Ana Maria Batista, faxineira em casa de família em Piracicaba, engordou 10 quilos após sua segunda gravidez. Sua irmã falou sobre um médico que receitava fórmulas milagrosas de emagrecimento. Louca para perder peso rapidamente, Ana não hesitou de ir ao consultório.

Foram R$ 150 de consulta, consequência de uma conversa objetiva e receita para uma fórmula de R$ 80.  “Eu fiquei com medo de tomar todos os dias seguidos porque minha irmã ficou muito depressiva depois de tomar, ficou dependente, tomou por muitos anos. Então eu tomava a fórmula um dia sim e um dia não, às vezes passava uma semana sem tomar com medo de viciar. Mesmo assim perdi 18 quilos em menos de dois meses”, conta a faxineira.

Ken Hurst/Dreamstime.comApesar de estar contente com o peso, Ana Maria lembra que sofria com os efeitos colaterais do remédio. “Ele me deixavam meio perdida, meio depressiva, muito nervosa. Queria beber água o dia todo”. Depois de um ano que parou com as pílulas, recuperou os quilos perdidos.  Para piorar, o médico da fórmula nunca pediu nenhum exame ou realizou diagnóstico.

Assim como ela, milhões de brasileiros por ano recorrem á magia das fórmulas para emagrecer. O relatório de 2008 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) informa que Brasil, Argentina e Estados Unidos abocanham juntos mais de 78% do consumo mundial de estimulantes.  E a venda desse tipo de medicamento nos últimos cinco anos aumentou em cerca de 60%.

Anfetamina

Existem muitas substâncias disponíveis, e entre elas as anfetaminas, com grande potencial de dependência.  Anfepramona, fenproporex e manzidol compõe o time que atua no sistema nervoso e reduz a sensação de fome, mas podem provocar série de efeitos colaterais e causar dependência.

Os compostos são indicados para o tratamento de pessoas obesas, com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30 ou 40, ou para quem possui problemas como hipertensão ou diabete e precisa perder peso. O problema é que a maioria das pessoas que recorrem a esses medicamentos precisa perder em torno de dez quilos. Uma pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) mostrou que 60% das pessoas que fazem uso dessas receitas apresentam IMC abaixo de 30.

Junto ao manequim menor, podem aparecer sensação de boca seca, alterações de humor, dor de cabeça, insônia, taquicardia, euforia, falta de ar, hipertensão, irritação, prisão de ventre, depressão, crises de ansiedade e pânico, como adverte o diretor do Cebrid, Elisaldo Carlini.

Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíba, desde 1998, a prescrição de fórmulas combinadas de anfetamina e outros remédios, como laxantes, diuréticos, ansiolíticos e hormônios;  é comum encontrar receitas com os compostos circulando. Muitas vezes, as fórmulas dão a falsa sensação de emagrecimento, porque a pessoa perde líquidos e não gordura. Outro risco é ficar com problema na tireóide por causa dos hormônios.

Vale a pena?

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