Ah Bahia… Bahia, sua linda! Sempre acho que Deus só me fez nascer em Bauru porque tinha algum motivo específico, mas Ele sempre soube que minha alma e meu coração eram baianos. Tenho uma coisa doida com essa terra que não sei explicar, só sei que daqui não quero sair mais. Este foi meu primeiro Carnaval na terra de Dodô e Osmar e vou compartilhar com vocês um pouco da minhas impressões, além de dar algumas dicas se um dia você tiver a intenção de celebrar a festa momesca por aqui no futuro!
O que eu mais ouvia por aí sobre o Carnaval de Salvador era que a cidade ficava cheirando xixi. Olha, pra ser beeeeem franca, eu sentia era cheiro de cerveja quente pelo circuito do Carnaval e, claro, em alguns cantos específicos você sente odor de urina, mas nada perto do exagero que me falavam….as ruas ficam lavadas de cerveja e o cheiro fica realmente forte. Outra coisa que quero pontuar: Salvador não cheira xixi fora do Carnaval, não. Assim como em São Paulo, você só sente esse tipo de cheiro em cantos específicos, principalmente onde há mais moradores de rua. Em qual metrópole isso não acontece?
Vamos falar de brigas: sim, elas acontecem! No primeiro dia de abertura do Carnaval fui com alguns amigos para a fanfarra da Barra e praticamente só vi brigas. Um batedor de carteira chegou a me fazer de paredão pra não apanhar e eu quase desmaiei de nervoso. Se você for ficar na rua, vá com um grupo que tenha um número razoável de pessoas e procure ficar perto dos postos policiais. Você também precisa prestar atenção se onde você está tem espaço pra correr ou recuar, pois confusões podem estourar a qualquer lugar e a qualquer momento e você precisa sim ter pra onde correr: se começa uma briga, vira uma muvuca louca e de repente são 10 pessoas se batendo.
Eu fui assim pra fanfarra da Barra!
Se você quiser curtir o Carnaval, há algumas opções diferentes para escolher: camarotes, blocos, pipoca, circuito Barra/Ondina, circuito Campo Grande. A pipoca é a galera que fica na rua, do lado de fora das cordas que separam os blocos dos trios. Eu vi muitas famílias com crianças na pipoca, todo mundo curtindo numa boa e, sinceramente, parece ser bem divertido: é só tomar cuidado com as brigas, como disse no parágrafo anterior! Eu fui pro Camarote da Brahma como convidada e foi uma experiência incrível. Dentro de um camarote você fica mais “protegida”, é tudo incluso, você tem shows particulares, posto médico, salão de beleza e outras vantagens. Adorei o Camarote da Brahma e nunca vi tanta comida junta na minha vida… Acho que tinha mais opções de comida do que em festa de casamento ou formatura, juro!
Não consegui ir pra um bloco atrás do trio porque eu tinha que trabalhar e já estava cansada, mas eu acho que o gostoso mesmo, se você quer curtir mesmo o Carnaval, é ir pra rua! Eu ia seguir o bloco Largadinho, da Claudia Leitte, mas acabei não conseguindo ir…vai ficar pro ano que vem! Também quero conhecer o Carnaval do Campo Grande, pois dizem que é mais familiar e “old school”…só ouvi coisas boas sobre ele. Nas ruas você vai ver de tudo: famílias, namorados, casais homossexuais, drag queens, gente fantasiada, gringos e, claro, maus elementos. No geral tá todo mundo de boa querendo curtir a festa, dançar e se divertir. As pessoas fazem amizade, a pegação rola solta e o clima é realmente muito bacana.
Uma coisa muito legal pra contar pra vocês é sobre o bloco dos Filhos de Gandhy. Esse bloco surgiu em 1949 (leia a história aqui) e é hoje o maior de todos, com mais de 10 mil integrantes – APENAS HOMENS!!! A roupa deles é linda, você fica encantada e, minha filha, vou te dizer: é nesse bloco que estão os caras mais bonitos do Carnaval de Salvador. Se um gandhy te oferecer um colar, isso significa que ele quer te dar um beijo. Se você aceitar o acessório, tem que beijar. É legal, é bom pra autoestima, mas eu fico meio com nojinho de pensar em beijar um cara que já pode ter beijado 30 bocas naquela noite, saca? Não aceitei nenhum colar, não! Hahahaha
Na volta pra casa parei esse grupo de gandhys e pedi pra tirar foto com eles pra mostrar a roupa pra vocês! É muito legal!
No Carnaval tudo tá liberado: pode usar o tanto de brilho que você quiser e fazer adereços incríveis pra usar na cabeça que muita gente usa e fica super bacana. Pra curtir mesmo dê preferências a shorts, sapatilhas, sandálias baixinhas ou tênis. O ideal é não ir com um calçado aberto porque podem pisar e machucar seu pé e você pode pisar em poças imundas no meio da rua sem perceber. Eu fui de saia nos dois dias porque estava em camarote, mas todo mundo me aconselhou a ir de shorts se fosse ficar na rua porque dizem que os caras passam a mão sem dó. No entanto, devo dizer: enquanto eu atravessava a pipoca pra chegar até o camarote – e eu fiz isso sozinha no primeiro dia, sem companhia alguma – ninguém mexeu comigo ou tentou encostar em mim.
Meus looks de Carnaval…não fiz nada de mega elaborado, não porque tive que me arrumar correndo nos dois dias que fui!
O maior pesadelo do Carnaval é a volta: é a coisa mais difícil do mundo achar um táxi porque existem milhares de pessoas nas ruas querendo a mesma coisa que você, então, imagine o sufoco! É bom você ir com um grupo e deixar o carro em alguma rua que fique mais ou menos próxima, designar um motorista que não vá beber e, na volta, fazer a caminhada até o carro ou então ir andando mesmo ou pedir pra alguém ir buscar você. Se for depender de táxi vai precisar de muita, mas muita paciência mesmo!
Sobre o meu Carnaval, olha… Eu conto tudo pra vocês, né? Fui dar o primeiro PT (perda total) da minha vida aos 31 anos. Foi meu primeiro porre de verdade e eu dei um trabalhão! Trabalhei no sábado, saí de casa sem comer e comecei a beber suco com vodka. Subiu muito rápido porque não tinha me alimentado. Passei horas no posto médico tomando glicose desmaiada. Tô cheia de roxos pelos braços e mãos porque precisaram me picar 5 vezes até acharem minha veia e não, não é bonito, mas uma vez na vida acaba acontecendo. O pior é que eu bebi pouco, mas como sou marinheira de primeira viagem porque nunca fui de beber, nem me liguei que ia ficar tão mal por estar de estômago vazio. A minha sorte é que cuidaram muito bem de mim – obrigada por tudo, Leandro, embora duvide que você vá ler isso.
É, gente….todo Carnaval tem seu fim e o meu encerrei no domingo mesmo porque tinha que trabalhar normalmente na segunda-feira (jornalista sofre, viu?) e estava ainda cansada da ressaca física e, principalmente da moral. Tenho uma história épica pra contar do meu primeiro Carnaval em Salvador. Acho que a terra do dendê me batizou de jeito mesmo. Meu coração é seu, Bahia! Agradeço o convite para curtir o Carnaval no Camarote Brahma e em 2015 tem mais – no entanto com um pouquinho de experiência que me faltou este ano…hahaha!
Um comentário
Maria Faria
Adorei o post. E olha que não gosto muito de carnaval hein. Deu vontade de conhecer. Você ficou linda!