Depois de um longo e tenebroso inverno, Titia Farta está de volta! E mais uma vez pra tentar “desenhar” aquilo que as pessoas insistem em não entender: Preconceito X Igualdade de Direitos.

Não há melhor exemplo pra desenvolver o assunto neste momento do que a “febre” Big Brother Brasilreality show que está em sua 11ª edição e que, críticas à parte quanto à sua qualidade ou utilidade, mais uma vez lança uma polêmica que pode ser bem válida.

A polêmica, no caso, atende pelo nome de Paula. “Paulinha” – para aqueles que já ficaram “íntimos” –, a loirinha-furacão de Roraima que em pouco mais de duas semanas de programa já monopolizou todas as rodas de discussão sobre o BBB.

Antes de mais nada, preciso deixar BEM claro que não tenho procuração pra defender Paulinha ou quem quer que seja, e nem pretendo fazer isso, até porque não a conheço e estou tão vendida quanto vocês, refém da edição *cof cof* “imparcial” da TV Globo e da meia dúzia de informações que circulam na mídia sobre os participantes.

O que eu gostaria de fazer, sem defender nem crucificar ninguém, é aproveitar a polêmica pra mais uma vez manifestar minha indignação com o preconceito nojento que as pessoas têm contra os gordos, e que, ao contrário do que gostaríamos, sempre pode nos surpreender de maneira negativa, haja vista tudo que Paulinha já passou dentro do BBB – ser apelidada de “jabulani” e “miss piggy”, dentre outras coisas, sem contar tudo que as pessoas têm falado sobre ela aqui fora.

A polêmica começou na estréia do programa, quando Paulinha apareceu espremida num minúsculo vestido preto que ostentava cada detalhe do seu corpo roliço. “Menina vulgar e sem noção”, bradavam alguns! “Está envergonhando a classe das gordinhas”, reclamavam outras. Essas, inclusive, da própria “comunidade plus size”.

Era apenas o começo porque Paulinha não estreou no reality show naquele vestido de gosto duvidoso à toa. O vestido, digamos assim, era uma pequena amostra de sua personalidade – ousado, extravagante, assanhado e, dependendo do ponto de vista, beirando a vulgaridade. Assim é Paula, ou pelo menos é assim que ela (ou a edição do programa) tem se mostrado.

Até aí, qual a novidade? Estamos na 11ª. edição do BBB e mulheres extravagantes, ousadas e que beiram a vulgaridade (ou mergulham nela de cabeça) não surpreendem mais. Há quem diga, aliás, que o objetivo de uma mulher ao entrar num reality show é a exposição mesmo, porque se elas não faturarem o prêmio principal, pelo menos faturam alguma grana com a exposição de seus corpos em revistas e sites do ramo depois. Desde que o Mundo é Mundo é assim, quer dizer, desde que o BBB é BBB é assim.

E por que raios então a nossa “Beth Ditto” loira (como diz o querido amigo @stapafurdyo) causou tanto furor, se não foi a primeira e nem será a última mulher a se expor desta maneira num reality show?

Ora, pelo motivo óbvio: Porque ela, segundo os padrões estéticos “vigentes”, é GORDA. E enquanto GORDA não poderia participar de um reality show como o BBB, e, participando, não poderia ser ousada, assanhada ou vulgar, porque isso, ora ora, é uma exclusividade das magrelas e/ou gostosonas.

Onde já se viu uma mulher gorda cheia de autoestima? Onde já se viu uma mulher gorda que pensa que pode sair por aí seduzindo quem ela bem entende? Onde já se viu uma mulher gorda que se permite usar roupas ousadas e aparecer na televisão desse jeito? Que absurdo!, dizem alguns! Que vergonha!, dizem outros.

Diante de tanta indignação, a pergunta que não quer calar é: num reality show como o BBB, por onde já passaram mais de 70 mulheres ao longo dos últimos 10 anos, mulheres de (quase) todas as raças, cores, estilos, idades e comportamento; num reality show em que mulheres já se permitiram transar dentro da casa, compartilhar e/ou trocar de “namorados”, já “pagaram peitinho” e outras cositas más e já ultrapassaram todos os limites da compostura e/ou vulgaridade, por que raios justamente a Paulinha é pega pra Cristo? A resposta, mais uma vez, é óbvia: Porque ela é GORDA.

