O amor e a vida de amanhã

Esta semana assisti ao filme “Meia-noite em Paris!”. A reflexão do filme me caiu como uma luva: por que achamos que se vivêssemos em outra década ou lugar, tudo seria diferente e seríamos felizes? Às vezes sinto que vivo em função do futuro, pois meu presente está tão chato que fantasiar é a válvula de escape que me resta. O passado já foi mesmo, o presente é isso aqui, mas as incertezas do futuro – ah, essas sim são atraentes! ERRADO! Se não arranjarmos um jeito de sermos felizes agora, o passado será uma lamúria e o futuro não terá uma base bacana para se estruturar. Já parou pra pensar que o futuro será o presente?

Todo mundo vive em função de esperar a sexta-feira. Basta dar uma olhada no Facebook ou no Twitter. E eu? Eu vivo em função de encontrar alguém que me ame, que deixe minha vida menos vazia, que compartilhe comigo os sorrisos e as lágrimas, que me faça sonhar com o presente. Mas minha amiga, eu estou errada, totalmente errada. Poderia me enganar dizendo que não projeto minha felicidade em cima de um homem, mas sou cara-de-pau o suficiente para admitir, aqui para você, que sou uma pobre mortal que SIM, ainda não conseguiu evoluir a este ponto.

Desde criança sempre sonhei muito com um amor verdadeiro, como aqueles dos filmes e dos contos de fadas. Hoje, parando para pensar, acho que nenhum homem já se apaixonou por mim e muito menos me amou. No máximo me acharam engraçadinha ou interessante por um período muito curto de tempo e ai vou entrar naquela questãozinha que muitas de vocês provavelmente têm em comum comigo: o fator aparência. Mas Paula, o que uma coisa tem a ver com a outra?

Por muitos anos pensei que minha aparência seria um fator que afastaria os homens de mim. Por que escolheriam namorar a gordinha se há tantas mulheres se oferecendo por ai? Desenvolvi um outro mecanismo, que me acompanha desde a infância: o de agradar. Acabei sendo aquela mulher boba, que sempre moveu mundos e fundos para agradar a todos porque assim, quem sabe, me dariam valor, enxergariam que há algo de bom em mim e me amariam. A verdade, amigas, é que hoje ninguém dá valor a mais nada. Ninguém quer saber nem de ser agradado. As pessoas só querem aquilo que é interessante ou benéfico a elas e, por mais que você esteja tentando agradar alguém, se não é você o foco, seu agrado não fará a MENOR diferença.

No dia em que eu descobrir a fórmula para mudar isso, juro que conto para vocês. Juro mesmo. Estou em uma fase super conflitante porque levei uma outra rasteira, mas desta vez de uma pessoa que eu jurava que nunca me magoaria. Acho que, por isso, está doendo muito mais. A sensação de ser absolutamente descartável, de assistir os dias passarem e a pessoa sequer vir conversar com você para esclarecer algo que ela jura ter sido um infortúnio só me faz acreditar que, realmente, a palavra “descartável” é a que mais se encaixa nesta situação.

Quis dividir isso com vocês porque não quero que ninguém sinta o que tenho sentido nesses últimos dias. Para quem é sozinha como eu, temos que buscar a felicidade dentro de nós e parar de achar que um amor é que mudará nossas vidas. Quando projetamos coisas nas pessoas, só nos frustramos mais e mais. Precisamos esquecer do amor. Infelizmente ele não acontece para todo mundo. Parece pessimista, mas não é. Se ninguém me amar, quer dizer que passarei o resto de minha vida sendo infeliz? Não posso! Preciso desconstruir essa ideia de que ter um homem em minha vida me fará mais especial. Tenho meus ideais, meu trabalho com vocês, meus sonhos de cooperar pra mudar alguma coisa nessa sociedade maluca e não posso deixar que a ideia de não ter um homem faça de mim uma pessoa menos realizada, menos feliz.  Se o amor um dia vier, ai sim, ele veio, aconteceu…será algo a mais em minha vida.

Estou dizendo essas coisas porque já escrevi vários textos e já li muitos desabafos de vocês e sei que há muitas leitoras que passam pelos mesmos dilemas que eu. Este texto não é uma coisa linda de se ler, nem super inspirado, nem daqueles que provavelmente irão lhe fazer chorar e tocar seu coração. Ele é mais um chacoalhão para que a gente cresça e enxergue que essa coisa dos filmes e dos contos de fadas não acontecem assim, do nada, e nem pra todo mundo. Não é justo ficarmos sendo ludibriadas pela mídia. Não estou dizendo para não acreditarmos no amor. Estou dizendo que temos que aprender a nos preservarmos e não é porque somos gordinhas que vamos sair por ai, fazendo mil coisas para agradar gente que não merece nosso amor, nossa atenção.

Os tempos são outros. As coisas estão difíceis e os relacionamentos cada vez mais efêmeros. Bauman falou sobre o amor líquido. Eu já expandi a categoria para solúvel, insípido e etc. Estou tão machucada e me sentindo tão idiota por tentar agradar, mais uma vez, uma pessoa que hoje está demonstrando que os meus esforços e o meu agrado não fizeram a menor diferença. Mais uma figurinha para colar no meu álbum de frustrações.

Amigas, eu precisava escrever, eu precisava dizer para vocês que nem tudo nesta vida é azul e que a gente tem mesmo que parar com essa coisa de achar que por sermos fofas no exterior, temos que ser ainda mais fofas no interior para que alguém nos ame. O amor de verdade vem ao observar os defeitos, ao conviver e ao admirar as gentilezas que ocorrem no cotidiano e que foram feitas sem um ato premeditado com a intenção de agradar. Você as fez porque aquilo é parte de você, porque não havia uma intenção e alguém te notou, alguém se sentiu tocado por isso e te enxergou com outros olhos. Mais do que escrever para vocês, escrevo para mim mesma: o único amor que verdadeiramente precisamos é aquele que vem de nós mesmas!

Um beijo e aguardo os pitacos de vocês!

Paula

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