Tudo começou no domingo. Um rapaz que conheci há não tanto tempo e com quem às vezes me engraço veio em minha casa para conhecer o meu cachorrinho. Ficamos jogando conversa fora e a TV estava ligada. Ele perguntou se poderia mudar o canal para colocar no Pânico na TV, pois era idiota e às vezes rendia algumas risadas. Eu concordei e deixamos a TV sintonizada enquanto conversávamos. De repente comecei a sentir um grande constrangimento e minha vontade foi sair da sala. Meu âmago foi tomado por lembranças da infância, da adolescência e eu me senti bem mal. Por quê, você deve estar se perguntando…
Existe um quadro da Nicole Bahls e do Christian Pior em que eles vão à praia e ficam medindo e tecendo comentários sobre os corpos das mulheres, alegando que a praia é cruel e não tem Photoshop. Bem, acho que vocês já conseguem imaginar o tipo de cena que é transmitida. Ou rechaçam quem não está em forma ou ficam exaltando as “gostosas”. Os closes são absurdos e completamente sem noção. A mulher vira um objeto sexual na tela da TV. De repente, vendo o quanto eles caçoavam das pessoas que não tinham uma aparência desejável, me lembrei de todo o bullying que sofri.
Estava eu ali, a gorda, sentada ao lado de um rapaz com quem às vezes me envolvo. Magro, bonito. Sabe aquela típica situação que se ele fosse meu namorado provavelmente as pessoas falariam pelas costas algo do tipo: “mas nossa, um rapaz magro, bonito com uma gorda?” Me senti constrangida porque foi como se a TV me expusesse de uma forma degradante. A sensação que eu tinha era que a TV gritava para ele: “olha essa menina do seu lado…ela não é bonita, ela é gorda, você não deveria estar aí…as pessoas caçoam do corpo dela” porque sim, é isso que eles fazem no quadro da praia.
Nos dias seguintes vieram as cenas da novela Amor à Vida que também me fizeram lembrar de situações em que senti esse mesmo constrangimento por ser gorda. Vocês acreditam que eu era tão ferida a ponto de achar que não conseguiria tirar carta por causa do meu peso? Hoje me pergunto: qual é a relação de uma coisa com a outra? De onde tirei essa ideia absurda?, mas é isso o que acontece quando você passa a vida sendo criticada, zoada e humilhada por gente que faz questão de enfiar o dedo na sua cara pra dizer de alguma forma que você não tem valor. Essa porcaria cria raiz e cresce dentro da gente.
Vou comentar com vocês algumas das situações que mais me causam constrangimento e que realmente me fazem querer cavar um buraco e me esconder. Tenho certeza que várias de vocês também sofrem caladas com isso:
– Quando alguém pede para eu sentar no banco da frente do carro para não ficar muito apertado atrás;
– Quando tenho que sentar em uma cadeira de plástico que parece não aguentar nem uma pessoa de 50 kg;
– Quando alguém oferece 2 cadeiras de plástico pra empilhar uma na outra pra não correr o risco de quebrar;
– Quando a vendedora de uma loja me olha com falsidade ou me mede de cima embaixo já dizendo ou dando a entender com o olhar que nada lá me serve;
– Quando provo uma blusa que ficou apertada e não consigo tirá-la dentro do provador;
– Quando alguém fica medindo o meu prato e dizendo que eu não preciso ter vergonha de comer mais ou de repetir porque peguei muito pouco;
– Quando a catraca do ônibus é apertada e eu tenho que me esforçar pra passar;
– Quando vejo que um assento é estreito e que estou pegando um pedacinho do assento ao lado;
– Quando um cinto do brinquedo do parque de diversões não fecha;
– Quando o elevador está pesado e forma um degrau quando para e as pessoas começam a dizer que tem alguém ali que pesou demais e deveria ter ficado;
– Quando entro em uma loja e não encontro nada que me sirva;
– Quando, em uma entrevista de emprego, julgam mais a minha aparência do que a minha capacidade e inteligência;
– Quando vou à casa de alguém e fazem piadas sobre o sofá de dois lugares dizendo que cabem até 4 pessoas magras nele;
– Quando uma pessoa bem menor que eu insiste em dizer que aquela blusa dela me serve.
Talvez depois me venham outras situações em mente, mas todas essas que citei acima geram um grande constrangimento e chateação. Sim, já passei por todas elas e acredite: sofri com o julgamento alheio e me senti, inúmeras vezes, diminuída porque era quase como se eu fosse um incômodo para uma sociedade de pessoas “normais” onde eu era a aberração. Essas situações são delicadas e complicadas. Algumas a gente pode rebater, contornar e se impor, mas outras não são tão simples assim, como a da cadeira de plástico. O que fazer?