O problema, meus amores, é que para as pessoas em geral o Gordo é sempre alguém que “paga o preço” de ser gordo com frustrações sexuais. Para as pessoas, o Gordo é aquele que sempre terá problemas/complexos com seus corpos, dificuldades para estabelecer relacionamentos e outras coisas do tipo. Para as pessoas o Gordo, por mais “feliz” que demonstre ser, é alguém que vai ser sempre condenado a viver sob a sombra de seus complexos, porque ser gordo é feio, logo, não é possível ser feliz assim.

Ora, Ora, Ora… Eis a nossa personagem do momento aí pra dar um tapa na cara da sociedade e mostrar que não é bem assim.

Paulinha incomoda demais porque não precisa levantar bandeiras a favor da fartura para se sentir segura, nem se esconder atrás de um discurso politicamente correto. Ela não precisa comer pouco pra fazer a linha “sou gorda porque tenho problemas genéticos e não porque como muito”. Ela não precisa vestir burca pra fazer a linha “tenho noção de que meu corpo não atende os padrões e por isso vou ser discreta”. Ela não precisa abrir mão dos seus prazeres nem fazer linha nenhuma, porque ela é – ou pelo menos é assim que a tenho visto – autêntica. Tem autoconfiança, acredita na sua beleza (e particularmente acho-a muito bonita mesmo), no seu corpo e no seu poder de sedução. Não vincula sua possibilidade de viver qualquer situação ao seu corpo – são coisas independentes. Ela é o que é e faz o que acha que deve fazer sem usar seu corpo roliço como escudo pra se podar. Isso se chama CORAGEM. E por isso incomoda tanto, especialmente os covardes reféns dos padrões!

Vejam que não estou aqui “defendendo” as atitudes da Paula, tampouco crucificando. Assim como todo mundo, tenho também minhas reservas quanto ao que, vez ou outra, considero exagero, mas… e daí? Por acaso ela está lá como representante de uma classe? Por acaso ela é Embaixatriz da Moral e dos Bons Costumes? Por acaso ela deve satisfações sobre o modo como escolheu viver a mim, a você, a qualquer um?

Se trocentas mulheres de diversos comportamentos já participaram do BBB agindo como bem entendiam, por que raios Paulinha não pode? Pode sim! E você tem todo o direito de reprová-la. Só não pode vincular sua reprovação ao fato de ela ser Gorda, porque aí sim, é preconceito. Puro e Autêntico Preconceito.

Numa discussão sobre o tema outro dia num post de um colega no Facebook, uma moça debateu comigo insistindo que “Paulinha tem problemas de autoestima e se finge de segura, mas se fosse segura não agiria como uma piranha” (sic!). Quer dizer, para esta moça – e ela é só um exemplo num mar de gente que pensa assim – o fato de Paulinha ser atirada tem ligação direta com sua autoestima, e ela precisa ser vulgar porque é o único modo que tem de conseguir alguma coisa. Raciocínio bem medíocre, diga-se de passagem. Se isso não é preconceito, eu não sei mais o que é.

Por que diabos ninguém questiona a autoestima das magrelas que, tal qual Paulinha (ou até de maneira mais ousada) também são “atiradas”? Por que ninguém dizia, por exemplo, que a Fani do BBB 7 tinha problemas de autoestima já que ficou o programa inteiro dividindo Diego Alemão com a Siri? Por que ninguém questionou a autoestima das moças que se envolveram sexualmente e/ou em carícias ousadas sob o edredom com participantes em outras edições?

Apedrejam Paulinha porque ela age exatamente como a grande maioria das mulheres que participa de um reality show – ela se expõe – mas não devia exclusivamente porque é Gorda e, enquanto Gorda, tinha que mostrar recato para avalizar o estigma preconceituoso de que gordos são frustrados e infelizes.

Balela!

Por isso sou tão fã de Paulinha, apesar de conhecê-la tanto quanto conheço os demais participantes: quase nada. Não tenho instrumentos suficientes para julgar nenhum deles – e nem pretenderia – mas Paulinha ganhou meu respeito e admiração porque, sem dúvida, uma coisa ela é, pelo menos no BBB: Bem resolvida!

