Protegidos pelo anonimato, sites alimentam a bulimia e a anorexia
Colaborador: Gabriel Innocentini
Ana tem muitas amigas, mas seus conselhos não costumam ser os melhores. Mia, por outro lado, é mais popular, embora não seja tão letal. A anorexia e a bulimia são duas doenças cujos casos têm aumentado graças à internet. Sites e blogs são usados pelas garotas como forma de trocarem dicas, experiências e relatos. O problema é que esses transtornos alimentares não são vistos por elas como algo doentio, podendo até levar à morte, mas sim como “estilo de vida”.
As garotas que desejam emagrecer devem estar dispostas a tudo, desde comprar remédios para perda de peso até enganar a família. Estas estratégias absurdas e perigosas são ensinadas em sites pró-ana e pró-mia. Para elas, Ana é que sofre de anorexia, enquanto Mia é quem sofre de bulimia.
Ana Julia Silva (nome fictício), de 1,74m, tem 18 anos e pesa 66 quilos, mas sua meta é atingir os 46 quilos. Ela já perdeu dez e conta que aprendeu na internet os métodos para emagrecer, até mesmo com a prática radical do NF – do inglês no food, ou seja, sem comida – : “A gente combina uma data para começar o NF e todas participam. Tanto o orkut como os blogs ajudam muito. Quando a gente está mal, pensando em desistir, as amigas apóiam”.
Em depoimento à Ana Julia no Orkut, uma amiga confirma o sentimento de pertencer a um grupo, mesmo que virtual. “É muito bom saber que temos pessoas que nos apóiam, mesmo via internet. Elas nos dão forças pra continuar sempre lutando pelos nossos sonhos! Muito obrigada por tudo!”.