Todo ano quando chega o verão é o mesmo stress: preciso comprar roupas novas que sejam confortáveis, bonitas, elegantes e vaporosas, já que, como toda boa Grande Mulher, eu também sinto muito calor nos dias mais quentes (vocês sabem, nossa camada “extra” de gordura nos ajuda a aquecer no inverno, mas nos faz derreter no verão).

Acompanho as tendências de moda pela TV, assisto aos desfiles das fashion-weeks da vida, gamo na moda lançada por aquela personagem bacana da novela das oito e não vejo a hora de poder desfilar por aí linda, exalando estilo em roupas modernas que me façam parecer mais bonita, mais atraente e mais jovem.

Feliz da vida e munida de todos os cartões de crédito disponíveis, parto para a atividade preferida por 10 entre 10 mulheres: Fazer Compras. Tenho muitas ideias na cabeça, muitos looks que pretendo compor, calças, saias, blusas, vestidos, lingerie, acessórios, sapatos… tudo das últimas coleções que vão me deixar tinindo durante o verão, totalmente atualizada, linda, na moda.

E então começa a aventura, que em pouco tempo vira frustração, chegando ao extremo de se tornar uma tortura. É isso que as Grandes Mulheres enfrentam quando o assunto é “comprar roupas” – uma das principais reclamações de todas as colegas Fartas.

Não vou nem bater na tecla de que “não existem roupas bacanas em tamanhos grandes” porque isso todo mundo já sabe. O que me espanta é que as roupas não só não são bonitas, como fazem esforço danado pra serem feias. Uma sutil sacanagenzinha das confecções, penso eu… Ou simplesmente o velho preconceito de que “pra cobrir um monte de banhas, qualquer porcaria serve”.

Fui ao shopping outro dia. Fiquei positivamente surpresa. A onda Gorda Pride está mesmo começando a surtir algum efeito e em muitas lojas já se pode encontrar com certa facilidade roupas em numeração maior. O problema é que não são as mesmas roupas “normais” para magros, são outras roupas, “diferenciadas”, feitas somente em tamanhos a partir do 44 e continuam sendo roupas FEIAS. HORROROSAS.

Entrei numa loja e perguntei se eles trabalhavam com numeração maior (no meu caso, uso 46), e a vendedora, sorridente, disse: “Claro! Temos roupas até o 54!” Ótimo, pensei. Vou me fartar!

Escolhi um vestido na arara. Era lindo, azul marinho, bem cortado, com uma cintura ajustada logo abaixo do busto de uma forma que certamente valorizaria meu corpão GG, decote profundo como eu gosto, tecido nobre, a minha cara! Mas quando pedi para a vendedora o tamanho 46, ela já foi dizendo: “Ah, puxa, esse modelo nós só temos até o 42! Em numeração maior nós temos esses aqui”, apontando para uma outra arara, no fundo da loja.

Frustrada, fui vasculhar a sessão para gordas. E como era de se esperar, era uma ode ao mau gosto. Um festival de vestidos estampados e coloridíssimos, mal cortados em tecidos inadequados, um mais feio que o outro, um mais brega que o outro.

Impossível olhar para um vestido laranja com flores rosas, azuis, amarelas e folhas verdes, de uma malha pouco nobre e num corte muito pobre e não imaginar um botijão de gás vestindo aquela peça;

Impossível olhar para aquele festival de estampas gigantes e desproporcionais e não imaginar apenas os acessórios de cozinha da época da nossa avó;

Impossível imaginar que qualquer mulher fique sexy em um vestido cuja estampa mais parece uma toalha de mesa ou uma cortina de pia.

Por que eles são tão obcecados por estampas quando o assunto são roupas grandes? É praticamente impossível achar alguma coisa “clean”, monocromática. Tudo tem que ser carnavalesco pra chamar ainda mais a atenção.

E eu só queria o vestido azul marinho. O liso, sem estampas, que encontrei logo que cheguei na loja. Aquele, bem cortado, de tecido bacana, com os ajustes precisos para valorizar qualquer corpo. Mas aquele que, sim, poderia me deixar verdadeiramente bonita, aquele só está disponível para as magras. “As gordas que vistam-se como botijões de gás. É o que elas merecem!”

Pensem numa brochada. Brochei total. De que adianta existirem roupas grandes se elas têm que ser sempre diferentes das roupas pequenas? Eu queria a mesma roupa que a magrela usa. Ela só teria que ser maior, ter mais tecido, dimensões maiores, proporções adequadas. Por que eles não podem fazer isso? Será que é tão difícil? Por que precisam criar toda uma linha de capas de botijões constrangedoras e oferecê-las para as gordas como vestidos?

São roupas tão inadequadas que ficariam feias em qualquer mulher, fosse ela magra ou gorda. Roupas que são feitas exclusivamente com o intuito de cobrir um monte de carne, sem permitir à mulher grande que mostre o que tem de bonito, que valorize seus melhores ângulos, que exponha sua sensualidade.