E num universo de pessoas – especialmente mulheres – mal resolvidas com seus corpos, vítimas da balança e da folha de alface de cada dia, uma mulher gorda, que come 8 fatias de pão de uma vez (como o “gentil” Pedro Bial fez questão de frisar outro dia), e mesmo assim acredita no seu poder de sedução, na sua beleza, permite-se usar biquínis minúsculos e vestidos escandalosos, causa mesmo muito incômodo e muita inveja!

A cereja do bolo foi ela ter ficado com Cristiano, o galã da casa. Não importa se ele ficou com ela por atração ou por estratégia de jogo – dizem que ele só quis fazer a linha do cara legal que pegou a gordinha (mais um preconceito?). O fato é que, não tivesse Paulinha segura de si, não teria se jogado nos braços do homem mais cobiçado da casa, temeria ser rejeitada, temeria levar um fora, temeria viver, como, aliás, temem muitas mulheres – gordas ou não.

O exemplo Paulinha é uma ótima ilustração para o que acontece o tempo todo na “vida real”. Falo com conhecimento de causa, inclusive. Perdi a conta das vezes em que fui taxada de vulgar (e outros adjetivos menos lisonjeiros) simplesmente porque me permitia usar as mesmas roupas que as magras, porque me sentia linda, me permitia namorar, badalar, causar por aí. E como sempre fui do time das Fartas, isso incomodava muita magrela “sem sal” que achava que a “competição” comigo estava ganha e quebrava a cara.

Porque, sim, é possível ser gorda e feliz. Mais que isso, é possível ser gorda e não viver em função disso – é só um corpo, que alguns acham atraente e outros não. É possível ser gorda e linda, interessante, gostosa, despertar desejos e ter uma vida sentimental / sexual plenamente feliz.

Sem moralismos, porque cada um tem seus limites morais de acordo com a própria história e as próprias crenças. Sem julgamentos, porque cada um tem liberdade de viver do jeito que bem entender. Sem preconceitos, porque no fundo no fundo um corpo é apenas um corpo – exposto ou não, e ninguém vai além se não houver conteúdo que o sustente.

Mais que um corpo magro ou gordo, há que se ter personalidade. E isso nossa Paulinha tem mostrado ter de sobra! Ressalvados os exageros, fica o exemplo!

Beijos Fartos, e, Go, Paulinha!!!

Comentários

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22 comments

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Gente, eu não estou assistindo BBB esse ano, mas nos comentários que vejo pelo twitter, só vejo crueldade. Preconceito contra a transexual, preconceito contra a gordinha, enfim, um barril de preconceito. E esses comentários minam qualquer pingo de vontade de assistir, pq tudo isso é caso pensado. Desde a Elenita o tio Boninho sabe que uma mulher gorda com personalidade forte dá o que falar. Os mesmos que se incomodam com a auto-estima da tal Paulinha e com as escolhas da trans, votaram no Dourado na edição passado, acusando-o de homofóbico… TUDO ISSO ME IRRITA MUITO. E a titia Farta, como sempre, disse tudo! Se toda gordinha é legal por “escudo”, que ótimo escudo temos nesse mundo de gente chata.

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A todo momento vejo brincadeira na Tv menosprezando mulheres gordinhas…se a midia divulga o erro, o preconceito não acaba nunca. Parabens pela iniciativa e Paulinha…você é LINDA!

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Ameeeeeeeeeeeeeeeiiii, parabénss, ótimo texto, realidade pura, e a cada nova visão que me mostram quem é a Paulinha, mas começo a admirá-la.

Amei msm e indico.

Bjssssss

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Porra, muito legal teu texto.

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Fartinha,

Você mandou MUITO BEM neste texto. Queria parabénizá-la por tanta atitude!

Beijos da chefitcha =D

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Muito bom o texto Dona Farta!!!!! Excelente!!! E dá-lhe Paulinha!

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Eu não curti o vestidinho preto da Paulinha por questão de gosto pessoal mesmo, mas ela tem as pernas bonitas e não ficou feio.
Tive um certo receio quando ela entrou na casa, pois parecia que ela não curtia o corpo dela, com os rumores que havia “photoshopado” as fotos em que ela aparecia de biquini.

Mas depois que assisti alguns episódios eu vi que ela era uma pessoa super sociável…e legal. Está defendendo muito bem nós fofinhas!