Percebi que depois que me aceitei e comecei a trabalhar com o blog e me assumi gorda, a relação das pessoas para comigo mudou. Hoje, mesmo que me ofereçam duas cadeiras, por exemplo, ninguém faz isso no intuito de me zoar, mas sim de impedir que de repente eu me machuque. É constrangedor? Sim, demais, mas ao menos a pessoa já sabe que sou gorda, que me assumo gorda e zoar meio que perde a graça, sabe? Hoje já consigo responder a algumas piadinhas de mau gosto, mas quando não respondo, penso que nem preciso disso porque hoje sei o meu valor, sei quem sou e fico com pena daquele ser inferior que claramente não evoluiu.
Embora esses episódios mexam com a gente no emocional e na vivência do dia a dia, a gente tem que aprender a superar. Sentir pena de si mesma ou querer que o mundo mude e você não é que não dá. Tá se sentindo mal e quer emagrecer? Você tem meu apoio. Quer ficar gorda e se assumir e ser feliz? Tem meu apoio (desde que esteja tudo bem com a sua saúde), mas se aceite mesmo, seja como for, e aprenda a contornar essas situações. Não dá pra se vitimizar: aprenda a lidar com seus medos e com o julgamento das pessoas. Elas não vivem a sua vida e não pagam as suas contas, então por que você se preocupa tanto?
O seu valor está no seu caráter, na forma como você vive sua vida, nos exemplos do seu dia a dia. Se você quebrar uma cadeira de plástico ou for convidada a se sentar no banco da frente do carro, não pense que isso faz de você um ser humano inferior. Você é quem tem as rédeas da sua vida, do seu corpo e da sua mente. Trabalhe isso dentro de você e não permita que os outros ditem como você deve se sentir. Cuide bem do seu corpo e da sua alma, pois é neles que você habita!
56 comments
Angela
Realmente as cenas de “Amor a Vida” são chocantes pra mim. Na novela é como se a pessoa gorda fosse uma aberração da natureza, é cruel.
Gostaria que você comentasse sobre a Sandrona de “Sangue Bom”.
Keith
Excelente post ! Me adequei em muitos dos casos.
Obrigada pelos ótimos textos.
Beijos <3
Clarissa
Ótimo texto como sempre! Como uma pessoa que já viu os dois lados da moeda (já fui muito magra e hj estou no sobrepeso) devo dizer que a chave é mesmo não se fazer de vítima. Assumir que é do jeito que é e ninguém tem o direito de te fazer se sentir melhor ou pior por isso.
Na adolescência sofri pq era super magra e até vassourada levei pq disseram que eu não deveria casar e procriar minha aparência. Já mais velha e com o tal complexo da magreza me entreguei à comida e sofri por ser gorda e as pessoas não acharem que era capaz pq era pesada demais. Só qdo me assumi do jeito que era que consegui sucesso na vida. Ninguém me pegou pelo braço e me forçou a ser mais forte. Eu me fiz assim. E foi quando raramente me senti feliz.
Me desculpe o desabafo, mas me senti confortável em dividir essa experiência aqui.
aline
nossa, sabe que eu nuca tinha parado pra pensar nisso tudo,não como discriminação ou pré conceito eu sou gordinha mas nunca senti, pelo menos nunca percebi que as pessoas me tratavam de forma diferente das outras pessoas, eu sempre me ameii muito e tenho minha auto estima bem elevada,talvez por isso eu nunca tenha percebido, tanto que quando eu assisto aquelas cenas, como a de ontem na novela amor a vida eu fico chocada e acho surreal, mas agora lendo isso e outros relatos pela net pude perceber que é real que as pessoas são cruéis, mas eu tenho uma tese, essas pessoas que fazem isso são fracas não tem inteligencia ou argumentos e usam a maldade e o pré conceito pra julgarem os outros,pra externarem suas futilidades são pessoas vazias de sentimento de empatia…e tantas outras coisas.
E eu acho que o mais importante é a gente se amar se não estiver feliz tentar mudar…
Fico muito feliz de ter encontrado o grandes mulheres!!!
