Você já deve ter ouvido falar da dieta do tipo sanguíneo em algum ponto de sua vida. Essa eu nunca experimentei, mas confesso que já tive curiosidade. Dizem que cada tipo de sangue processa os alimentos de forma diferente e o que é bom para um, pode ser péssimo para outro.

Para entender um pouquinho melhor como funciona esse processo, a Drª. Emília Pinheiro, terapeuta ortomolecular e especialista neste tipo de dieta, explica que a influência do seu tipo sanguíneo é decisiva em todas as etapas do processo digestivo, desde o momento que suas narinas captam o aroma da comida, à assimilação final dos nutrientes, até à eliminação dos resíduos produzidos.

De acordo com a especialista, tanto a saliva, como o estômago, mucinas, fígado e intestino delgado e grosso, todos eles, são impregnados de antígenos dos tipos sanguíneos, influenciando, dessa forma, todo o comportamento do sistema digestório. “Ao longo desse delicado trajeto, quando passamos a nos alimentar de acordo com nossa individualidade biológica, passa a existir uma maior proteção contra a invasão de bactérias e sensibilidades alimentares, melhor filtragem de nutrientes e detritos corporais, maior interação de nutrientes e enzimas que agem no domínio da absorção e, finalmente, uma ação mais benéfica sobre a flora intestinal”, conta.

Veja algumas dicas do que comer segundo a especialista:

Tipo “O”: é mais afetado, entre outros, pelo Refluxo Gastroesofágico (RGE), Úlceras e Doença de Crohn.

O RGE, ou azia crônica pode surgir de diversas causas, inclusive hérnia de hiato. Toda vez que um indivíduo deste tipo sanguineo se desvia de sua alimentação, sobrevém um desequilíbrio na acidez estomacal, e o ácido retorna pela abertura que liga o esôfago ao estômago.

Alimentos como café, muito chocolate e chá preto, tendem a desenvolver o refluxo. Uma maneira eficaz de diminuir o sintoma, que tem produzido excelentes resultados é o uso de gengibre fresco, uma colher de chá do suco, tomado várias vezes ao dia.

As úlceras se constituem num problema deveras incômodo, pois, além da intensa dor, fazem-se acompanhar normalmente, por náusea, vômito e perda de apetite. A bactéria H.Pilory parece ser responsável, segundo pesquisas efetuadas, só nos últimos 20 anos, pela maior parte de úlceras e, este tipo sanguineo, está se chegando à conclusão, parece ter sua maior incidência. A terapeuta recomenda o cravo-da-índia, entre outras substâncias, para curar a mucosa gástrica, já que é rico em eugenol, antiinflamatório e composto natural antiúlcera.

Na Doença de Crohn, caracterizada por grave inflamação intestinal, devem ser evitadas todas as lectinas ligadas por aminoaçúcares. As mais graves são encontradas no germe de trigo.

 

Tipo “A”: as doenças digestivas específicas são o Esôfago de Barret e Doenças do Fígado e da Vesícula.

O Esôfago de Barret, uma condição pré-cancerígena bastante preocupante, evolui normalmente, a partir do Refluxo Gastroesofágico. Ainda que indivíduos do Tipo “O” como foi mencionado, sejam mais suscetíveis ao RGE, os do grupo sanguineo “A”, quando adquirem este tipo de lesão, ela torna-se bem mais agressiva e, por isso, o risco de morte é muito alto. Estes, ao adotar a dieta específica ao seu sangue normalmente, já nos primeiros quinze dias, percebem uma melhor deglutição e redução da azia e dor estomacal.

É recomendado o chá verde (camellia sinensis) ( 3 xícaras por dia),  devido ao fato de seus polifenóis apresentarem forte ação no bloqueio das mutações pré-cancerígenas quimicamente induzidas, especialmente no esôfago e estômago.

Já para escapar das doenças do Fígado e Vesícula é importante, a este grupo sanguineo, acima de tudo, manter o peso sob controle.

Segundo pesquisas clínicas direcionadas, eles são mais suscetíveis à produção de cálculos biliares, assim como a problemas provenientes do fígado. Os mesmos estudos apontam ainda, uma maior prevalência na cirrose do canal biliar, produzida pela ação dos radicais livres, acredita-se, que secundária aos elementos estranhos que desintoxicam o fígado. É importante, aos indivíduos deste grupo, a ingestão de muitas frutas, verduras e legumes e de 3 a 5 xícaras de chá-verde, ao dia (nunca, após as 17h).

 

Tipo “B”: Parecem ser especiais. Todas as estratégias alimentares direcionadas a este tipo específico de sangue apontam, entre outros, para a saúde digestiva.

São agraciados geneticamente, com um sistema digestório bastante maleável e resistente, sendo aptos a digerir com eficácia proteínas de origem animal ou hidratos de carbono, ao contrário dos indivíduos do Tipo “O” (que possuem altos níveis de acidez estomacal) e, os do tipo “A” (baixa acidez estomacal).

Definitivamente, eles não sofrem esse tipo de problemas, na hora de digerir certos alimentos. A chave para sua saúde digestiva está em impedir a toxicidade estomacal e, para isso, devem evitar, ao máximo, as lectinas provenientes da carne do frango, milho, tomate, amendoim, lentilha e trigo-sarraceno. Sugiro igualmente, evitar o consumo de nozes, por serem de difícil digestão.

 

Tipo “AB”: É o resultado de uma mistura bem interessante.

Sua saúde estomacal, de certa forma baixa, herança do Tipo “A” sanguineo, demandará estratégias alimentares que o ajudarão a combater os baixos níveis de acidez estomacal. Assim, é importante evitar as lectinas contidas nos alimentos incompatíveis com sua individualidade biológica, especialmente a carne de frango, tomate, milho, alguns peixes de água doce e lentilhas. Recomendo a ingestão de ervas amargas para estimular a produção de ácido gástrico.

É recomendada a suplementação de elementos probióticos, que contribuem para a saúde e o equilíbrio do trato intestinal dos quatro tipos sanguíneos.

A terapeuta conta que dois estudos recentes elaborados pelo Dr.Peter D’Adamo apontam o diabetes tipo II e a obesidade, como um desequilíbrio da flora intestinal. Segundo D’Adamo, os grupos sanguíneos são decisivos para o perfeito desempenho do aparelho digestório, inclusive influenciando o surgimento e freqüência de muitas cepas de bactérias. “Dependendo do tipo sanguineo específico, recomendo o uso de probióticos para melhorar a digestão, aumentar a biodisponibilidade, promover a desintoxicação e uma melhor absorção dos nutrientes”, conclui.

A especialista, também é autora do livro “Dieta Pelo Tipo Metabólico e Sanguíneo”, que  aponta os problemas digestivos específicos mais acentuados para cada tipo de sangue. Publicação da Editora Unicorpore.

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