Por Maria Helena Vilela

O sexo é uma necessidade vital da espécie humana e de todos os animais que possuem a reprodução sexuada. Se um indivíduo não fizer sexo, ele não morre. Entretanto, se a humanidade perder o gosto pelas atividades sexuais, a nossa espécie morre. A relação sexual é a única forma natural de se conseguir que a gravidez aconteça. E isto faz desta função essencial, diferente de todas as outras. Enquanto cada pessoa é capaz de assumir suas necessidades no que diz respeito à respiração, nutrição, locomoção, crescimento, higiene, a reprodução sexuada exige que haja a cooperação dos dois parceiros de sexos diferentes. Por isso temos que ser capazes de atrair, conquistar e estimular sexualmente um ao outro.

Os humanos não fazem mais sexo, apenas, conforme a natureza manda, mas também de acordo com os sentimentos, emoções e valores que cada um adquiriu durante sua vida, em função da história da sexualidade.

Nos anos 80, mais um fato acontece no mundo chacoalhando os conceitos, os valores e as condições de vulnerabilidade que o comportamento sexual das pessoas podiam colocá-las com o surgimento da Aids.

Neste momento, diante de uma doença que podia ser transmitida sexualmente e que estava matando milhares de pessoas, os governos se mobilizaram para o combate à Aids. O diálogo sobre sexualidade tornou-se uma necessidade e um novo olhar para a educação sexual foi exigido. Assim a orientação sexual passou a ser preconizada não só pelos profissionais da área da saúde, mas também pela área da educação, pois esta ação tem se mostrado cada vez mais eficazes na prevenção não só em relação às DST/Aids, mas também para atender a necessidade de diminuir o índice de gravidez não planejada na adolescência.

Nesta década, a abordagem da orientação sexual evolui bastante, e passa a ser trabalhada não como um mecanismo de controle, mas principalmente, como um instrumento de percepção de que o sexo é inerente a vida do ser humano e que a sexualidade não é um aspecto isolado da personalidade.

A sexualidade é muito mais do que a genitalidade, ela é também uma questão de cidadania, pois envolve valores, crenças e atitudes que diz respeito ao ser humano como um todo – social, político, educacional, religioso, biológico, psicológico e a sua história.

A sexualidade é a expressão de como cada um entende e interpreta seus direitos e deveres para consigo e com o grupo social a qual pertence, em relação a sua condição de gênero, a sua função reprodutiva, a sua disposição sexual e a sua capacidade de se relacionar afetivo e sexualmente com uma outra pessoa.

Maria Helena Vilela é educadora sexual e diretora do Instituto Kaplan- www.kaplan.org.br

 

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