Orgulho Gordo. Em inglês soa um pouco melhor, mas isso tudo é bobagem perto da real importância do movimento.

Sim, porque está rolando todo um movimento mundial em prol do orgulho gordo. Por um milagre que ainda não compreendi, até a indústria da publicidade (finalmente!) enxergou a necessidade de exploração deste nicho, e nos últimos tempos fomos tomados por uma avalanche de campanhas publicitárias ressaltando a beleza das grandes mulheres, ou a “real beleza”, como alguns preferem dizer. Programas de televisão discutindo incansavelmente o assunto, Blogs de Gordinhas bombando, matérias em revistas de grande circulação, etc e tal.

Tudo muito lindo, não fosse o ar fake que muitas dessas campanhas têm, o que as transforma numa espécie de autoenganação com auto-piedade, coisas que abomino com todas as forças do mundo!

Reprodução da revista "Glamour"
Campanhas publicitárias, matérias e blogs: destaque para as grandes mulheres

Outro dia mesmo o tema estava sendo abordado num programa de TV, e uma gordinha engajada discursava em prol da “classe” utilizando a frase mais clichê e imbecil do mundo: “você precisa se aceitar do jeito que você é”.

Não, NINGUÉM precisa se aceitar do jeito que é. Este é o pensamento mais conformista e derrotista de todos os tempos, e não combina com o que se espera de uma verdadeira Grande Mulher.

Aceitar-se “como se é é desistir de buscar o que “se quer ser”, e eu realmente não vejo sentido em viver uma vida insatisfeita, sem pelo menos tentar buscar aquilo que se idealiza.

Toda essa onda fat pride, à exceção de uma ou outra ação realmente positiva, nada mais é que uma tentativa de vender um prêmio de consolação àquelas que continuarão renegadas pelo seu tamanho.

O caminho é outro, e por isso eu me repito tanto em dizer que precisamos mudar nossos conceitos.

Precisamos mudar nosso olhar sobre o mundo e as pessoas. Precisamos ter personalidade pra identificar a beleza fora dos padrões impostos por alguém que nunca teve procuração pra pensar em nosso lugar.

Precisamos ter personalidade pra defender um ponto de vista, sem ter que sempre ceder a um ponto de vista inventado por outros olhos.

Se a beleza está nos olhos de quem a vê, por que temos que aceitar o modelo visto por outros olhos que não os nossos? Só porque alguém disse que azul é a cor mais bonita você tem que concordar? E se você enxerga beleza no amarelo? Esse ponto de vista não é legítimo?

Outro dia li um post em um Blog famoso onde a autora dizia não acreditar que alguém possa ser verdadeiramente feliz gorda. Dizia acreditar que qualquer mulher emagreceria, se pudesse, e que isso comprovaria sua tese.

Eu discordo. Acho que o desejo de emagrecer que de fato existe em uma esmagadora maioria das mulheres fartas está muito mais ligado à necessidade de adequação ao padrão do que à infelicidade com a própria imagem.

Uma grande mulher pode muito bem se olhar no espelho e se sentir linda, gostosa, desejável. Mas quer emagrecer porque quer caber na poltrona do avião, quer poder comprar roupas da moda, porque quer poder comer no restaurante sem ser alvo de todos os olhares, enfim, quer emagrecer para caber num mundo que não lhe abre espaço para exalar sua beleza como ela é, do tamanho que ela realmente é.

Precisamos lutar contra essa lavagem cerebral que nos fazem todos os dias. Precisamos ser coerentes e defender nosso ponto de vista com força, mantendo o foco no argumento correto, que é a existência de beleza também naquilo que foge ao padrão pré-estabelecido.

O azul é bonito. E o amarelo também. E o vermelho também. E todas as cores. De tempos em tempos uma delas será tendência, mas nunca deixará de existir admiradores para todas as cores do arco-íris. Assim também é com as pessoas. E se somos todos tão diferentes uns dos outros, ora, é justamente para garantir essa dinâmica na vida… Seria muito chato se houvessem verdades absolutas, especialmente em questões tão subjetivas como essa.

