Ontem o blog completou 7 anos de existência na web, mas ele existe há 8 anos porque passei um ano todo fazendo pesquisas acadêmicas sobre obesidade, autoestima e o papel da mídia na construção da identidade das mulheres para criar o Grandes Mulheres. Ele surgiu dentro da Unesp, onde cursei jornalismo, por isso ele existe há 8 anos. Quando idealizei esse projeto eu era uma garota gorda descolada apaixonada por moda que destoava completamente – em aparência – das grande maioria das meninas que conviviam comigo. Eu não sabia lidar com meu físico, odiava meu corpo e era obcecada por dietas; queria me vestir bem e de forma cool, mas não tinha roupa para mim. Tinha que fazer inúmeros garimpos para conseguir encontrar peças que me representassem de alguma forma. Sofria muito por ser gorda e me sentia um ET. O termo plus size nem existia no Brasil, nem nada do que falamos hoje no mundo da “gordolândia”.
Posso falar tranquilamente que fui uma das precursoras do movimento plus size no Brasil, visto que em 2008 não existia um único blog ou veículo de comunicação que fosse realmente direcionado para esse público. Eu pesquisava muito para encontrar referências e não havia nada que tivesse sido criado para falar com mulheres gordas aqui no Brasil. Foi difícil, inclusive, ter uma base de referência e bibliográfica para estruturas meu projeto que era acadêmico. Naquela época eu não imaginava que o Grandes Mulheres me salvaria e me transformaria na Paula que sou hoje. Foi escrevendo exaustivamente sobre o que queria, sobre o que me incomodava e o que via que fui conhecendo uma mulher que nem eu sabia que habitava aqui. Ao trocar experiências com outras leitoras fui vendo que podia ser mais, que não estava sozinha e que meus dilemas não eram só meus: vi o blog como uma corrente de ajuda, de capacitação e de amor, amor esse que me faltava, pois por pelo menos uns 28 anos eu me negligenciei. Eu renasci, me redescobri e me reinventei.
Hoje a militância gorda é grande e tanta coisa mudou… Em 2008 eu jamais poderia imaginar que teríamos tantas marcas produzindo moda plus size, tantos blogs falando sobre o assunto, tantas gordas se assumindo. Isso tudo é incrível demais. É claro que às vezes a coisa enverga e, com toda militância, às vezes surgem extremismos, mas o segredo de tudo é filtrar o que te faz bem, entender as diferenças entre uma coisa e outra e ponderar. É muito bom aprender a ouvir e analisar as opiniões alheias, mas seja sempre fiel à essência do que você realmente é: se aquilo realmente faz sentido para você, abrace. Se não fizer, deixe ir.
Este ano foi bem difícil, emocionalmente falando, para mim. Quem é leitora assídua do blog percebeu isso com certeza. Me sobrecarreguei de trabalho também e não dei conta de manter as postagens com a mesma frequência de sempre, mas quero virar o ano tentando voltar para o meu ritmo ideal. Se fico sem blogar parece que está faltando alimento para a minha alma, sabe? Tenho várias ideias, projetos e coisinhas que quero colocar em prática de agora em diante porque esse amor que eu tenho para dar é abundante e ele vem em forma de texto, vídeo, foto… o importante é repassar sempre, pois assim crescemos e nos renovamos!
Para finalizar quero agradecer a vocês que são a razão de eu ainda fazer isso depois de 8 anos. Existem pessoas más que tentam ofender, oprimir e que até sugam a nossa energia, mas elas são realmente bem poucas, graças a Deus. O incentivo, carinho e amor que recebo de vocês é algo que nem dá para escrever. Quantas vezes eu já abri dilemas bem pessoais aqui e recebi conselhos que pareciam vir de amigas que me conhecem há anos? Sabe por quê? Quando há empatia a gente tenta entender, buscamos ajudar, trocar, aprender. Vocês são presentes de Deus em minha vida e são as grandes responsáveis por eu ser a mulher que sou hoje, muito mais evoluída e desconstruída. Ainda tenho muito para aprender e para desconstruir, mas o mais importante é estar no caminho.
E que venham mais 16, 24 e tantos outros anos de Grandes Mulheres. Obrigada <3
Ah, se você ainda não me acompanha no Instagram, eu posto bastante por lá: @parispaula 🙂