A edição do reality deixa a desejar né…. pois não mostrou a Paula lascando o beijo no Cris, mas mostrou ela comendo pão…e isso virou motivo de piada…

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Ótimo texto! Se essa menina conseguir fazer a maior parte das pessoas entender metade do que vc colocou no texto, o BBB já vai ter feito uma grande contribuição para a humanidade!

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Parebéns,

Mais uma vez vc conseguio mostrar, com sábias palavras, como o preconceito nesse pais existe, e acima de tudo como ele é velado.

Beijos e continue sendo sempre essa mulher Farta e MARAVILHOSA

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Farta….teu nick é sinônimo e antônimo ao mesmo tempo….paradoxo total: farta de sensibilidade…inteligência e elaboração, de perceber que as pessoas são muitas vezes medíocres e invejosas, pouco cientes da própria baixa autoestima, que descontam sem dó noso outros….se bem, e aqui minha cota de preconceito, que muitos dos que estão “lá na casa”, não tem condições de elaborar muita coisa (assim como os que aqui fora estão). e farta, como no imaginário popularesco da figura do caipira, farta “instrução” e conhecimento para as pessoas serem realmente mais libertas, mais respeitosas e entenderem que cada um pode ser a dor e a delicia de ser o que é…sem a necessidade da aprovação do outro.

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Sou e sempre fui uma mulher acima do peso, muito bem resolvida quanto a isso, e fico meio chateada com estes textos que separam o mundo em “nós” e “elas”.

Tenho várias amigas gordinhas adoráveis e várias amigas magras tão adoráveis quanto.

Não consigo entender um texto de um site tão legal como o Grandes Mulheres que contenha a palavra “magrela” três vezes.

Eu não chamaria ninguém de “magrela” assim como eu não gostaria de ser chamada “gorducha”, o que dirá “magrela sem-sal”.

Será que sempre temos que nos defender atacando?

Sobre a Paula, eu não acho que o simples fato dela ser “plus size” é motivo o suficiente para torcermos para ela. São suas atitudes que devem fazer isso. E as atitudes dela causam, no mínimo, vergonha alheia, pelo menos em mim.

Dando uma olhada rápida no meu twitter, pude ver quase todos os participantes sendo ofendidos, cada um por uma “característica” diferente, como sempre acontece no BBB, não apenas a Paula. Dizer que só ela é perseguida é uma falácia para gerar polêmica.

Façam um teste, procurem “vagabunda do BBB11” no google e vejam quantas mensagens aparecem, se referindo a 4 ou 5 das mulheres da casa. Isso pode? Como uma “grande MULHER”, isso me ofende muito. Muito mesmo.

Desculpem por escrever tanto, mas desde que conheci o Grandes Mulheres, através do Papo de Gordo, sempre o vi como um site para agregar as mulheres, não dividir. Este texto parece ter sido feito para dividir.

Marcia R*

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Márcia,

Obrigada pelo comentário. Acho que o ideal é que a Dona Farta lhe responda, pois o texto é de autoria dela, mas mesmo assim, gostaria de dizer algumas coisas. O texto não trata de uma segregação de “tipos de mulher” e creio que quando ela fala em “magrela”, ela nem pensou no peso que também envolve o adjetivo. Somos chamadas de gordas com tanta frequência que acho que a cabeça da sociedade já é segregada por si só. Se ela disse magrela sem sal, será que não é porque de repente somos chamadas de coisas muito piores e ela teve um momento de desabafo? Não questiono aqui se a posição dela é certa ou errada, mas todos temos nossos momentos e uma coisa posso lhe garantir: quando a Farta escreveu este texto, mil discussões estavam rolando no Twitter e foi um dia em que o Pedro Bial, inclusive, fez comentários muito maldosos em relação aos gordos. Por isso, talvez, ela tenha usado termos mais fortes ou não tão adequados assim para se referir a muitas coisas.