Só sei que comprar roupas para pessoas Fartas não é um simples prazer como para qualquer outra mortal. É uma aventura, cheia de vilões e emboscadas pelo caminho, mas às vezes, com um pouco de paciência, encontramos gratas surpresas e graças a isso, ainda não precisei aderir ao naturismo, ainda consigo me vestir com alguma classe e decência, apesar de ser cada dia mais difícil.

No nosso último encontro eu terminei dizendo que “alguns recursos podem nos ajudar a nos descobrir lindas como somos”. E o mais óbvio dos recursos, claro, são as roupas. Só que fica difícil usar este recurso se ele não está acessível a todas as mulheres. Ainda assim, vale à pena fazer um esforço e não ceder à oferta óbvia. Se você não gosta destas roupas toscas em tamanhos “especiais”, não compre, não use.

Dá um trabalho danado, mas andando muito aqui e ali a gente acaba encontrando coisas melhores e vestir uma roupa bonita e ajustada ao nosso tamanho é um dos principais passos para a construção de uma auto-imagem positiva.

Talvez toda essa discriminação da indústria da moda com mulheres de corpos fartos tenha sua origem no recalque de quem não tem tanta gostosura pra exibir. Sabe por quê? Porque uma mulher farta, se bem vestida, pode ser infinitamente mais atraente do que uma mulher “escassa”. Pergunte a qualquer homem. E tire suas próprias conclusões analisando as imagens abaixo.

Jennifer Hudson X Nicole Richie

Queen Latifah X Paris Hilton

Queen Latifa X Modelo de passarela

Comentários

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5 comments

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Dona Farta,

Vc tem toda razão,se p/ tu que é 46 é assim imagina quem como eu já tah bem longe do 46 tipo 52 folgado huahua.
Mais eu que sou gorda a quase 26 anos, vejo as cosias muito melhores hoje ah 10 anso atrás era um suplicio achar um jeans que coubesse minha fartura hj eu ainda posso escolher.
Por pior que seja a moda GG ela evoluiu muitooooooo , e acredito que a cada dia que passa a moda Grande se expande para a nossa sorte, e um dia não muito longe acho que vamos ter o mesmo direito de toda mulher na hora de nos vestirmos.

Enquanto nos resta procurar bem pq quem procura acha e continuarmos sendo Lidnas , Felizes e quando dá bem Vestidas .

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me identifiquei TOTAL!! Sempre digo pra minha mãe, parceira de compras: porque as roupas pra gordas viram capinha de botijão de gás qdo eu experimento?
Outro dia perguntei numa loja de uma blusinha com um ombro caído, só tinha tamanho único. QUEM nessa vida usa tamanho único?? Ré-loooouuuuu!!!
É um trabalho danado encontrar roupas bonitas (amarelo e marrom NÃO combinam!!!) tamanho GG. Quando eu acho, acabo me fartando, porque sabe-se lá qdo vou achar algo que me agrade de novo.

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Excelente esse texto!
Agora no natal então! Eu odeiiiioooo comprar roupas, compro duas vezes por ano: no meu aniversário e no natal, que é o suficiente pra não “aderir ao naturalismo”. Preciso comprar uma calça pra irao trabalho e não consigo achar uma mísera 44 sem passar por uma maratona… Tenho a granae estou adiando as compras há dias… As lojas realmente deveriam se atentar para esse mercado!

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Comentário Eu já sou SUPER-FÃ da Dona Farta e faz tempo!!! Posso testemunhar – prá quem quiser saber – que ela É LINDA de VIVER !!!!! Em todos os sentidos!!!! Ela é chic, elegante, bem arrumada, cabelo bonito, pele bonita, inteligente, muito bem humorada, feliz, enfim, UM ESPETÁCULO DE MULHER!!!! E tenho certeza que nessas andanças todas por aí ela sempre encontra roupas que valorizam o que ela tem de melhor…….Já vi e constatei pessoalmente!

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Botijão foi o máximo.É verdade que parece picuinha mesmo.Tem dias que levo pro lado pessoal.Sem contar as vendedoras mentirosas, você ficou parecendo uma salsicha alemã e a beesha diz:-Ahh , ficou ótimo.
E não é só roupas , tenta comprar um sapato tamanho grande, nunca tem.Botas então nem pensar , não fecha de jeito nenhum.
Sem contar que não tem meio termo pra blusinhas , ou fica baby look ou fica túnica.
Mesmo as lojas “para gordinhas” apresentam uma moda senhora. Você tem peito e quer mostrar?Problema seu.Você quer mostrar as pernas?Sonha , beesha.
Sempre disse que as lojas estão perdendo muito dinheiro fazendo esse G que nem é 46 é 44.
Pelo menos de tanto bater perna , o bumbum continua durinho.rs
Um beijão pra vcs.

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