Por que você não consegue arranjar um namorado

“Sou gorda. Sou feia. Ninguém me ama e ninguém tem coragem de ficar comigo de verdade”. Eu sei que é algo assim que passou pela sua cabeça ao ler o título deste post. Eu sei porque, por pelo menos uns 29 anos da minha vida, acreditei nisso e, olha, tenho que confessar que às vezes ainda me pego usando essa desculpa.

Sim, o peso é uma desculpa porque é muito mais fácil culpar a sua gordura pela sua incapacidade de estar com alguém do que aceitar a verdade: você tem problemas de comportamento. “Mas Paula, quem você pensa que é pra falar assim comigo? Você tá maluca? E todo mundo tem problema de comportamento!” Eu sou a pessoa que está escrevendo este texto conversando com ela mesma e que, talvez, esteja te dizendo aquilo que suas amigas mais próximas não tenham tido coragem de dizer.

O sobrepeso funciona como um gatilho de comportamentos ruins porque nos fizeram acreditar que a gente não tem valor, que a gente não seria boa o suficiente e que não somos merecedoras de coisas boas porque somos gordas. Homem, então… Quem vai querer sair de mãos dadas pela rua com uma gorda? Não é isso que a sociedade fala?  O problema é que você vive com o dedo no gatilho e sequer se dá conta. De repente, dispara, sem nem perceber, e aí já é tarde demais. O que eu quero, com este editorial, é te ajudar a refletir para que eu e você possamos tentar consertar isso enquanto ainda é tempo. Não estou dizendo que você precisa ter um namorado para ser feliz, nem nada disso: estou aqui para te ajudar a entender que o seu peso não é um “repelente de homem”, pois se fosse assim, nenhuma gorda do mundo teria relações amorosas! Vamos, então, analisar alguns pontos:

– Insegurança é algo que repele demais as pessoas: não estou falando de uma insegurançazinha, estou falando de algo grande, que faça você não ter a menor crença em si mesma; que faça você aceitar qualquer coisa “porque antes aquilo do que nada”. Ninguém é 100% seguro em nada, mas ser um poço de insegurança vai fazer com que as pessoas não queiram estar perto de você, pois gente muito insegura precisa de confete, dicas, apoio e sugestão 100% do tempo para se afirmar e a gente sabe que ninguém dá conta de viver a própria vida, lidar com os próprios problemas e ainda ter que ser uma babá emocional do outro. Aprenda a confiar em você: dá para desenvolver isso no dia a dia, tentando de verdade;

– Seja menos desconfiada: a gente sempre acha que tudo é porque a gente é gorda e não, a vida não funciona assim. O cara pode realmente ter ficado doente, ter ficado até mais tarde no trabalho e etc e aí entra a questão da insegurança: se você transparecer que está desesperada, vasculhando a vida toda dele tentando bater se os fatos são mentira ou verdade, ele vai te achar uma louca, então simplesmente relaxe e pense que “se tiver que dar certo, vai dar” e pare de arrumar sarna pra se coçar… Sério;

– Pare de tentar ficar agradando demais: você não tem que ser alguém que você não é na esperança da pessoa te amar. Seja você, sempre! Pare de ficar inventando moda ou movendo céus e terras para agradar ao outro, especialmente se a pessoa não está fazendo absolutamente nada por você. Nunca, jamais, aceite migalhas e nem as dê: ofereça o pão inteiro para alguém que o mereça;

– Não tente bancar “a dramática, a engraçadona, a espertona” ou qualquer outra coisa assim: às vezes, na esperança de chamar atenção, algumas mulheres começam a exagerar em alguns comportamentos achando que estão sendo incríveis, mas, na verdade, estão afastando pessoas por agir de uma forma que não é verdadeira e, convenhamos: todo mundo percebe quando alguém está forçando.

Tô parecendo abusada para você? Bom, deixa eu te contar que todos esses tópicos mencionados acima vieram da minha própria experiência e incapacidade em lidar com o meu sobrepeso e eu demorei tempo demais para descobrir que eu tinha esses defeitos. Também pude perceber que muitas meninas gordas que não conseguem se envolver em um relacionamento bacana cometem os mesmos erros e, vamos combinar, não há homem – ou mulher – que aguente uma pessoa insegura, carente demais, que quer agradar até quando não precisa (e ai acaba sufocando), que desconfia de tudo; que é chata demais, engraçada demais ou espertona demais.

É por todas essas razões que eu digo que a gente precisa, todos os dias, fazer o exercício do espelho e ir praticando o amor-próprio mesmo nas coisas mais pequeninas. Se você quer conhecer uma pessoa legal, que te aceite como você é, em primeiro lugar você precisa se aceitar – e isso não significa, necessariamente, que você não possa querer deixar de ser gorda ou de mudar -, você precisa conseguir se sentir em paz com o corpo que você tem hoje porque amanhã você pode emagrecer horrores ou engordar ainda mais, mas o que importa é o hoje e o que você faz para se amar amanhã.

Eu estou aqui, com 31 anos, ainda solteira e sabendo que não é o meu peso que me impediu de ter alguns relacionamentos que poderiam ter sido legais: foi o meu comportamento. Não existe essa coisa de “estar pronta”, como muita gente diz. A vida é assim: quando a coisa vem de verdade, ela vem e pronto: você acaba aprendendo a lidar com aquilo, mas você também não pode estar totalmente crua, sabendo que você mesma é responsável por afastar as pessoas por conta de sentimentos e sensações que você mesma não consegue administrar internamente.

Desde que consegui me dar conta disso – e não faz muito tempo – venho tentando me administrar internamente para não continuar batendo nessas mesmas teclas, pois sei que esse comportamento é extremamente nocivo para a minha vida em diversos aspectos e, se um dia eu tiver que encontrar alguém, eu quero estar inteira e não pela metade; quero ter conseguido domar esse monstrinho medroso que ainda mora dentro de mim porque, como eu sempre digo, eu sou muito mais do que um corpo ou uma aparência. E você também! Lembre-se sempre disso e corra atrás do namoro mais importante que você terá na sua vida: o com você mesma!

Comentários