Em relação à Paula, vamos lá. EU, PAULA BASTOS, estou torcendo para ela. Nem sei se a Farta está, mas em momento algum estamos induzindo pessoas a torcerem pela garota porque ela é gordinha. Eu, particularmente, gosto dela. Acho que ela faz mil coisas que não concordo, mas ela também faz outras que me agradam. Sei ponderar. Gosto de muitas coisas nela e embora ela me cause vergonha alheia em muitos momentos, ela ainda é minha preferida. Várias pessoas estão desgostosas com as atitudes dela, mas como cada um é cada um, para mim ela não é tão chocante assim, pois o comportamento que ela tem para mim é normal de ser observado por qualquer pessoa que frequente uma balada. Muitas das meninas e mulheres, hoje, estão assim, agem assim. É certo? É errado? Não vou entrar nesse mérito, mas minha torcida por Paula não tem a ver com o peso dela. A acho simpática, acho que ela não causa intriga e acho, que do jeito dela, ela está fazendo um bom jogo. O que eu acho super legal? Sim, acho que o fato dela ser gordinha e não se importar tanto com isso e não ficar levantando bandeira e nem se vitimizando é bacana.

Eu também vejo muitos comentários em relação à outras mulheres do BBB, Márcia, mas no caso, por sermos um site que trata de plus size, é óbvio que prestamos mais atenção no que acontece com a Paula e sim, é diferente porque até agora, apenas ela e Helenita foram “diferentes” dos padrões de beleza de mulher que o BBB sempre colocou na casa. As outras, me perdoe, são sempre o mesmo tipo de mulher e justamente por Paula ser mais cheinha é que ela traz outros tipos de elemento ao jogo, outros tipos de comentário. Sempre haverão Talulas e Marias e etc.

Enfim, não sei se o que escrevi responde suas questões, mas essa é minha posição. Acho que a Dona Farta poderá lhe responder melhor. E não, para que fique bem claro, nossa missão não é dividir ninguém. Não é a NOSSA intenção, mas que a SOCIEDADE faz isso, ela faz e sentimos muito por isso e exatamente por motivos assim que buscamos ajudar mulheres que têm a autoestima destruída diariamente. Ninguém odeia as magras, ninguém tem raiva das magras (pelo menos não aqui), mas muitas pessoas usam de maldade para ferir quem está acima do peso.

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Comentário MUITO BOM SEU TEXTO – ADOREI!!!
PARABÉNS!!!

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Paula,

Obrigado pela resposta. Fico feliz em ver que você se preocupa com a opinião das leitoras.

Apesar de aceitar seus argumentos, continuo achando o tom do texto equivocado. Não acho que exista ofensa leve e ofensa pesada. Ofensa é ofensa. E um texto que fala sobre nós, gordinhas, sermos ofendidas não deveria soar ofensivo aos outros.

Como você defendeu a autora com tanto afinco, o mínimo que eu podia fazer era procurar os outros trabalhos dela, tanto aqui nas Grandes Mulheres, quanto em seu blog, além do twitter. Não acho que sou dona da verdade e fui até com boa vontade para um blog que tem o nome interessante e sugestivo de Dona Farta.

A verdade é que foi muito bom fazer isso, pois pude ver que este texto não difere em nada das outras coisas que ela escreve. Nem na forma, nem no tom e nem nos termos utilizados à exaustão. Procure por ”dona farta magrela” no google e verá que ela tem vários “momentos de desabafo”, como você mesma chamou, Paula.

A segunda coisa interessante que descobri foi que ela me chamou de analfabeta (ou pré-alfabetizada) no twitter:

“Você aqui que não entende metáfora, entrelinha, piada, ironia… queira por gentileza voltar para a pré-escola, pelo bem da humanidade!”

Dá para saber que era de mim que ela estava falando pois antes ela tuitou duas vezes sobre uma pessoa não entender o texto dela, isto é, a “ingnorante” aqui.

Não quero, em hipótese alguma, ficar discutindo com alguém pela internet. Só queria deixar claro meu ponto de vista de que existe uma grande diferença entre ironia (ou piada, como ela fez questão de tuitar) e falta de educação.

Beijos de uma leitora cada vez mais fiel.

Ps. Apenas para esclarecer: sim, eu sempre fui gordinha; sim, eu acho que existe muito preconceito na sociedade; não, não acho que toda crítica é preconceituosa, a pessoa pode não gostar de mim por quem eu sou e não porque eu sou G++; e SIM, sou alfabetizada e sou ótima em interpretação de textos.

mais Ps. Acompanhando às tuitadas da donafarta, pude reparar também que ela se refere à Maria como “Maria-Exu” e à Janaína como “Xanaína”. O que diferencia isso das pessoas que se referem à pobre da Paula como “Paula-Jabulani”? Eu odiaria ser chamada de Jabulani, de Exu ou de Xana. Mas tudo bem, provavelmente eu não entendi a ironia das tuitadas também.

