A sociedade é cheia de criar datas comemorativas para promover o consumo. Às vezes reclamamos desses ritos, mas acabamos nos acostumando porque faz parte das tradições da sociedade atual. Aí, um belo dia, alguém foi lá e instituiu que dia 20 de julho fosse o dia do amigo.
É, vou entrar para o clubinho do clichê, mas e eu me importo com isso? Na realidade talvez hoje seja um dia perfeito, não porque é dia do amigo, mas sim porque é mais um dia como outro qualquer de minha vida, em que eu quero destacar suas pessoas que têm feito TODA a diferença em meu existir, especialmente nos últimos meses.
Conheci essas duas, que há tempos já encho a boca para chamar de “melhores amigas”, em situações nada convencionais. Vívian conheci na igreja: a magrela, filha do pastor, que eu achava linda – mas era um pouco novinha demais para que eu me aproximasse dela. Um dia, assim, do nada, ela chegou para mim e disse: “sonhei com você. Sonhei que éramos melhores amigas e que você me contava tudo da sua vida”.
Bastou que o primeiro passo da comunicação fosse dado para que essa magrela, que hoje eu chamo de gêmea, conquistasse o meu coração pra sempre. Os pais dela não gostam de mim porque abandonei a igreja e porque me acham “moderna” demais; chegaram a proibir nossa amizade, mas isso nunca fez a menor diferença. Somos “gêmeas”, somos unha e carne e essa pequena já comprou muita briga pela grandona aqui. Como não amar? A gente sabe que, seja lá o que acontecer nessa vida, estaremos sempre juntas.
Alyce é quase um drama de filme mexicano, desses bem característicos da minha vida. Olha o rolo pra eu conhecer essa criatura: eu era apaixonadíssima por aquele cara que faleceu. Um dia peguei ele beijando outra na minha frente. Odiei a menina com todas as minhas forças e de vez em quando mandava indiretas pra ela no Twitter – quem nunca? Alyce era uma das melhores amigas dela e entrou na briga pela amiga. Aí que eu acabei ficando muito amiga da menina que o cara beijou na minha frente e, consequentemente, Alyce virou minha amiga. Louco, né?
Hoje Alyce é aquele bichinho felpudo e quentinho, com olhos doces, que eu quero colocar no meu bolso pra não descuidar, não perder de vista. Ela é a pimenta da minha vida, o drama de novela das nove que me faz pensar fora da caixinha, me faz crescer. E aí ela também se aproximou muito de Vívian, ou seja, é um triângulo da amizade…uma amizade que me molda, me ensina, me faz ser “mais gente, mais humana” a cada dia que passa. Alyce é minha “guarda-real”. Se você mexer comigo, mexeu com ela. Com uma personalidade singular, ela surgiu no meu caminho para somar e pra muitas vezes me apontar pra onde olhar quando estou me sentindo cega.
Este ano tem sido bem difícil pra mim. Tenho passado por muitas coisas que estão sendo duras, que estão moldando minha vida e meu caráter. Algumas situações são tão difíceis que você senta no chão, olha pra cima e pensa que aquilo só pode ser uma piada. O que me faz conseguir suportar todo o peso do fardo que venho carregando são essas duas, que se propuseram a dividir um pouco esse peso comigo, a me apontar o norte quando não sei para onde ir…elas são as pontas do pilar que me sustenta, apoiam a minha base.
A amizade verdadeira é um relacionamento rico em troca, em entrega, em cumplicidade. Se você não cria laços com as pessoas, se não compartilha, se não tem confiança ou segurança no outro, você não está vivendo uma experiência de amizade: você está apenas se protegendo, criando uma muralha para que ninguém chegue ao seu centro, que é onde vivem suas verdades. Mas você tem medo de quê? O ser humano precisa dessa vivência, desse compartilhamento, dessas experiências ricas em sentimentos, em crises, em partilhas. É assim que crescemos e desenvolvemos nosso caráter.
Embora outras pessoas façam parte de minha vida, sejam elas amigas ou colegas, preciso, do meu jeitinho, devolver um pouco de açúcar e afeto para esses dois pilares que Deus colocou em meu caminho. Por causa delas hoje sou alguém melhor do que fui ontem e sei que amanhã serei melhor do que hoje. Sou grata pela vida delas, pela proximidade que temos, pela cumplicidade…por poder sentar no chão e chorar de soluçar achando que nada faz sentido com um colo quentinho pra guardar minhas lágrimas. E a gente chora junto e a gente gargalha também.