Por isso, minha Flor, hoje eu só vim aqui pra te dizer como é importante você se olhar sem referências, sem comparações, isenta de preconceitos, movida apenas por aquilo que reflete verdadeiramente o que você busca, o que você quer.

Olhe pra sua imagem no espelho e esqueça os modelos de beleza que te ensinaram a aceitar. Olhe por um longo tempo, e encontre aquilo que realmente te agrada, ainda que seja algo que não agrade à maioria. Entenda que essa é a sua beleza, e que ela está aí, visível para os olhos que a quiserem ver. E muitos quererão!

Se você realmente não conseguir se agradar com a sua imagem, e se sentir inteiramente inferior ao padrão existente, aí a melhor coisa é NÃO se aceitar do jeito que você é, e ir à luta.

Porque ser uma Grande Mulher, antes de mais nada, é ser honesta consigo mesma. É prezar pela própria satisfação, e ser feliz apesar das opiniões diversas, é ter personalidade pra defender um ponto de vista controverso e para reconhecer as próprias deficiências.

Você tem que ser LINDA, antes de mais nada, pra você mesma. Essa constatação é a única capaz de acender a sua luz, aquela que exibirá sua real beleza para o mundo todo, sem que você precise fazer nenhum esforço extra.

Beijos Fartos, e até breve!

Comentários

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5 comments

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Comentário: Uau! Nem precisa comentários! Já está tudo dito: palavra por palavra! Amei, querida Dona Farta-Alegria! Bravo!!!! Beijos.

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Eu achava algo de sinistro nessa bandeira do “aceitar como você é”… você expressou direitinho!!

O ponto não é aceitar como você é, é lutar para que as pessoas parem de te encher o saco dando indiretas de que você está fora do padrão, é não se deixar derrubar por comentários desnecessariamente depreciativos, sabe?

Já viram aquele filme “Com a bola toda”? No final, a propaganda da Average Joe para mim resume tudo. Ele diz algo como “Aqui a gente acredita que você é perfeito do jeito que você é. Mas se estiver afim de fazer uns amigos e malhar um pouco, seja bem vindo!”

Eu não sou grande. Meu percentual de gordura está bem acima do saudável, mas se eu vestir a roupa certa ninguém diz. Porém tenho facilidade para ganhar peso, e procuro manter um limite. Mas não faço isso pra me encaixar no padrão, faço porque engordo muito feio hehehe… engordo só na barriga e no braço, nada de ganhar curvas fartas!

Brincadeira, eu malho porque gosto de me sentir disposta, e eu corro porque gosto de completar uma prova de 10km sem parecer aquela famosa maratonista das olimpíadas de mil novecentos e guaraná com rolha. Se isso me faz ficar mais magra e me sentir mais bonita, melhor.

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Oi ! Concordo com quase tudo o que você falou. Primeiro, não é legal ‘chutar o balde’ em relação à aparência, principalmente se tratando de peso. Assim como o baixo peso extremo, a obesidade em qualquer grau gera malefícios para saúde, principalmente a longo prazo.
Uma coisa é não discriminar a obesidade e não insituir em anúncios aquela magreza doentia. Outra é enaltecê-a e mostrar como sendo “tudo de bom’… Bjs, bom fds…

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Comentário Eu sei que vc fez esse texto em minha homenagem…rs! Super me vi nele, super me enquadro. Dona Farta é acima de tudo, sobretudo, um tratado de auto-ajuda (ainda tem o hífen?)
Amiga…vc é show, vc dá show! Amooooo!

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Bom gente, só estou vendo comentários femininos, porém, penso que ao lado de um GRANDE HOMEM, há sempre uma GRANDE MULHER, e vice-versa. Além do mais tenho divulgado o blog aos meus amigos. Somente conhecendo melhor nossas grandes mulheres podemos nos tornar vedadeiramente grandes homens. Adoro a Dona Farta, que escreve divinamente bem, com textos bem elaborados e parece ter o dom de ler pensamentos, diante à tamanha identificação com as situações abordadas e opiniões expostas. Parabéns grandes mulheres, parabéns Dona Farta.

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