Até logo, São Paulo…

Hoje me despeço da cidade que, por três anos, chamei de “casa”. E sim, São Paulo foi realmente a minha casa. Foi o lugar que fez com que eu virasse mulher e que deixasse boa parte da minha essência de menina para trás. Precisei aprender a ser adulta, a enfrentar meus medos, a tomar decisões por minha própria conta, a quebrar a cara e me reerguer sem, muitas vezes, ter um ombro amigo ao lado para me acolher.

Passei frio, dormi na dispensa de um apartamento por mais de um mês e convivi com gente que não sabia respeitar o espaço do outro. Senti medo de começar o primeiro emprego de verdade na minha carreira de jornalista, contei dinheiro, vi o desespero bater quando o saldo do banco estava vermelho e já tremi de frio esperando o ônibus. Já peguei metrô lotado a ponto de não conseguir me mexer dentro dele. Já flutuei empurrada pela multidão por uma plataforma até entrar em um vagão. Vivi uma histórica maluca de amor digna de filme.

São Paulo me trouxe amarguras, mas me fez grandiosa. Dei a cara a tapa inúmeras vezes. Caí, me reergui, recomecei e me reestruturei. Tirei da minha vida muita gente que nada acrescentou e conheci gente que carrego no coração e que fez toda a diferença na minha caminhada. Fiquei com caras estúpidos que não gosto nem de lembrar. Também fiquei com caras com quem hoje tenho uma amizade e que me fizeram aprender a ser mais mulher, mais adulta e mais experiente.

Acredito que vivemos diversos ciclos em nossas vidas e hoje encerro mais um deles. Eu estava pronta para um novo capítulo da minha vida e deixo São Paulo com muita gratidão em meu coração porque aqui vivi um pedaço muito importante da minha história. Desejei a mudança com todas as minhas forças porque senti, dentro de mim, que era hora e tudo foi acontecendo. Pude ver e sentir Deus trabalhando a favor do maior desejo do meu coração e só Ele sabe como estou grata por poder viver este momento, por poder recomeçar uma nova etapa em um lugar onde me sinto tão bem. Não escolhi a Bahia. Fui escolhida.

De repente o medo do novo foi se tornando apenas uma doce ansiedade. Tenho pessoas mais do que especiais me ajudando nesta etapa e sem elas tudo seria infinitamente mais difícil. Quando as coisas têm que acontecer, tudo dá certo, tudo se ajeita e tudo colabora para que o ritmo natural das coisas seja perfeito, como se comandado por uma orquestra. Ontem fiquei observando a chuva cair e vivi um dos dias tipicamente frios e cinzentos da terra da garoa. Chorei baixinho me despedindo e acalmando meu coração.

Tenho certeza que sentirei falta de muitas coisas boas que São Paulo oferece, mas estou deixando aqui um dos melhores presentes que a vida me deu. Entre tantas decepções, Deus colocou a Alyce na minha vida pra fazer tudo diferente e mais doce. Não vou conseguir escrever o que quero e muito menos o que sinto, mas ela é uma das responsáveis por eu acordar um pouco melhor a cada dia. O tipo de amizade que a gente tem eu acho que não existe muito por aí…infelizmente. Só a gente sabe o quanto é bom ter esse nível de cumplicidade, entrega, união e amor que temos uma pela outra. Eu sei que ela faria qualquer coisa por mim e eu por ela.

Não poder sentir o cheirinho dela em um abraço gostoso vai ser difícil, mas eu precisava sair do casulo pra romper com tudo aquilo que eu não aguentava mais. E ela sabe, entende e me apoia. Essa é a diferença de uma amizade verdadeira que não é baseada no egoísmo ou no interesse. É apenas genuína.

Vou para Salvador com o coração aberto e mais leve. Estou pronta para recomeçar e espero que a vida esteja guardando boas surpresas para os próximos capítulos. Segui meu coração, não sei o preço que irei pagar, mas estou disposta a viver com gratidão pela oportunidade. Quero uma vida simples, quero me livrar de amarras e quero, simplesmente, ser feliz sem precisar de muito e sem sentir que meus dias estão sendo sugados por coisas que às vezes nem consigo identificar.

Me espera, Bahia. Me espera que eu tô chegando de braços abertos pra você me acolher e me amar de verdade!

(não sei de quem é essa foto linda para dar os créditos. Se alguém souber, me avise!)

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