Reprodução/ Folha de S. Paulo
Modelo em desfile na última edição da SPFW.

Os dois maiores eventos de moda no Brasil: São Paulo Fashion Week e Rio Fashion Week, que ocorreram agora em janeiro, colocaram de novo em discussão um problema que se repete todos os anos e não se resolve: a magreza excessiva das modelos.

Em muitas delas, a roupa parece que desfila sozinha sem um corpo que a sustente. A indústria da moda precisa ser responsabilizada por tamanha falta de senso, e tanto o governo quanto o Ministério da Saúde devem exigir um mínimo de massa corporal, considerado aceitável, como foi feito na Espanha há uns três anos.

A família também não pode ficar distante dessa problemática, já que as meninas despontam para as passarelas muito jovens, com doze ou treze anos e, a partir daí, com anuência dos pais, passam a comer uma dieta de morte que, com o tempo, pode matá-las de fato, como já ocorreu com algumas modelos brasileiras não faz muito tempo.

O desejo de ter uma filha no topo da moda não justifica o sacrifício da garota de deixar de se alimentar de maneira saudável, como se o fim de chegar a uma carreira vitoriosa justificasse o meio insuportável de passar por carências alimentares profundas, nessa trajetória rumo ao “sucesso”.

O espanto de vários articulistas e de especialistas em moda presentes aos desfiles deste ano, ao verem nas passarelas garotas pálidas, esquálidas, com olheiras e com uma expressão triste e doentia deve se transformar em providências para que esse quadro mude. Mais massa corporal não irá tirar o glamour da roupa criada por determinado estilista. Quem a veste e a exibe precisa estar em boas condições físicas e psicológicas. Modelo anoréxica não representa boa propaganda para estilista nenhum. Depõe contra.

Se eu fosse estilista, gostaria que as roupas criadas por mim fossem vestidas por modelos saudáveis, alegres, bem alimentadas, não necessariamente gordas, mas numa relação peso/altura coerente. Modelo de 1,80 metro pesando 55 quilos ou até menos é uma aberração. Não sou médico, mas duvido que algum profissional da área considere normal essa distância que separa a altura do peso.
De que adianta ser contratada por uma grife importante se, para desfilar, a modelo terá que passar por uma dieta de fome que poderá comprometer a sua saúde para sempre?

Por que exigem só das mulheres essa tortura? Os homens que desfilam não são anoréxicos. Estão longe disso. Por que as mulheres têm que sofrer com essa tirania que não termina? Glamour sem saúde é só uma encenação, uma imposição cruel, que não pode continuar ad eternum.

As modelos de hoje me lembram os faquires de antigamente, que se exibiam em cidades do interior e permaneciam dias deitados em uma urna de vidro, sobre uma cama de pregos, ao lado de uma cobra, e não comiam praticamente nada, pelo menos enquanto o público estava presente. Algumas modelos de hoje são mais magras que os faquires de outros tempos.

Por: Jaime Leitão,  cronista, poeta, autor teatral e professor de redação de Rio Claro.

Comentários

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2 comments

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modelos já morreram por estarem com anorexia…Um tempo atrás foi muito falado nisso mas , pelo jeito voltaram a tirania da moda…Nossa eu vejo essas modelos ao invés de ver beleza, vejo tristeza, sinto pena. Como se elas estivessem pedindo ajuda e ninguém faz nada pra ajudá-las. /eu tbém postei sobre isso no meu blog…Está mesma foto…è preciso dar um basta nesse sofrimento dessas modelos…Isso não pode continuar…

Liria do blog gordinhasbonitas.blogspot.com

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Gostei muito desta matéria. Espero que muitas pessoas venham a ler e claro que tomem maturidade e saibam interpretar vossas palavras,pois se trata de um problema muito séria,que tem solução. Porque não precisamos nos mudar, emagrecer,para nos enquadrar em padrões de beleza,nem para as pessoas gostarem de nós, e sim temos que ser o que somos, e nos orgulharmos disso. Isso sim, faz uma pessoa feliz! (: Parabéns !

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