Meu dia de Carrie

Não sei vocês, mas eu sempre me identifiquei demais com a Carrie de Sex and The City. Dos dramas amorosos às escolhas fashion, ela era um personagem que representava boa parte da mulher que eu queria ser em alguns aspectos. Quem não se lembra da abertura do seriado com a protagonista usando um look fashion e ao mesmo tempo bem simples com uma saia de tule? A verdade é que eu sempre quis usar uma saia bem rodada, de tule, estilo vestido de noiva e surtei quando comecei a ver várias blogueiras plus size gringas usando e criando looks maravilhosos com a peça.

Quando a Thayná, da ChicaBolacha, me convidou para desfilar no FWPS, eu fiquei muito lisonjeada. Lembrando que na coleção de inverno elas haviam lançado algumas saias rodadas com tule, logo perguntei: “posso desfilar com uma saia de tule bem rodada? É meu sonho!” E lá foram as fadas madrinha transformar meu sonho de Carrie em realidade. Quando vesti a roupa, eu senti vontade de chorar, mas eu estava tão feliz, tão feliz, que o êxtase e a adrenalina não deixaram as lágrimas caírem. Acho que foi a primeira vez na vida que eu vesti uma roupa e me senti tão absurdamente linda a ponto de pensar: “hoje eu posso conquistar o que eu quiser!”

Foi com esse sentimento que eu entrei na passarela, feliz, feliz. Quando dei os primeiros passos ouvi pessoas aplaudindo, assoviando, fazendo barulho e meu coração se encheu da mais pura alegria ao receber o carinho das pessoas que acompanham meu trabalho. Me senti querida, especial e abençoada. Após o desfile, perdi as contas de quantas pessoas conheci, de quantas fotos tirei e de quantas palavras de carinho e apoio recebi. É por essas pessoas que tudo o que eu faço vale a pena; é por mim e por essas pessoas de bem que eu divei numa saia puff de tule pra provar que é você quem veste a roupa e não o contrário; é a sua autoestima, é o seu poder e a sua aceitação que fazem com que a roupa fique maravilhosa e todo mundo te olhe com admiração. Eu nunca me senti tão linda e eu emiti essa vibração para quem estava ao meu redor. Não tem a ver com o peso.

Fiz várias postagens nas redes sociais e li alguns comentários do tipo “mas você nem é gorda”; “você emagreceu muito”, “você tá linda neste look, mas vai eu querer usar”. Bom, eu ainda não emagreci nada. Continuo no mesmo peso de meses atrás, no entanto usei um corset da Madame Sher que me deixa com uma super cintura e o look, por si só, é acinturado e cria essa ilusão de silhueta ampulheta, que favorece todas as mulheres. Eu tenho 1,79m e tenho a canela fina, as pernas não tão largas e meu corpo é assim… Sou uma gorda bem distribuída, mas sou gorda e divei no look porque eu me senti diva e maravilhosa nele: não tem a ver com o meu peso e nem meu manequim, como expliquei acima. Você tem que usar aquilo que faz você se sentir incrível e os outros são apenas os outros. Eu saí do desfile e fui pra rua direto, assim, usando essa roupa e ninguém me olhou de forma estranha, ao contrário.

Atrás da blusa, tem uma frase de Andy Warhol: “No futuro, todo mundo será famoso mundialmente por 15 minutos”.

Quero agradecer à Juliana Ricci, que é uma pessoa tão maravilhosa que eu nem sei explicar, daquelas que a gente conhece e se apaixona instantaneamente, pelas fotos. Ela tem o blog Hoje vou assim Plus Size, que é muito bom e vocês também deveriam acompanhar! Obrigada por compartilhar esse momento comigo e por ter se tornado uma amiga especial que eu já considero muito! O dia de ontem foi especial e vai ficar marcado na minha vida. Eu espero que tenha conseguido impactar um bom número de pessoas que acreditavam não poder sair na rua assim: eu saí e divei e nada nem ninguém poderiam dizer qualquer coisa que me ferissem ontem porque a minha autoestima estava nas alturas e quando a gente se sente assim, nada importa: só o amor que você está sentindo por você!

Obrigada, Carrie! Obrigada, ChicaBolacha!

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