Sequelas

Este não será um post otimista daqueles que têm uma mensagem de “vai ficar tudo bem” no final, mas é um post com uma dose brutal de realidade e reflexão porque disso não podemos escapar. Sabe quando alguém te fala que você não pode dar o que não tem? Eu, neste momento, não tenho uma palavra positiva ou uma resolução. Não tenho para mim, não tenho para você e é justamente por isso que quis escrever. As pessoas tendem a romantizar tudo, a sempre querer ver o lado bom de tudo e eu sou dessas também, embora confesse que sou um tanto quanto pessimista e negativa. A vida me ensinou a ser assim, de certa forma, mas até que sou bem otimista no geral.

Hoje, ao refletir sobre algo que não saía da minha cabeça, realmente me peguei pensando se a gente consegue acreditar verdadeiramente no amor depois de ter se ferido tanto, depois de terem nos machucado tanto e arrancado de nós valores, sonhos e esperanças. Eu não sei, no estado atual em que me encontro, se consigo acreditar em alguém sem desconfiar; se consigo me entregar sem sentir aquele medo assolador de ser passada para trás ou se não vou, em algum momento, achar que estou nadando em uma piscina funda e de repente ralar a cara no raso porque tive uma visão distorcida. Não sei, não sei mesmo. O que eu sei foi que cada um que passou pela minha vida deixou uma sequela que afeta totalmente o meu presente e talvez o meu futuro.

Já passei por muita coisa, muita mesmo. Essas experiências me trouxeram muito amadurecimento, mas foram tirando de mim a essência daquilo que eu acreditava. A gente se torna chata, paranoica, desconfiada e insegura sendo que não somos assim, bem… Eu não era assim. Como posso ser a Paula real sendo que todas as vezes em que fui eu mesma fui enganada, traída, passada para trás e tive meus sentimentos descartados como se fossem nada, nada? Como acreditar que uma pessoa vai ser diferente dos outros que te trataram tão mal, te passaram pra trás e brincaram com você? Como recuperar essa fé, me explica?

Imagem de Shutterstock

Não são apenas os homens que agem assim, mulheres também agem. Conheço muito cara bacana que se lascou na mão de mulheres e por isso eu digo que o ser humano está se perdendo. As pessoas estão esquecendo seus valores, estão deixando de lado a premissa do “o que você planta hoje, você colhe amanhã”, no entanto estão destruindo pessoas que têm o coração bom, que acreditam no amor, na amizade, na pureza dos sentimentos com seus comportamentos podres e sem escrúpulos. Isso tudo vale para relações de amizade, familiares e amorosas. Porque sim, o que você faz vai afetar o outro e vai fazer com que ele mude sua forma de pensar e agir por causa da sua podridão. E que direito você tem de brincar com a vida e com os sentimentos de alguém? Nenhum, nenhum! Se você não sabe o que fazer, não quer dividir sua vida com uma pessoa, não quer ter responsabilidades e compromissos, não engane ninguém: vá viver sua vida sem destruir a do outro.

Hoje, quando alguém se aproxima de mim, pareço um bicho arisco que corre para dentro de uma jaula. Ele vai me ferir, ele vai me machucar, ele vai me enganar e o medo me consome. “Ele será apenas mais um que dançará mambo em cima do meu coração e vai me descartar na sarjeta como um copo plástico descartável como todos os outros fizeram”, eu penso. Talvez um dia exista alguém que não seja assim, que seja bom de verdade, que queira o que eu quero e que me entenda, me respeite, me aceite e me ame com toda a bagagem que eu tenho; alguém que tenha paciência suficiente para entender que todas as sequelas ruins poderão ser apagadas, mas que levará um tempo. Como eu acho que vai ser muito difícil disso acontecer, continuo bicho ferido dentro da jaula refletindo em como as pessoas são egoístas e tentando entender por que elas não consegue se colocar no lugar do outro para poupá-lo. É tão difícil assim ser decente, pensar no próximo?

Não tem otimismo, era só um desabafo. Só espero que a leitura faça vocês pensarem porque não existe nada mais triste do que você estragar os sonhos, os valores ou a vida de alguém. Você só tem o direito de cuidar e de estragar a sua própria vida, não a de mais ninguém.

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