres. O fato de carregarmos gordura extra em nossos corpos não muda o fato de que somos uma mulher como qualquer outra e que podemos ser mais pegadoras ou bem sucedidas do que uma magra, por exemplo. Não deveriam existir comparativos, pois cada pessoa é diferente e o que é belo varia de uma pessoa para outra, então, pra que rotular?

Eu espero que este tenha sido apenas o primeiro de muitos filmes com uma gorda sendo rainha da porra toda. Pronto, falei! <3

Comentários

Recomendados

8 comments

Responder

Fiquei super afim de ver esse filme!!!
Seu texto é maravilhoso!!!
Agora é torcer por mais gordas empoderadas nas telas mundo à fora!!!
Bjs

Responder

Celle, eu espero que seja só o início. Foi muito maravilhoso ver o filme e perceber que ela é apenas uma mulher maravilhosa, como qualquer outra, sem receber nenhum rótulo.
Depois me conte o que achou!
Beijão

Responder

Bacana Paula!!! Eu já queria assistir, depois desse seu texto vou com certeza! Sabendo que não a crucificarão pela sua forma física, aliás é bom saber que isso nem é citado! Bj

Responder

Vá, Vivi! Esse filme é um verdadeiro refrigério para a alma!
Depois me conte o que achou <3
Beijão

Responder

Assisti, amei e concordo com seu texto. Não sou gorda e achei que a representação de todas as mulheres do filme foi muito boa (inclusive escrevi sobre ele pro meu site: http://www.cinemaemuitomais.com/como-ser-solteira/ ).

As personagens são bem reais, interessantes, com nuances e acho que saí do cinema mais leve e com mais consciência de que julgar alguém não te faz melhor. A amiga tá desesperada por um homi? Ok, bom pra ela.
A outra terminou um relacionamento e agora caiu na gandaia? Bom tbm

Somos todas diferentes e isso é o que faz a vida ser tão legal 😀

Responder

Tambem to doida pra ver esse filme.. Gostei da sua critica, e fico feliz que tenham feito um filme assim porque simplesmente nunca me identifiquei com o estereotipo que fazem de gordas. Posso me sentir uma privilegiada pq nunca sofri bulling e sempre tive muuuitas amigas, desde sempre. Amigas magras, cada uma com sua qualidade e defeito. Assim como eu.. E todas sempre me trataram de igual pra igual. Viajamos, saimos pra balada SEMPRE e NUNCA me senti diminuida. Acho que o segredo é esse, nunca se colocar uma condição diferente. Somos todos seres humanos. Gordura é apenas uma caracteristica. E eu nunca deixei que isso afetasse minha vida. Não coloco a condição de eu ser solteira em ser gorda pq minhas amigas magras tambem estão solteiras. Somos mulheres. Ponto. Não me vitimizo e por isso acho que minha vida é leve. E enquanto o amor não chega, vou me divertindo por ai. E te falar que não ta ruim não! bj!

Responder

Amei o texto, Paula!
muito bom poder ver um filme e se identificar (de maneira positiva, lógico!). Gosto muito do gênero “água com açúcar” ou como eu costumo falar “filminho de Sessão da tarde” huahua… olha q exemplos desses filmes que levantem a moral de nós gordas são raros! Aff…
Mas o triste é q eu gosto… kkkk pergunta quantas vezes vi “Nunca fui beijada”… ain que vergonha

Responder

Também amoooooo esses filmes! São tudo de bom pras sonhadoras…rs

Deixe um comentário

Seu email não será publicado. Required fields are marked *