Paula Bastos
Adorei, Aline! Fiquei feliz em saber que você gostou do blog e que você é uma pessoa bem resolvida! É isso mesmo! <3
Leila
Paula, eu gostaria , antes de mais nada, deixar clara a minha admiração pelo seu blog, e pela sua pessoa. Acho vc linda, isso mesmo, linda! Assim, como vc e! Com todas essas diferenças e ‘imperfeições’ que vc tem destacado sobre vc mesma. Mas sinto que apesar de vc dizer que se assume, que resolveu e que quer ajudar as pessoas que sofrem pelos mesmos motivos que vc já sofreu ou sofre, sinto ainda muita amargura nos seus textos e acho que vc esta sendo pouco otimista ao olhar as situações. Eu acredito nas pessoas, acredito que quando alguém oferece duas cadeiras empilhadas e por que não quer ver vc cair no chão, se tem um culpado nessa história, são os fabricantes de cadeira, que projetam cadeiras que suportam um peso inferior ao que a maioria das pessoas tem. Eu hj peso no máximo 55 jilós, sou magra e faço pouco esforço para ser magra, mas nem sempre foi assim. Minha adolescência foi neurótica, passei muita fome e viciei em laxante, hj sei que o meu problema era carência e cheguei sozinha a essa conclusão. Por isso posso falar pq conheço os dois lados. Acho q vc sabe, mas eu não encontro roupas com grande facilidade tb. Na riachuelo, c&a e outras, vc quase nunca encontra roupas 36 ou p, muito difícil…e em relação ao gatinho q foi a sua casa, vc deveria ter desligado a tv, já que isso não te faz bem, assim como eu faço quando vejo muitas coisas que tb não me deixam a vontade no programa pânico e aproveitado pra curtir o cara. Se ele e magro, ou gordo, pouco importa. Se ele esta saindo com vc e vc se considera gorda, acredito que isso não deve fazer diferença pra ele. Ah e eu tb não tenho o corpo de uma pânicas hj, mas aprendi a me amar, entender meus limites e me cuido pra que isso se mantenha, afinal o corpo e um veiculo que transporta os seres para a evolução espiritual e mental. Penso assim! Um beijo
Paula Bastos
Oi Leila!
Obrigada pelos elogios..fiquei feliz! Eu sempre comento que eu me aceito e tudo mais nos textos, mas é claro que eu tenho muitas neuras e inseguranças como qualquer outra mulher. Mesmo que eu emagrecesse um dia, certamente ainda teria insatisfações, entende? Isso é do ser humano!
Sobre o rapaz, eu não posso ficar contando detalhes nos textos…falo apenas o essencial, mas não dava para ser rude e simplesmente desligar a TV. Se fosse meu namorado, eu teria conversado e pedido pra mudar de canal, mas a situação naquele dia era bem diferente porque outros motivos.
Fico feliz que você se ame e conviva bem com o seu corpo! É isso mesmo!
Um beijo
Lully
Adorei seu texto, Paula. Mas vou compartilhar com você algumas das coisas que vc falou e que eu me identifiquei, mesmo não sendo considerada Plus Size (vc me conheceu, sabe mais ou menos como é meu corpo).
– Quando alguém pede para eu sentar no banco da frente do carro para não ficar muito apertado atrás –> Toda vez que eu entro num carro de 2 portas meu quadril não passa na hora de sair. Eu faço piada da situação, principalmente se for com algum amigo íntimo.
– Quando vejo que um assento é estreito e que estou pegando um pedacinho do assento ao lado –> isso também acontece comigo um pouco. Não me incomodo, já me acostumei às coisas serem feitas pra gente menor do que eu. No metrô de Paris os assentos são ainda mais apertados, mas ninguém parece se importar, caso tenha que encostar no passageiro ao lado.
– Quando entro em uma loja e não encontro nada que me sirva –> O pior de tudo é quando a vendedora fala “Não temos 46, mas nosso 42 é bem grande”. Filha, ou vc acha que eu sou burra e tá querendo me enganar ou que eu sou mentirosa, dizendo que visto 46 quando na verdade é 42. Quando vou procurar calças eu já sei que vou me frustrar, então tenho que ir com ZERO expectativa e num humor muito bom.
– Quando uma pessoa bem menor que eu insiste em dizer que aquela blusa dela me serve. –> mesma coisa que a loja. Minha mãe tem mania de achar que se a calça jeans ficou grande nela, é pq vai me servir. Aí ela me faz experimentar, e lógico que as duas ficamos frustradas e chateadas.
Enfim, por que eu fiz esse comentário? Pra te dizer que não é só plus size que se aborrece com isso. Tenho umas amigas que são muito magras e se vc perguntar, elas vão te dizer que ficam chateadas de não encontrar roupa que sirva e quando alguém insiste que elas experimentem uma roupa e a roupa fica grande demais.
