Aquele tal de “inferno astral”

Dizem que quando estamos prestes a mudar de idade passamos por um “inferno astral”. Não entendo nada de astrologia, mas que realmente acontece algo estranho comigo pouco antes do meu aniversário, acontece. Parece que a vida joga na minha cara tudo aquilo que ainda não aconteceu e escancara o que eu tenho que mudar; é como se ela enviasse diversos contratempos para que eu os vencesse em tempo de perceber que desse jeito não dá mais para continuar. E não dá mais, mesmo. Sou vítima do próprio destino para onde tentei me conduzir. Às vezes me martirizo por não ter conseguido realizar o maior sonho da minha vida: o de casar.

Vamos por partes porque, neste momento, não estou com pressa e nem com vontade de ser objetiva. Eu quero escrever, quero desabafar. Sou feminista e não vejo homem como um troféu e nem como símbolo do sucesso. Não acho que um homem vai fazer de mim uma mulher mais vencedora ou bem-sucedida, não é nada disso. Me sinto fracassada por não entender, agora a beira dos 33 anos, onde foi que eu errei e erro tanto para espantar tanto o amor. Parece até que tenho o tal do “dedo podre” e só me apaixono pelos caras errados, só me dou mal. Não posso ser tão feia, chata e boba assim para nunca ter despertado aquele “tilt” em alguém; aquele estalo que faz um cara pensar “putz, ferrou, bateu, já era”. Sabe como é?

De todas as minhas amigas eu fui a garotinha que desde que se conhece por gente queria casar e ter filhos. O pior de tudo é que eu encontrei o amor. Não posso ser injusta e dizer que não sei o que é amar porque sei e eu amei muito intensamente. E é uma história tão linda, e ao mesmo tempo tão triste e doida, que poderia virar um livro, um filme, alguma coisa. Mas eu amei com cada poro da minha pele, com cada batimento cardíaco que existe em mim e ele habitou, por uns 5 anos, nos meus pensamentos mais carinhosos, felizes e bonitos. Talvez não fosse pra ser, talvez não fosse a hora… Talvez não seja nada, talvez tenha sido tudo: não dá para querer entender o amor, mas já foi e eu amei. Ah, amei muito!

A crise agora é tentar entender o que eu preciso mudar dentro de mim, que rumo quero dar para meu destino. Eu escrevo para tantas pessoas, leio tanto de tanta gente, aconselho, ajudo, tento amenizar as dores, mas às vezes eu também necessito de um colo, de um cafuné. Me refugio em Deus, eu Sua presença, mas minha carne ainda anseia por um pedaço de Deus que se concretiza em uma das coisas mais belas que Ele já criou: o amor. E eu preciso mudar a minha postura, preciso parar de querer entender, de buscar respostas: preciso apenas aceitar que eu tenho muito para trabalhar em mim. Quero ser mais grata, menos reclamona, menos pessimista; quero voltar a nutrir meus sonhos pensando em formas concretas de realizá-los; quero ser cada vez mais independente emocionalmente porque não sei o que a vida me aguarda: não vou condicionar minha felicidade ao casamento, ao amor. A gente nunca sabe o que vai acontecer, não é mesmo?

Sei que dentro de mim acontece um turbilhão de coisas que pegam fogo, que ardem em brasa e são essas brasas que iluminam minha mente e me fazem refletir e querer buscar por mudança. Eu calho de passar pelo tal do “inferno astral” justo no último mês do ano, mas 2016 pede mesmo por mudança na minha vida e é chegada a hora de abandonar alguns hábitos e adquirir novos, pensar em outras perspectivas, traçar novas metas, me envolver em outros projetos. Andei me abandonando muito nos últimos meses do ano porque me sobrecarreguei de trabalho, mas esse tempo não volta atrás, por isso é preciso agir sempre com sabedoria, com cautela: não podemos nos abandonar porque só a gente pode se tirar daquela solidão do fundo do poço, então agora é hora de colocar os pensamentos em ordem, de buscar respostas, de questionar o rumo das coisas e mudar as atitudes para que o ano que vem possa ser melhor.

E você? O que você deseja e precisa mudar dentro de você para que o ano que vem possa ser melhor?

Eu preciso ser farol da minha própria existência!

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