“Mulher, você merece algo melhor do que o cigarro”: este é o mote do Dia Mundial sem Tabaco. “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres” – este foi o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para as atividades comemorativas do Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio. As ações visam a alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino, bem como os males que seus produtos causam à saúde da população e ao meio-ambiente.

Dados prejudiciais à saúde
O tabagismo feminino reduz globalmente a fertilidade, causando um atraso na primeira gestação. O atraso na concepção reflete-se numa gama de possíveis efeitos adversos na reprodução, como interferência na gametogênese ou na fertilização, dificuldade de implantação do óvulo concebido ou perda subclínica, após a implantação do óvulo.  “Estudos e pesquisas dos últimos anos apontam que o tabagismo materno influi mais decisivamente na fertilidade do casal do que o tabagismo paterno, o que significa que o sistema reprodutivo feminino é mais vulnerável ao tabagismo que o sistema masculino”, afirma o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.
Até algumas décadas atrás, acreditava-se que os efeitos da dependência do tabaco era mais forte nos homens, mas à medida em que novas gerações de fumantes foram chegando, verificou-se que as mulheres são igualmente ou mais suscetíveis aos malefícios do fumo devido às peculiaridades próprias do sexo, como a gestação e o uso da pílula anticoncepcional.
 
“A mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e dismenorréia (sangramento irregular)”, afirma Joji Ueno, responsável do setor de vídeo-histeroscopia ambulatorial do Hospital Sírio Libanês. O risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que usam anticoncepcionais orais e fumam chega a ser dez vezes maior do que o das mulheres que não fumam e usam este método de controle da natalidade.  Segundo dados do INCA, o tabagismo também  é responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos de idade.

Foto: Cyril Comtat (PhotoXpress)

Problemas durante a gestação
Graves complicações na saúde feminina também podem resultar do ato de fumar durante a gravidez. “Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia ocorrem mais freqüentemente quando a mulher grávida fuma”, alerta o médico.
A gestante que fuma apresenta mais complicações durante o parto e têm o dobro de chances de ter um bebê de menor peso e menor comprimento, comparando-se com a grávida que não fuma. Tais problemas se devem, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno.
De acordo com dados do INCA, um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular. Assim, é fácil imaginar a extensão dos danos causados ao feto, com o uso regular de cigarros pela gestante.
Os riscos para a gravidez, o parto e a criança não decorrem somente do hábito de fumar da mãe. “Entre as mulheres que convivem com fumantes, principalmente seus maridos, há um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão em relação àquelas cujos maridos não fumam. Quando a gestante é obrigada a viver em ambiente poluído pela fumaça do cigarro ela absorve as substâncias tóxicas da fumaça, que pelo sangue são repassadas para o feto”, alerta o ginecologista Joji Ueno, diretor da Clínica GERA.

*Colaborou: Márcia Wirth

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