Acho que temos que aprender a lidar melhor com essas situações, fazer piada. Mas a nossa risada só vai ser sincera quando a gente verdadeiramente se amar. Senão, é uma piada pro outros e uma mentira pra nós mesmas.
Existe preconceito com gordinhas? Existe. Mas pra mim, a melhor maneira de combatê-lo é sendo feliz. Em luz de algum comentário ofensivo, melhor rebater com amor ou com piada, e não guardando pra si e transformando em tristeza.
Você é linda e muito inspiradora! <3
Beijos!
Mari
Eu pensei o mesmo quando li o texto. Eu sou bem magra, mas já passei por muitas coisas dessas. Tem umas blusas que eles fazem de um tecido duro e super agarrado, as vezes eu saio pegando o menor numero da loja pq eu estou acostumada com tudo ficar largo, aí eu visto msm assim e não tem jeito da blusa sair. Tem um vestido q eu comprei pela internet q é uma tortura pra entrar, outra pra sair, e nem compensou pq só destaca o quão tábua de pancinha eu sou. rsrs
Eu tbm sempre encalho em roleta de onibus (mas aí pq eu constantemente estou c mochila e ainda uma bolsa enorme) e já quebrei cadeira de plastico msm pesando menos de 50kg, pq essas cadeiras de plástico são vagabundas mesmo as vezes.
Fique tranquila que todo mundo passa por algum constrangimento as vezes, e a maioria não tem nada a ver com ser gorda, magra ou o q for.
Ma
Em lágrimas aqui.
Orgulho de vc , minha linda filha pronta!
Sheila Patresi
É isso aí. .. ja sofei muito com o excesso de peso tambem. … ainda sofro hoje pois muitos ainda insistem no :nossa! Vc ta gravida? Se nao tem nada de bom pra falar q fiquem quietos…. adorei o texto !!!
Cynthia
Muitas pessoas gordas e magras precisam ler esse texto.Fiquei presa na leitura. Muito bom mesmo.
solange rocha
Exelente texto, você escreve e me vejo em todas essas situações, ontem vendo a novela das 8, chorei me lembrando o tanto de ofensas que eu ja ouvi, como as pessoas são desumanas, e o que nos fazem passar. Levo tudo numa boa, mas é claro que tem dia que tambem não estamos bem, ai fica complicado, adoro tudo que vc escreve.
Marcela Liz
Paula, dizer que seu texto é primoroso é ser redundante. Você é Maravilhosa! É uma mulher linda, sensível, corajosa e forte. É ícone plus size, é respeitada, e não só neste meio. Quero salientar: é uma mulher linda! Sobre as situações que elencou, creio que já passei por todas, mas, não sei se me tornei muito cara-de-pau ou se realmente elas nunca me incomodaram. Desarme-se! Permita-se dar vexame. Seja mais livre. E, quanto ao rapaz que quer estar com você, ele sabe o seu tamanho, sem que a televisão precise alertá-lo, e com certeza gosta de você por tudo o que você é, inclusive gorda.
Um grande beijo!
Marcela Liz
Alaíde
Paula,trago aqui meu depoimento para que as mulheres como nós, não sintam-se rejeitadas e recalcadas…aos quase 53 anos de idade, encontrei o homem de minha vida! E foi em um site de relacionamento! quando ele me conheceu, pegou na minha mão e disse que eu tinha duas coisas que ele gostava muito: carne e personalidade… que tal, amadas?
Ana Farias (Trendy Twins)
Sabe, pra mim o Pânico é um desserviço pro mundo. Foi por causa desse tipo de “humor” que de repente todo mundo virou comediantezinho de merda, do tipo que acha que zoar é graça, e que não existe humilhação nisso. Por causa desse tipo de programa existe agora esse tanto de perfil anônimo que ganha reconhecimento sacaneando quem não gosta. E ai de quem reclama! Fazer não é bullying, mas levantar a voz contra é mimimi.
Andrea
Adorei seu texto!
pzty fersilva
interesantissimo td muito verdade gostei do texto mas o importante e agente se aceitar
Gisele alaves Siqueira
Paula como sempre vc arrasando nas palavras,identificação plena com as situações citadas!
Beijo GRANDE!!! <3
Celia Regina
Adorei o seu texto: realista!!!
Sofro por ser gorda, mas estou tentando me olhar de uma maneira melhor e aceitar para ser feliz.