A beleza da vida está em desenvolver laços com as pessoas, em partilhar com elas o melhor e o pior que há em você. Vívian e Alyce conhecem os meus dois lados e estão comigo pro que der e vier, mesmo quando quero analisar uma situação pela 33ª vez. Haja paciência e amor, mas é isso que as torna especiais. É uma amizade sem limites, sem datas, sem tempo, sem protocolos. Simplesmente somos e vamos levando cada dia de uma vez, como a vida deve ser. Por mais que o meu barco esteja enfrentando uma tempestade, ele tem força, espaço e coragem pra entrar debaixo da tempestade delas oferecendo o que ele tiver de melhor para fazer porque amizades verdadeiras são assim: enfrentam sol, chuva e desfrutam juntas dos prazeres de encontrar uma ilha para poder descansar e apreciar a beleza daquilo que está ao redor.
E pra finalizar, um clichê do meu poeta favorito: “A amizade é um amor que nunca morre.” – Mario Quintana
5 comments
Vívian
Já pode chorar? Se não puder, também… que se dane, porque eu chorei.
Eu mal consigo acreditar que aquele meu sonho, do qual nem me lembro mais, realmente se tornou realidade. Você é um presente na minha vida, Paula, e estou adorando ter também a Alyce na minha vida. Eu acolhi vocês duas no meu coração, e podem acreditar que têm vááárias hectares lá.
Te amo gêmea. A gente se entende e desentende, mas a amizade é sempre firme. E é pra sempre. <3
Alyce
O que dizer pra você?
Eu acho que esse tempo todo já tive oportunidade de dizer tanta coisa pra ti.
Coisas que você gostou, coisas que não gostou.
E me orgulho de poder ter te falado, dado bronca, ficado brava, esperado passar, porque amizade não é aquela forçação de barra que a gente vê.
Aquele monte de eu te amo de mentira, que vem de gente que sequer sabe o que se passa no seu coração.
Isso eu dispenso.
Eu prefiro dividir o lugar na sua cama, te ver chorar e chorar com você, do que gritar na hora que toca a música da lady gaga na boate.
Eu passei minha adolescência do lado de gente real, que apesar de não fazer mais sentido hoje, foram pessoas que me ensinaram noções de como ser gente.
Ser humana, ser amiga.
Compro brigas, saio na mão quantas forem necessárias.
E talvez seja a minha lealdade que tenha me levado a enfiar minha vida nos piores buracos durante 4 anos seguidos.
Mas em você sinto algo que não sinto nas outras pessoas.
Aliás, eu não sinto mais as pessoas.
Não sinto falta, não sinto vontade.
Não sinto nada.
Das poucas que restam, você é uma delas.
Uma das principais.
E eu já te disse que um dia poderei retribuir o que você fez, tem feito e sei que fará se for preciso.
A única coisa que ando desejando é que essa maré passe.
Que a gente pare de meter os pés pelas mãos, porque a realidade é uma só, ninguém quer saber.
Espero que mesmo cheia de defeitos (mas antes assumí-los que sair fingindo que sou deus, não?!) eu possa agregar ainda mais na sua vida.
Seja com meus dramas mexicanos, com as realidades que machucam ou com alguma piada idiota sobre algo que não entendi.
Você merece o mundo Paula e se eu pudesse eu te daria!
Mas enquanto eu não consigo comprar nada, eu dou meu amor e lealdade.
E claro, arrumo sua cama porque eu adoro arrumar camas!
Obrigada por existir e fazer a diferença.
Que um dia alguém multiplique pessoas como você pra ver se o mundo real deixa de ser tão bobo!
<3
Passa
Não vim chorar viu, mas dizer que o mundo precisa mais de pessoas assim =) Parabéns pela amizade de vocês <3
Tati
Oi Paula, eu li esse texto no dia que você postou, achei incrível, me identifiquei demais e não comentei porque não tive tempo na hora. Enfim, conheci seu blog através desse post e ME APAIXONEI, de verdade, loucamente. Porque eu achei que seria mais difícil alguém que veja a amizade do jeito que eu vejo, sabe? Tenho uma amiga que simplesmente virou minha vida do avesso, e me fez sentir confortável demais com isso. Amizade vem pra bagunçar mesmo. Pra deixar tudo virado, pra depois a gente poder olhar a bagunça e lembrar de tudo que aconteceu ali.
Nem
É a amizade é linda memso. Linda e rara: especialmente num lugar onde é insulto o simples fato, normal no mundo inteiro, de uma mulher ter uma banana de cabelo.