A repórter do Grandes Mulheres Juliana Baeta escreveu um depoimento – digamos que um desabafo – sobre o que é ter seios grandes, as dificuldades de se encontrar roupas, não poder usar tomara-que-caia e… correr! Boa, Ju!
Não vou cuspir no prato que eu como dizendo que é horrível ter peito grande e não sei o que mais, porque também não é assim. É bonito, convenhamos. O que é feio são essas meninas de 17 anos que tem como sonho na vida colocar silicone, e aí temos essa fábrica de beleza artificial e igual que vocês veem por aí. Todas as meninas magras, com o peito enorme, andando por aí, todas iguais. O que me é muito estranho, por que a indústria da moda fabrica roupas apenas para pessoas magras e sem peito. E eu falo isso por experiência própria. Quantas vezes eu fui a uma loja de roupas comprar uma blusa linda que estava na vitrine e quando experimentei, a mesma nem passou pelos meus peitos? E sutiã, como faz para achar? O meu tamanho é 52, ou seja, não existe sutiã apropriado. A não ser aqueles beges horrorosos que a minha avó usa.
É claro que tem o seu lado bom, e o seu lado ruim. O lado ruim é justamente isso: não existe roupas que me caibam confortavelmente, eu não posso correr muito ou pular, o sutiã me sufoca, não posso usar as roupas que eu quero, não posso fazer movimentos muito bruscos na praia, não posso usar tomara que caia, etc, etc. O lado bom é que se eu fosse “dada” poderia usar decotes para conseguir as coisas. Como eu não sou “dada”, só me resta o lado ruim. E como eu sou muito resistente a cirurgias e coisas que mudam o meu corpo artificialmente (nem o ciso eu tive coragem de tirar até hoje) estou presa nesta condição eternamente.
Mas é bom porque a gente tem que se acostumar com o que a gente tem. O meu corpo é genuinamente meu e nunca foi modificado numa mesa de cirurgia. Por isso eu vou dormir todas as noites feliz, e com a consciência tranquila, de que eu sou inteiramente minha. Até os defeitos mais grotescos são genuinamente meus. Até os meus peitos enormes, o meu corpo gordo, o meu nariz de batatinha com uma pinta no meio. Por mais que eu não goste de nada disso, eles são verdadeiramente meus.
E eu nunca vou me submeter a nada doentio (porque cá entre nós, é doentio você ficar numa mesa de cirurgia com 5 pessoas abrindo você e mexendo lá dentro e colocando plástico lá dentro, desculpa dr. Ray, mas isso não é uma coisa natural, isso é muito doentio, é uma psicopatia você se submeter a esse experimento científico misturado com tortura medieval sem que isso não seja para você sobreviver, mas apenas para você ter peitos enormes, e meu Deus, eu e o meu velho problema de não conseguir fechar os parêntesis, mas isso vai acabar agora, desculpa aí) para alcançar um padrão ideal que vai acabar me deixando igual a todos.
É claro que eu me olho no espelho todos os dias e me acho feia e gorda e peituda e gostaria muito de mudar isso e ficar mais bonita, mas que seja com o tempo (que vai me deixar mais velha e inteligente o bastante pra me abstrair deste padrões mundanos e eu vou alcançar a sabedoria superior algum dia, e vou perceber que isso aqui é só um corpo e não um receptáculo de prazer, e a beleza se faz mais por dentro do que por fora, e de algum modo eu vou me achar perfeita assim, outra vez né, o parêntesis interminável, vou lembrar de colocar isso na minha lista de problemas a serem trabalhados no psicólogo).
8 comments
Marília Andrade
Pois é, meu número é 46, sei oq vc sente… Comprar sutiã é sempre uma maratona, prá você achar algum razoável só depois de 3 lojas e muito tirar e pôr sutiã… Biquini então é um horror! Eu já não curtia ed.física, era asmática e depois da puberdade, correr ainda tinha o empecilho do air-bag imenso! Confesso que aprendi a usá-los! Aproveito do decote para me sentir mais sexy no dia que olho no espelho e me acho gorda, mas, nos relacionamentos amorosos sempre tinha a dúvida: “você está comigo ou com meus peitos?!” (não bastasse vivermos num mundo onde só patricinha magérrima, loira e de cabelo alisado tem vez, ainda vivemos num mundo machista e fútil onde homens ficam com vc por vc ser peituda, e não por vc ser legal e inteligente…)
Júlia
Como eu não sou “dada”, só me resta o lado ruim [2]
Meu nº é 50 e ainda sou magra, o que se torna mais dificil ainda 😡
Odeio usar decotes porque me sinto tão vulgar. Sei que tenho inteligência, conhecimento e simpatia e se algum homem quiser alguma coisa comigo não pode ser pelos meus seios.