Abraços
ivanna
Gostei muito da materia… me identifiquei em várias das situações. . Se nao for em todas..hehe! Quero dizer que sempre fui gorda.. gosto e sou muito feliz por isso! O que me incomoda profundamente sao aqueles que tentam amenizar as palavras no intuito de não ofender e acabam sendo mais chatas ainda… pessoas que dizem: – ta forte neh? Ou ainda: -tu não eh gorda… tu em fofinha! Eu particularmente nao gosto disso… sou gorda e naotenho problemas! Aceitemos sim nossas formas.. nossas curvas… nossa gostosuraa! 🙂
Maria Faria
Paula, adorei seu texto e me identifico com muitas situações que você descreveu. E o pior é saber que agora a sociedade resolveu desprezar os obesos alegando que somos gordos porque queremos ser assim. Qualquer coisa serve como justificativa para humilhar a gente. E por bem resolvidos que sejamos, não é agradável passar pelas situações que você descreveu. Bjo.
y.
oi, Paula! Pela minha inicial você vai saber quem sou! Sou sua fã assumida e até já fui lhe cumprimentar em um bazar plus size. Tô escrevendo anonimamente porque ainda não sou bem resolvida com essas coisas e não gosto de me expor muito. Eu tomo as rédeas da minha vida, sou independente, pago minhas contas etc, etc. Mas muitas coisas ainda me assombram. Ter um “passado gordo” pesa (com o perdão do trocadilho) até hoje na forma como encaro o mundo. Parece que enfrento tudo de um modo muito realista e duro em função disso. Já tive muita pena de mim mesma, já me culpei e culpei os outros por ser gorda. Hoje, depois de muitos anos de terapia (continuo fazendo), acho que tenho uma existência mais leve, reconheço meus valores e qualidades. Mas não é nada fácil. Sempre carrego um estigma comigo. Não consigo me aceitar, acho injusto o tratamento que as pessoas dispensam a quem é diferente de uma forma geral (não apenas gordos, mas pessoas diferentes: negros, deficientes, pobres e, pasme, até muheres!). As situações que você descreveu, hoje em dia, costumo tirar de letra! Até faço piadinha do meu quadril largo e acho que, com minha mudança de comportamento, de não levar tudo tão a ferro e fogo, até as pessoas tb me tratam diferente. Eu evito ao máximo ver TV e ler comentários de portais de internet porque sei que vou me deparar com comentários depreciativos sobre as mulheres, tratando-as como objeto (sejam elas magras ou gordas), mas nesse caso você nem tinha como escapulir, né? Ah, são tantas coisas e situações que meu comentário acabou ficando super confuso….mas enfim, o negócio é ter jogo de cintura e ser forte mesmo para driblar essas situações, mesmo que, em determinados momentos, a gente se sinta frágil. Normal! O importante é nos permitirmos nos sentirmos assim, mas também saber a hora certa de sair dessa! bjs!
CHRISTIANE FERREIRA DE CASTRO BENTO
Oi, realmente não há como me identificar, tb já passei por inúmeras situações dessas, já me senti incapaz, a mais feia do lugar, volta e meia sempre comparo observando que no local onde estou, sou a mais gorda… Também a leitura de blogs especializados me ajudou a aceitar minha condição, não é fácil, mas é uma questão de sobrevivência, fiquei anos sem comprar roupas por medo de não encontrar e por raiva mesmo… Ser gordo num país tropical e que valoriza tanto a forma do corpo em detrimento ao caráter, ao coração é uma luta diária. Mas agradeço todos os blogs que me ajudam a entender que sou diferente, como todos são e nem por isso sou pior que as pessoas, meu marido tb me ajuda muito, me elogiando e incentivando a fazer tudo que quero. Continue com seu trabalho que é muito importante para nós.
Celia Regina
Gostei demais do seu texto: realista.
Sofro também, no meu dia à dia, por ser gorda.
Estou tentando me aceitar melhor, mas tá difícil.
Creio que chego lá.
Abraços
clara borges
Quer ficar gorda e se assumir e ser feliz? Tem meu apoio (desde que esteja tudo bem com a sua saúde) – o texto tava tão legal :c
sabe, tem pessoas que não ligam pra saúde, sim, não ligam, e mesmo assim elas merecem apoio e respeito viu? Ser saudável não é uma questão moral. E claro, sempre é válido lembrar que gordo não é antônimo de saudável, mas creio que isso você saiba.
GILMARA
Sem mais simplesmente amo, seus textos…você consegue passar tudo que vivo, já vivi, e sinto mas as vezes não consigo expressar, desde que conheci seu blog sinto que é como se fosse minha boca a gritar coisas que nunca tinha coragem de falar, amodorro vc d+.