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Prezada Márcia Regina,

Em primeiro lugar preciso dizer que fiquei realmente lisonjeada com o fato de você ter dedicado tanto tempo a pesquisar coisas a meu respeito na internet, e que tenha gasto tempo vasculhando meu blog, meu twitter, etc e tal. Obrigada pelo prestígio!

Vou me reservar o direito de não rebater os termos do seu comentário original porque antes de mais nada respeito opiniões diversas. De fato, o que parece ofensivo pra você pode não parecer pra mim, e vice versa. E se tem uma coisa que eu considero sagrada nessa vida é o RESPEITO ÀS DIFERENÇAS, inclusive de pensamento.

Não sou jornalista, e escrevo a coluna para o GM comprometida exclusivamente com o meu pensamento e como forma de expressar as minhas opiniões pessoais. Não espero aprovação nem adesão à minha forma de pensar – embora muitas leitoras manifestem identificação, e muito menos pretendo ditar regras ou criar verdades absolutas. Sou apenas uma colunista do portal. COLUNISTA. Tenho certeza que você sabe o que isso significa.

Sendo assim, prezada Márcia, lamento profundamente se o meu texto te pareceu ofensivo às “magrelas”. Eu realmente não tive essa intenção, e poderia te dizer, por exemplo, que odeio ser chamada de “gordinha”, como vc se autodefine no seu comentário, mas é um direito seu usar a expressão que bem entender. E se alguém se ofender, talvez te procure pra tirar a questão a limpo. A vida é assim. Cada um tem suas verdades, e buscar verdades absolutas é uma grande perda de tempo.

Eu tenho paúra dessa coisa politicamente correta de não se poder dizer nada sob o risco de estar ofendendo alguém, e por isso muitas vezes ressalto a importância de as pessoas entenderem entrelinhas e ironias ao invés de se apegarem ao literal.

Tenho uma amiga muito especial e importante na minha vida, e ela é bem magra. Politicamente correto seria chamá-la de “magra”, “magrinha”. Eu a chamo de “Magricela”, o tempo todo. E ela não se incomoda, porque ela é magricela mesmo, assim como eu sou gorda/gorducha/gordinha/farta/roliça/whatever.

Tenho trocentos amigos homossexuais, e politicamente correto seria chamá-los de “homossexuais”, mas eu os chamo (e eles uns aos outros) o tempo todo de “bicha”, “sapatão”, “viadinho”, etc. E ninguém se ofende, porque ninguém usa essas expressões com intenção de ofender.

Tenho muitos amigos negros, e politicamente correto seria chamá-los de “negros”, mas eu os chamo o tempo todo de “meu nêgo”, “pretinha”, etc e tal. E ninguém se ofende.

Sabe por que? Por que tudo é uma questão de contexto. Tudo é uma questão de intenção. Há quem use todas essas expressões de maneira pejorativa, com intenção de diminuir o valor do outro. Isso sim é um problema. E te garanto que todas as vezes que usei a expressão “magrela / magricela” no meu texto a intenção foi exclusivamente dar uma ênfase dentro do contexto do que pretendia dizer. Não expliquei isso porque não costumo subestimar a inteligência dos meus leitores, algumas coisas, penso eu, ficam subentendidas. Mas esclareço agora, e espero que você tenha entendido.

Finalmente, quanto aos meus tweets e posts no meu blog pessoal, eu realmente acho que este não é o local adequado pra discutirmos o que escrevo. E, definitivamente, com TODO RESPEITO, não vou usar um site legal como o GM pra explicar piada.

Me desculpe!

Beijos, e desejo que você seja feliz com suas diferenças!

Dona Farta

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Gordo, magrela, nêgo e preta podem traduzir carinho em algumas situaçãoes, sim. Sapatão e bicha? Nunca ! Não vejo como. Não consigo imaginar.

