Dias atrás uma leitora querida sugeriu que eu escrevesse sobre a vida nova pós-mudança e minhas percepções sobre Salvador. Como estou passando por um grande sufoco neste momento e há coisas acontecendo, achei que este seria o momento perfeito para escrever este editorial.
Agora já faz um mês que estou morando em Salvador. Saber que o mar está perto de mim dá um certo conforto e, embora seja inverno, são poucos os dias cinzentos. Frio nunca senti, embora já tenha encontrado gente de sobretudo e cachecol na rua com uma temperatura de 25°C e chuva. É, baianos têm essa frustração de não ter inverno de verdade e aí quando chove e cai um tiquinho a temperatura, você encontra gente “encapotada” andando por aí. Para mim, que estou acostumada com o frio de verdade, é bem bizarro ver esse tipo de cena, mas os soteropolitanos dizem que é normal ver essas esquisitices na rua.
Embora Salvador seja uma capital, todo mundo aqui reclama da falta de opção de coisas para fazer em relação à diversão. O pessoal acha que falta opções de barzinhos, casas noturnas e essas coisas. Eu nem posso opinar porque não sou baladeira e ainda nem saí de casa pra fazer nada mais boêmio, então ainda não tenho opinião formada, mas essa reclamação é bem geral. Uma amiga reclama que não sabe onde as pessoas solteiras daqui vão, então diz que paquerar tá difícil!
Na semana passada tive um problema de saúde que acabou gerando mais transtornos do que eu poderia imaginar. Estar sozinha é bem complicado, especialmente em uma cidade nova. Fui sozinha para a emergência na quinta-feira de madrugada porque não queria perturbar ninguém, mas contei com a ajuda de uma amiga que gentilmente cozinhou pra mim quando eu não tinha forças. No sábado tive uma recaída forte e passei muito mal, mas desta vez precisei pedir socorro às pressas para uma pessoa que eu ainda nem conhecia pessoalmente, mas que cuidou de mim com toda a atenção e carinho do mundo.
Tudo isso me fez pensar que, é claro, se eu estivesse em São Paulo, eu teria a Alyce para cuidar de mim e, na pior das hipóteses, poderia ter ido para a minha cidade natal, Bauru, ficar na casa de minha mãe, mas aqui não tenho muitas opções. Precisei aprender a pedir ajuda para pessoas que ainda nem conhecia e precisei aceitar que eu necessitava de cuidados – porque sim, sou daquele tipo de gente que faz o que for preciso pra não atrapalhar ninguém, mas eu tive que aprender a ceder.
Uma das coisas mais lindas que aconteceu foi que, quando eu estava bem debilitada e sem conseguir fazer praticamente nada de tanta fraqueza, uma leitora do blog se ofereceu e veio até a minha casa trazer sopa pra mim. Vocês nem imaginam o quanto isso significou pra mim. Fiquei extremamente tocada e feliz por saber que ainda existe gente de bom coração no mundo. Posso ser meio radical dizendo isso e acredito que muita gente vá discordar, mas em São Paulo era a coisa mais rara do mundo encontrar alguém que estivesse disposto a largar tudo pra me ajudar quando precisei. Sempre comentei do egocentrismo de lá e senti isso na pele diversas vezes, especialmente quando minha casa inundou e só Alyce me ajudou.
O povo baiano é muito mais afetuoso, tem um jeitão mais família, sabe? Aqui as pessoas conversam mais, olham na sua cara, se interessam…há uma grande diferença. Me sinto bem aqui, apesar de estar longe da minha família. Sinto falta de algumas facilidades e serviços que encontrava em São Paulo, mas é a vida…não se pode ter tudo, não é mesmo? Ah, outra coisa que vou comentar rapidamente é que, sim, os baianos – os homens – têm algo a mais, se é que vocês me entendem. Só o jeito deles falarem me tira completamente do chão. Eu acho o sotaque baiano o mais lindo e sexy de todo o Brasil e minha filha, o dia em que você ouvir um falando daquele jeito manso no seu ouvido, vixe!
Mudar pra cá foi uma das maiores decisões que já tomei na vida e em um mês muita coisa já aconteceu. Considero que esta mudança está sendo um grande processo de aprendizado e autoconhecimento, pois estou enfrentando várias coisas diferentes ao mesmo tempo, mas me sinto feliz. Acho que terei boas oportunidades de crescer, de me descobrir e, principalmente, de ser cada vez mais feliz e melhor!
6 comments
Laly Oliveira
Vivo procurando blogs que falem de moda plus size e eis que me deparo com o seu. Amei!! Ainda mais porque a senhorita está aqui na minha terrinha. Seja bem vinda, viu?
Beijos!!
Dani Vidal
Aeee!! Bem vinda!!
Gostei muito de te conhecer naquele Web Hour viu, saiba que aqui esse povo blogueiro é tudo farinha do mesmo saco, se junta que ninguém mais separa! Espero que você se sinta assim, acolhida, e qualquer coisa é só chamar.
Bjo grande
Paula Bastos
Obrigada, Dani!!
Eu também adorei te conhecer e espero que possamos sair juntas muitas outras vezes! <3
Um bjão
Alaine
Paula, eu admiro muito o equilíbrio e a sobriedade de seus textos. Especialmente quando fala de auto-estima, pessoas reais, etc.
Fico feliz por ter nos escolhido, nós baianos, como seus futuros novos amigos, futuros familiares (família está longe de ser só “parente”! Rs rs) . Muito importante alguém já ter cuidado de você! Tenha certeza que, por aqui, você só fica sozinha se for o seu momento de ficar sozinha, se quiser estar sozinha. Nunca será sozinha… Nem que a presença seja marcada por uma mensagem. Beijo!
Paula Bastos
Ai Aliane, que coisa linda você escreveu! Fiquei tocada! Eu adoro a Bahia, adoro o povo baiano e tenho certeza que serei muito feliz! Obrigada por todo o carinho <3
nem
Discordo sobre os homens baianos. Ainda bem, porém, que alguém que mora aqui gosta.