Kamila
Sou gordinha. Beeeeem gordinha. E essas situações nunca me constrangeram (minha maior alegria é ir bela e folgada no banco da frente :p ). Não tenho como me esconder pq sou nitidamente maior! Qq pessoa q se refira a mim com esse tipo de comentário é óbvia.
Me acho linda, me visto como quero, vou onde gosto e como o q tenho vontade. Autoestima é o segredo pra felicidade, pois a mesma não existe sem amor próprio. E qdo vc está feliz as pessoas se aproximam e se apaixonam. Sou rodeada de pessoas maravilhosas pq sou feliz!
Nunca permitirei q a ignorância das pessoas me machuquem!
@luallessi
Eu fiquei sabendo do seu blog por um comentário no meu,num post dessa semana onde eu comecei a tocar no tema, até postei o link do seu blog no grupo “A vida nada fofa do gordo” que abri no Facebook porque pelo que espiei por aqui, creio que tem muita coisa pra compartilhar com as ‘amigas de peso’ rs
Ver televisão acompanhada de magro em muitos programas pode ser meio constrangedor que é sempre um desfile de corpos magros apertados em roupas justas ou expostos em pouca roupa, imagina então quando é programa comentando os corpos alheios… as vezes a pessoa que está do lado, já está tão acostumado com o peso extra da outra pessoa que nem presta mais atenção ao fato, mas é levado a observar de tanto que chamam atenção sobre.
Eu já passei aperto em catraca, hoje já entro pela frente avisando que não passo na catraca. Já entrei na loja, perguntei de uma peça e a vendedora respondeu ‘não temos o seu número’. OI??? por acaso eu perguntei???Ou por acaso eu disse que é pra mim? Gordo não pode dar presente???
aliás já passei pela maioria das situações que vc citou. Constrangimento é algo que peso extra causa explicitante pro gordo e indiretamente pra muitos que lidam com gordo. A começar que as pessoas parecem ter vergonha, ou acham que vão ofender, ao usar a palavra gordo… preferem sempre o gordinho, principalmente pra falar de amigo ‘ah, eu tenho amigo gordinho, mas não ligo’. Se não ligasse não entia a necessidade de tratar o peso dele com ‘fofura’. A pessoa não fala que o amigo é altinho, né? o ‘inho’ é sempre uma forma de tentar não magoar ou ofender D+ o outro rs.
Gente, pra mim, gordinho é aquela pessoa que engorda 10 quilos, passou disso, é gordo. E vejo muito gordo falando de si mesmo como ‘gordinho’, como se isso fosse mais carinhoso,como se isso o fizesse menos gordo, como se isso não o tornasse obeso.
Mas uma coisa é fato no mundo dos gordos: Sim, tem muito gordo feliz, muito gordo bem humorado, mas é muito mais fácil dizer que não está nem aí pra opinião alheia do que conseguir emagrecer … gordo costuma dizer que está feliz como é com convicção, mas numa conversa de meia hora sobre o assunto uma posição que cai por terra . Já vi muito gordo chegar todo poderoso em programa sobre o tema e no decorrer dele acabar chorando ao falar sobre o assunto.
Como diria o Shrek ‘é que a gente tem muitas camadas’ rsrs
@luallessi
Paula o link do post no meu blog que eu comentei, não precisa publicar é só pra vc dar uma espiada se tiver interesse http://pitacosdelua.blogspot.com.br/2013/10/eu-lualessi-gorda-e-nada-fofa.html
Ana Scherer
… cheguei a pensar que o preconceito estava muito exagerado na novela.. mas tô vendo que as pessoas ainda me surpreendem hehe
Fat-chismo
Nossa, me identifiquei com todas as situações e me sinto muito constrangida em todas elas! A catraca do onibus foi onde sofri o primeiro preconceito na vida, quando um cobrador me disse que eu ia entalar! e na época, eu pesava 30kg a menos que hoje e estava no alto dos meus problemáticos 13 anos! Me sinto muito constrangida quando pessoas magras estão falando sobre regime e ficam me olhando de rabo-de-olho, esperando uma reação!
Falei mais ou menos sobre isso no ultimo post no blog: http://fat-chismo.blogspot.com.br/2013/10/vamos-nos-trocar.html
beijos e to amando o blog!!!
