(Estou me referindo à grandeza no sentido literal. Lateral, pra ser mais exata. E você, colega, que possui fartura de curvas e carnes e formas, entende perfeitamente o que estou querendo dizer, não é mesmo?)

Muito prazer! Eu sou a Dona Farta e conheço de perto todas as dificuldades que nós, grandes mulheres, enfrentamos no nosso cotidiano, principalmente por vivermos num mundo onde só as pequenas mulheres são valorizadas e o fato de ser grande é demonizado quase como se isso fosse um defeito, uma doença.

Não, não é. E, acreditem, isso não é papo de “gordinha conformada”.

Muito se discute sobre o preconceito contra pessoas gordas, sobre os malefícios da obesidade, sobre os tratamentos (muitas vezes radicais e desnecessários) para perda de peso e até mesmo sobre a aceitação do próprio corpo, mas na maioria das vezes essa discussão é apenas balela porque está baseada na referência do “ideal magro”, tratando como excluídos todos aqueles que fogem a este padrão.

E então vem aquela conversa de que “você precisa se aceitar como você é”, ou “você precisa ser feliz com o corpo que Deus lhe deu”, e mais um monte de frases bregas e imprestáveis que servem apenas pra jogar sua auto-estima ainda mais pra baixo, quase como quem diz: “Oh, minha filha, você é gorda e ser gorda é feio. Conforme-se!”

Percebem agora como até no apoio há um certo preconceito velado? Justamente porque a discussão continua baseando-se no padrão magro como ideal de beleza, como se este ideal fosse supremo, incontestável, acima do bem e do mal. E claro, não é!

Quer ver só? Procure no dicionário o significado da palavra “ideal”. Segundo o Michaelis, por exemplo, e dentre outras definições, “ideal é o modelo idealizado ou sonhado pelo artista”, o que deixa claro que é algo de caráter totalmente subjetivo que vai variar de pessoa para pessoa. Sempre.

E se o ideal é algo assim tão subjetivo, onde está a lógica de cultuarmos o ideal magro como único a ser buscado? Quem foi que disse que só o magro é belo? Alguém muito estúpido, sem sombra de dúvidas.

Para ilustrar a questão, e ficando apenas no exemplo mais óbvio e famoso, vejamos Botero, famoso por suas belas pinturas de mulheres pra lá de fartas. Alguém acha que ele considerava as mulheres gordas feias e por isso as pintava? Claro que não! Isso nem faria sentido. Por acaso, para Botero, provavelmente o ideal de beleza estava próximo da figura cheia de curvas e carnes e formas, e olhando algumas de suas obras é impossível ver feiúra naquelas grandes mulheres. São todas lindas, leves, sensuais, sedutoras E GORDAS.

Botero_29

Pintura de Fernando Botero / Divulgação

Porque sim, pode ser bonito ser gorda, tanto quanto pode ser bonito ser magra, tanto quanto pode ser bonito ser baixa, tanto quanto pode ser bonito ser alta, tanto quanto pode ser bonito ser branca, tanto quanto pode ser bonito ser negra, tanto quanto pode ser bonito ser índia e por aí vai. Há espaço para todos os tipos de beleza e tudo depende do ideal de quem a vê.

Claro que na prática é bem difícil convencer-se verdadeiramente deste raciocínio, até porque o ideal magro foi plantado em nosso cérebro desde sempre pela mídia, pela indústria da moda e etc  e a maioria de nós, grandes mulheres, vive às voltas com os próprios contornos, imaginando como o mundo seria lindo se tivéssemos corpos esquálidos e livres de qualquer curva mais acentuada.

Por isso é preciso, antes de mais nada, criar outros ideais, permitir que a beleza daquilo que é diferente do padrão também seja reconhecida pelos olhos, treinar o cérebro a reconhecer e valorizar a beleza além do óbvio, e então, com o tempo, conseguir se olhar no espelho e, com toda a fartura que lhe pertence, reconhecer sinceramente a sua real beleza.

Não se iluda, colega, você É LINDA. Talvez só não tenha descoberto ainda!

Alguns recursos podem ajudar bastante neste processo e falaremos sobre eles nos próximos encontros!

Beijos Fartos, e voltem sempre!
Dona Farta

Comentários

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5 comments

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Quem gosta de osso é cachorro. E tenho dito!

[palavra de quem sempre teve queda por gordinhos]

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Comentário Concordo plenamente com vc, pois se vc não usar os seus neurônios qualquer pessoa poderá te dizer o que é belo ou não.
Parabêns pelo post e sucesso.

BTA.

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ComentárioAssino em baixo em tudo que vc disse ,+ vou repetir uma frasa q já escuto a bastante tempo: O que importa é o conteúdo e não o frasco,parabens bjus sou sua fã.

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Comentário A Dona Farta é LINDA, INTELIGENTE, uma mulher MUITO ESPECIAL !!! Temos sorte de poder acompanhar o seu ponto de vista ultra-moderno e despido de preconceitos sobre o nosso dia-a-dia, o dia-a-dia de mulheres fartas de corpo e de alma !!!! Boa sorte aqui e muitos beijos!

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Adorei como se expressa.. coloquei esse post em meu Blog, que estou iniciando.
Sempre achei que as pessoas que buscam o diferente, não se rendem ao mesmismo imposto pela ditadura da moda ou por pessoas que não tem a capacidade de ver o belo em tudo! eu vejo o diferente e amo as diferenças. Beijos!

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