Pedro Henrique
Nossa Julia seus seios devem ser lindos, acho mulheres com seios grandes maravilhosas, pois quem não gosta de carne é vegetariano, portanto não ligue para comentários invejosos.
Nome*kellbonassoli
Respeito seu ponto de vista mas para mim nao serviu.
Eu usava 56, estava ficando torta e já estava de saco cheio de só achar roupa de tia velha.
Fiz minha mamoplastia 20/11/2009 e acho a vida muito mais prática usando 44/46 🙂
Acho valido ir para faca se for para se sentir bem. Só condeno a paranoia de buscar uma perfeicao dentro de um modelo de beleza estereotipado, magreza doentia, peitao, bundao feito no bisturi (principalmente em adolescente q nem formou direito o corpitcho)
(adorei seu blog)
Nome*kimberly
oi eu tenho 12 anos meus seios são grandes e eu tbm tenho uma bunda grande sofro um pouco de preconceito e bullyng,a maioria das minhas amigas são magras,eu tenho um sonho de quando completar 18 anos fazer uma cirugia de redução de mamas e um pouco da bunda,não sei se o certo a fazer.O que vcs acham ?
Paula Bastos
Oi, Kimberly,
Eu acho que ainda é muito cedo para você pensar em qualquer cirurgia. A nossa sociedade é cruel e se somos mais cheinhas, ou se temos o peito ou o bumbum avantajado, viramos alvo de comentários. No entanto, passa. Se você os ignorar, eles irão parar eventualmente. Eu bem sei que não é fácil, pois vivi isso na pele, mas um procedimento cirúrgico só deve ser feito se aquilo afetar sua saúde ou se tiver fizer um mal sem tamanho.
Dê tempo ao tempo e procure se amar como você é, afinal de contas, hoje em dias as mulheres pagam para ter bumbum e seios grandes!!!
Beijos,
Paula
Mirian
Comentário
Adorei. Tenho seios desde os meus 8 anos, sempre fui mto precoce. E meu peito era enorme (como até hoje). Meu sonho era fazer uma redução de mama, mas hj aos 28 anos me aceito mto melhor. Se eu fizer uma cirurgia será apenas pela necessidade de saúde, nao para mostrar ao mundo que eles tem razão. Afinal, acredito que as empresas deverião se adaptar a nós. Menina, como é dificil comprar uma lingerie bonita que caiba os danadinhos rsrs… No final do ano levei 3 horas numa loja para comprar uma camisola bonita por causa do tamanho do bojo. Oh tortura! Mas ainda assim tenho aprendido a me amar como sou!
Aracelly Araújo
Olá Grandes Mulheres, apesar de ter curtido o assunto do post, não gostei da frase “se eu fosse ‘dada’ poderia usar decotes para conseguir as coisas.”, tenho peitão, peitão mesmo que nem sei qual é o número para eles, quando saio para a balada costumo usar decotes, mas sinceramente, meus decotes não costumam ser vulgares, quantas mulheres ao meu redor gostariam de poder usar uma blusa que deixasse o colo com um formato tão bonito quanto o meu fica? Uso decote sim, mas com moderação…
Temos de valorizar o que temos de melhor, que tal experimentar um decote menor? Daí vocês perceberão o quanto é bonito e feminino. Ah, outra coisa… penso em uma cirurgia de redução, mas morro de medo de o médico na hora errar a mão e me deixar uma tábua de passar, gosto e valorizo o que eu tenho de natural e sim, você só irá ficar tranquila com seu próprio corpo e com seu jeito de ser com a maturidade, e não digo idade, é maturidade mesmo!
Abraços bem fofos prá vocês!