Cíntia
Oi Paula!! Me encaixei em tudo o que você postou. Hoje mesmo passei num constrangimento onde uma amiga, posta no facebook que constatou no trem, que as mulheres estão com o peso acima do PERMITIDO e, que apoiava uma dieta já. O que seria esse peso permitido? Ao chamá-la de preconceituosa, ela simplesmente tentou desconversar e excluiu o post. No meu trabalho, já passei por constrangimento de não ter ganho uma promoção, porque segundo meu superior, eu me vestiria mal. Mas infelizmente, é complicado se vestir formalmente(trabalho num escritório), pois é muito difícil encontrar roupas acima do nº 52 e, quando acho, é muito caro e não cabe no orçamento.
É triste sofrer esses constrangimentos. Há luta contra homofobia, contra o racismo, contra intolerância religiosa… Quando teremos algo contra a humilhação constante que sofrem os obesos? Infelizmente, acho que nunca! Pois a nossa sociedade impõe os padrões de beleza e quem não faz parte desses padrões, são tratados como verdadeiras aberrações.
Ju Moraes
Conheci seu blog a pouco tempo,e foi um achado incrível. Fico feliz de ver você sendo a voz de muitas mulheres, inclusive eu, que não se encaixam nos padrões impossíveis que a mídia tenta impor.
Por todos os lados somos bombardeados de informações tentando nos convencer de que, quem não é magra não pode ser feliz nem bonita. É triste ver que algumas pessoas ainda se definem e definem as outras pelo peso e aparência.
Parabéns Paula, pelo ótimo texto e pelo blog incrível.
Andréa
A o seu texto. Me fez sentir melhor
Andréa
O seu texto foi escrito para mim, ja que sou a única gorda da família. Tenho 2 irmãs magras e sou a caçula ai doi lá no fundo da alma quando me perguntam se sou a mais velha ou se sou avó dos meus sobrinhos.
marlise moreira
adorei seu texto e também já passei a maioria desses constrangimentos também estou tentando ser feliz mais as vezes fica difícil ate pra arrumar namorado eles se preocupam com o que os outros vao falar
Nicolyta
“- Quando uma pessoa bem menor que eu insiste em dizer que aquela blusa dela me serve.” – Esse a minha mãe faz questão de fazer isso comigo ;x
Grasiele Fátima de Paula Matos
É bem assim mesmo, sou gordinha mas sou saudavel, minha saúde está ótima. Então o resto que se dane.Mas é dificil lhe dar com estas situações, te admiro por sua alta estima, parabéns.
Mariana
O seu texto me lembra varias situações que já passei, mas hoje nem me preocupo mais sou o que sou e pronto, amei seu texto continue escrevendo sobre esses assuntos eles nos ajudam a lembra e saber o quanto evoluímos com tudo que passou em nossas vidas.
Macarena
Cuando leí tu post realmente me emocionó ver que lo que he sentido en ocasiones no me pasa por ser “complicada” o “demasiado sensible” como me han catalogado.Lo triste de verme reflejada en lo que cuentas es que muchas veces la discriminación ha venido de mi propia familia o esposo.No fui gorda siempre entonces no fue fácil aceptarme,creo que aún no lo hago.
Me ha pasado ir a un dermatólogo por una uña del dedo del pie con hongo y que me sugiera adelgazar,es que a los flacos no les sale hongos en las uñas?
Odio cuando entro a una tienda buscando un regalo para mi madre,por ejemplo,delgadísima,y que la vendedora aún antes de que pregunte el talle me mire con displicencia de arriba a abajo y me diga “como para ud no hay”.
Las “piadas ” que tú relatas también las he escuchado y como tú he ido aprendiendo a responder con humor,hasta que leí que los gordos nos reímos de nosotros mismos para que no se rían antes los otros y parecer gradables.
Solamente quien es gordo,quien vive en un medio donde la belleza exterior se mide con otros parámetros sabe lo que se sufre,no encontrar talle,sentarse en el ómnibus y que no se sienten a tu lado porque los aprietas,miran el asiento y pasan de largo,etc.
Gracias por tu texto.Un abrazo virtual,
deborah
ahaha… chega a ser engraçado como me identifico com os constrangimentos que você passou!
Essas situações sempre vão acontecer e no fundinho da alma, por mais bem resolvida que a gente seja, ainda vamos sentir aquela pontada de constrangimento, por mais que seja pro nosso bem…Outro dia, uma moça me ofereceu o lugar dela pq achou q eu estava grávida. Todo mundo ouviu, não foi legal rs… Isso não abalou minha auto-estima, pq acho q independente do peso, todos passam pelos seus constrangimentos nessa vida! Eu tive que entender isso, pra não me sentir mal em situações como essa. Demorou e as vezes eu me forço a lembrar disso. É o que eu sempre digo, Deus me fez bonita, inteligente, com uma pele e sorriso perfeitos, se eu viesse magra ia ser injusto com o resto da humanidade rsrsrsrs. O que quero dizer é q todos temos defeitos e todos engolem seus sapos de vez em quando, né?
