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Sabotagem
Eu quero que você se uh!
top, top, top, uh!

(Cássia Eller)


Quando pensei em falar sobre sabotagem no blog, logo me veio a música de Cássia Eller na cabeça. Esse trecho que diz “eu quero que você se uh! top, top, top, uh” para mim é, nada mais, que uma forma de dizer: quero que você se lasque. Neste caso, é como um recado do inconsciente me tirando do trilho para que eu “me ferre”. Mas por que isso aconteceria? A minha mente não deveria trabalhar ao meu favor? A resposta óbvia seria dizer que sim, mas não é bem assim que as coisas funcionam.

A maior problemática da minha vida gira em torno do amor e da solidão. Desde criança me sinto sozinha e é duro de explicar. Às vezes posso estar rodeada de pessoas, mas é como se estivesse completamente só. Desde que meu avô Pedro faleceu (eu tinha 4 anos), um buraco gigante ficou em mim. Ele era a mais pura e perfeita fonte de amor que já tive. De alguma forma muito maluca e inconsciente, percebo hoje que preciso entender que posso e mereço ser amada em minha totalidade.

Por muitos anos trabalhei na terapia a questão da minha gordura. Ela sempre foi uma forma inconsciente de proteção, um filtro natural. É fácil perceber o quão real isso é em minha vida por causa da sabotagem. Toda vez que começo a atravessar uma “linha de chegada” de um peso que é inferior ao que eu estou acostumada, me saboto. As mil e uma dietas que já fiz na vida não deram certo porque eu parava todas as vezes em que começava a sair da minha zona de conforto. Eu sei como é ser gorda, eu sei como é viver com esse corpo, mas não sei o que pode acontecer se eu for diferente disso, não sei o que me aguarda.

E qual a razão da sabotagem?

No ano passado engordei, subitamente, 15 quilos. Este ano descobri que isso aconteceu porque tenho hiperinsulinemia. Levei um choque, mudei meu estilo de vida e o peso “recém ganhado” começou a ir embora. Cheguei a eliminar 20 quilos. Domingo subi na balança e vi que dos 20, já havia ganhado 3. Sabotagem. Quando a balança começou a descer e sair da minha zona de conforto, parei. Voltei a comer farinha e açúcar, mesmo passando muito mal no começo. Meu corpo já estava desintoxicado. Com as altas temperaturas, me rendi a alguns copos de cerveja com os amigos. Bebida é péssimo para a minha condição.

Não sei o que é ser magra nem por 30 segundos e magra mesmo nunca serei. Também não sei como é ter um corpo que não seja necessariamente magro, mas que seja mais leve do que esse que tenho desde que nasci. Essas coisas assustam o meu inconsciente e não sei porquê, realmente, mas assustam porque SEMPRE rola sabotagem. Depois de tanto refletir esses dias, comecei a entender que preciso absorver a ideia de que posso e mereço ser amada por quem sou e não tem a ver com corpo, repito. No fundo – e isso não é nada fácil de expor – tenho essa ideia de que ninguém vai conseguir gostar de mim, me amar. Esse pensamento não está relacionado ao meu corpo e sim ao meu “eu”. Quando meu avô morreu, parece que gravei em mim que todo o amor que eu poderia receber na vida tinha acabado ali, foi como se a fonte tivesse secado e eu acreditasse que mais ninguém poderia me amar como ele me amava.

Comecei esta semana decidida a vencer a sabotagem. Agora estou na minha zona de conforto total e me preparando para sair dela. Há um lado meu totalmente desconhecido que quero explorar e medos que quero superar. Há poucos dias venho meditando. Converso com meu corpo e minha mente. Me permito, me ajudo, me acalento e entro em sintonia com o meu eu mais profundo para que ele esteja junto comigo e me ajude. O medo não pode vencer. Estou dando passos em direção ao amor e ele não vem ninguém: ele vem do centro, vem de mim. Pela primeira vez quero me colocar em primeiro lugar, quero estar em completa harmonia comigo mesma para que eu me baste, para que eu seja abundante e plena. É esse amor que venho buscando desde que entendi algumas coisas a meu respeito. Antes de atrair o amor de um homem e estar em um relacionamento, por exemplo, preciso conquistar o meu próprio amor em sua totalidade e isso tem a ver com perdão, com culpa, com meus comportamentos. Eu consigo hoje amar o meu corpo, mas será que consigo amar a Paula? Aquela cheia de defeitos, que precisa melhorar aqui e ali, que já fez altas besteiras na vida… É ela que eu quero conseguir amar na totalidade.

Adeus, sabotagem. Você não fará mais parte da minha vida porque agora eu entendo que não preciso mais de você! Há um novo caminho que quero trilhar e nesta nova estrada eu sou o centro!

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