A mulher vem lutando para conquistar o seu espaço no mercado há muito tempo, e desde a década de 90, parece que finalmente a forma feminina consolidou-se no disputado mercado. Mas há ainda pendências, como o preconceito nos meios ditos “masculinos” e a diferença salarial entre homens e mulheres. E para entender melhor toda a trajetória feminina neste campo, é preciso passear um pouco pela história.

Diferente do que muita gente pensa, a desigualdade entre o homem e a mulher nunca foi econômica ou intelectual, e sim, social. No Brasil, a cultura machista sempre predominou.  Por exemplo, a velha tradição (ainda hoje existente) de incorporar o sobrenome do marido ao da esposa. O hábito vem da época em que a mulher era considerada um “peso morto” na sociedade, e, para ter visibilidade, devia constar explicitamente que era casada.

Outro claro exemplo foi o advento do american way of life, popular estilo de vida dos anos 50. A mulher cumpria com maestria o papel de Amélia, cozinhando, cuidando da casa e dos filhos, enquanto o marido saía para trabalhar. Com a consolidação do sistema capitalista pós-guerra fria, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Mas será que estas leis que estabelecem igualdade entre salários e cargos entre homens e mulheres realmente são suficientes?

Preconceito

A estudante de engenharia Sheyla Rodrigues da Costa realiza estágio em uma empresa automobilística, onde 95% dos funcionários são homens. Sheyla  conta que no começo ela realmente se sentiu inferior aos seus colegas de trabalho. Os serviços delegados a ela eram mais fáceis, e por ser mulher, ela era muito assediada. “Era ruim porque eu sempre ouvia as velhas piadinhas de clichês machistas, sem falar que sempre que eu passava no corredor eles mexiam comigo, e isso é ruim, porque eu me sentia apenas um objeto, mas era uma funcionária igual a eles”, conta a estudante.

E não menos gratificante, mas pouco valorizado e reconhecido, há ainda o trabalho doméstico. Isso mesmo. Ou você acha que a mulher que cozinha, lava roupa, passa, educa os filhos, administra o dinheiro do lar e cuida do marido faz pouca coisa? Os serviços realizados pela dona-de-casa contribuem significativamente para a renda familiar. Quanto iria gastar se fosse contratar uma faxineira, passadeira, lavadeira e babá? E imagine então, a mulher que faz isso tudo e ainda trabalha fora de casa? Será que um homem teria essa mesma eficiência?

Talvez não, e isso não é apenas uma máxima feminista. É baseado em estudos sócio-psicológicos. Pelos atributos naturais da mulher, destaca-se no campo de trabalho por ter mais destreza e “jogo de cintura” para lidar com situações difíceis. Sem falar na organização, mais comum entre as mulheres do que aos homens.

No entanto (e infelizmente) o preconceito ainda existe, e pode ser percebido em detalhes que até escapam à nossa percepção, de tanto que já se tornaram comuns. Exemplos também não faltam: no trânsito, quando uma mulher comete algum erro de direção, é quase automático ouvir alguém soltando um: “Vai pilotar um fogão dona Maria.” Isso sem falar nos velhos clichês machistas que permeiam mesas de boteco e reuniões familiares.

E além disso, a mulher ainda tem outro desafio no mercado de: a igualdade salarial. A maior taxa de emprego para as mulheres ainda é no setor de serviços. O artigo 7 da Constituição Federal diz que é proibido “a diferença de salários, de exercícios de funções e critérios de admissão por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil.” Dessa forma, está previsto em lei que o julgamento no trabalho só aconteça perante a capacidade de cada um, independente de ser mulher ou homem.

Leia também: Mulheres de Negócio

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