Juliana
Tenho um namorado sabe e ele não sai comigo em lugares públicos e quando sai não pega nem na minha mão pois os outros vão ver vão falar acreditam/tTrabalhamos juntos e vamos juntos mas eu vou na frente e ele atrás jamais perto de mim, pois sou gordinha ele tem vergonha de mim…..É difícil aguentar isso sofro calada mas to aprendendo a conviver com isso
?
Paula Bastos
Juliana,
Desculpa me intrometer porque você nem pediu a minha opinião, mas você tem certeza que quer continuar em um relacionamento em que ele não te assume e tem vergonha de você? Eu jamais conseguiria. Você precisa de um homem que te assuma, te valorize e te trate com amor e respeito e ao que me parece esse aí não fa nada disso. Recupere a sua autoestima e renove a sua vida…você não precisa de um cara desses do seu lado!
Um beijão
Sonayra
Nada contra os gays, mas esse cara é um! Ele gosta de homem, entendeu, manda ele andar! Se ame, eu sou gorda, e tenho umaamor que me ama, e quem diz o contrario.. não sabe de nada, e este homem, manda ele andar, por que ou ele é idiota ou é gay, ficar com um idiota ninguém merece, e Gay, bom… a não ser que ele seja o seu melhor amigo, pra te pegar não serve não!
Elisete
Não é sempre que venho aqui. Li 2 matérias neste Blog que me chamaram muito a atenção: esta e aque você gravou num vídeo falando sobre calvície feminina.
Cara! Te admiro. E muito. Precisava dizer isso.
Bjs
Paula Bastos
Oi Elisete!
Muito obrigada pelo carinho. Espero que você volte mais vezes para ler o blog!
Um beijo grande
aurea nobrega
Oi Paula, gostaria de te parabenizar belo blog incrível. Conheci a alguns dias atrás e me identifiquei com tudo que vc postou. Parabéns por ser a porta voz de muitas mulheres que assim como eu sofrem esses tipos de preconceito. Pra mim ainda é muito complicado lidar com certas situações q/ são tão constrangedoras pra nós,mas confesso q/já melhorei uns 50% do que eu era antes e seus textos tem contribuido e tanto pra que isso aconteça. Obg bjs!!! 😀
Paula Bastos
Oi Aurea! Fico muito feliz em saber que você está curtindo o blog. Espero que minhas postagens possam te ajudar cada vez mais! Conte comigo!
Um beijão
Debora
Simpliamente perfeitooooooooooo
Sonayra
Constrangedor? irritante, após o meu casamento vi duas “almigas” olhando uma foto do meu casamento no celular, e falando que meu decote tava ridiculo.. dentre outras coisas, pensei por que convidei essas duas imbecis pro meu casamento? Por que, eu sou gorda e peito grande não posso usar o decote tal, uso, usei e meu marido amou então, Pra cucuias!
Jaqueline
Olá Paula conheci o seu blog a poucos dias e confesso já estou amando todo que vi.
Paula Bastos
Que gostoso de ler isso, Jaqueline! Fico muito feliz que esteja gostando! <3
Luana Bastos
Amei o texto, Paula e é horrível se sentir assim mesmo! Eu parei de ligar para a maioria dessas situações, mas, hoje em dia coisas como a catraca pequena do ônibus e os assentos pequenos me incomodam rapidamente e depois acabo esquecendo-as. O que mais me incomoda é andar de carro. Eu nunca sento no banco de trás exatamente por não caber e quando o carro é pequeno me sinto pior ainda, porque sou alta e além de sentar na frente, minha cabeça fica roçando no teto do carro (a amiga da minha mãe tem um C3 e é um saco andar naquele carro que mais parece um ovo).
Apesar disso, também me assumi gorda e sinto a mesma coisa, parece que as pessoas deixam de ser tão criticas conosco ou talvez, sejamos nós que não ligamos mais. De qualquer maneira, essa foi a melhor coisa que fiz! Ainda tenho algumas paranoias, mas, ainda assim é completamente libertador! ^^
Marcelo
Gostaria de sabe, Luana, pq hoje vc faz vídeos (onde só mostra o rosto) ofendendo mulheres gordas? Quem te viu, quem te vê!
Nem
Ainda acho que mídia é sintoma e não causa. O problema é que no Brasil não se combate a obesidade como doença e sim o gordo como bandido.