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Adorei o texto, como sempre D. Farta escreve com muita classe.
Discordando do comentário da nossa amiga Maria Regina, conheço pessoalmente a D.Farta a mais ou menos 1 ano. Nesse 1 ano já fiquei muito magra, já engordei um pouco e em todos os momentos e apelidos que ela me deu, mesmo os que se referiam a peso, todos tiveram muito carinho e muito respeito.
Inclusive porque a prórpia se intitula Dona Farta. (irônico, não?)
Não consigo ver esse texto com essa maldade, principalmente porque a conheço, sei que nunca partiria dela uma ofensa desse nível.
Foi um “desabafo” feito em uma coluna que a mesma assina. Com pessoas que acompanham e prestigiam sempre.
Que se referia a um programa, onde o apresentador, não pegou no pé do Diogo por cantar “axé” o dia inteiro (e que saco isso), ou por ele ser “gago”, mas sim pelo fato da Paula comer muito.
E porque isso?????
Já que é pra pegar pesado, porque todos os participantes não são expostos pelos seus pontos fracos??????
Direitos iguais minha linda. Estamos em uma democracia.
E LIBERDADE DE EXPRESSÃO!!! rsss
Parabéns pelo texto!!!
P.S. sou magrela

Responder

Dona Farta, entendi o seu texto como uma forma de opinião e, assim como no seu blog e outras mídias, você se permite expressar pensamentos e posições de forma livre. Lendo o que você escreve, me sinto como se estivesse em um bar conversando com você sobre como foi o dia, política, BBB e tudo mais.
Então, seu posicionamento como o “magricela” e outros adjetivos podem e DEVEM ser utilizados pois os encaro como figura de linguagem. Quem leu o texto com mente aberta e sem pré-conceitos e com ideal de criticar e ser contra vai entender perfeitamente a mensagem que você quis falar. Não se trata de um texto imparcial e que bom que há posicionamentos contrários. Viva isso!

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O texto é ótimo e agradável de ler. Pontos para Fartinha!

Olhando os comentários não consegui me conter e vou opinar também.
Bem, acho que não é a intenção da @DonaFarta agradar Gregos & Troianos, ela está apenas expressando a opinião que põe em evidência essa personalidade forte, essencial e extrovertida que a faz unica.
Uma coisa é entrar em debate o texto aqui do GM, outra é criticar o que @DonaFarta tuita ou deixa de tuitar.
Mas, críticas a parte Fartinha, quem fala de tu negona, é porque tem paixão.

Beijas!

@ladyfuleron

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Sei que muitos comentarios aqui sao femininos, bom eu mesmo sendo homem nao vou descordar, esse negocio que a midia faz caindo em cima das gordinhas é uma total besteira, pior ainda é as pessoas perderem suas personalidades por causa disso, como se gordinhas fossem um erro da natureza, eu gosto de gordinhas, claro que existe um limite pra ser uma gordinha sensual ao nivel de uma gordinha que perde ate os traços femininos, ja namorei 2 gordinhas e elas tinham seus pesos 106kg, e ainda nao eram feias nem deixavam de ser femininas e bem vestidas muito atraente, eu nao suporto mulher magrela, ja fiquei com mulher magrela e é totalmente sem graça nao ter onde pegar, morder..EU ODEIO o altar que fazem pra gisele bundchen, ela ale de feia é magrela e sem graça..Nao acho a paulina fisicamente feia, ta cheio de mulheres na globo que eram gordinhas e eram bonitas, agora que esticaram o corpo, ficaram magrelas, ficaram horriveis, pescoço de lagartixa..Muitos homens gostam de gordinhas, mais pra nao ficar feio para os amigos, eles fazem *** doce pra nao ficar feio e sao piores ainda,alem de serem falsos e sem personalidade…Assim como mulheres, muitas gostam de homens gordinhos e nao acham graça em homens sarados, o pior é que muitos mulheres gostam de homens sarados que so malham o corpo, mas esqueçem do cerebro e isso é pura verdade.Enfim, é nojento oa falsidade é ignorancia das pessoas sobre as gordinhas, eu pago um pau naquela modelo gordinha Fluvia Lacerda, da pau em muita mulher magrela por ai!!

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Dona Farta… vc escreve muito bem e isto é fato! Apenas se preocupa demais em esclarecer as coisas… e existem pessoas que não conseguem ver além… mesmo que vc desenhe… rs… eu não gosto de BBB… mas ele existe e p/quem não tem TV a cabo como eu, as vezes é o que resta p/olhar… e acho que é um programa que não serve p/muita coisa… é p/olhar, p/botar defeito nos outros, p/jogar conversa fora… acho que ninguém que está ali serve p/representar uma “classe” se é que posso chamar assim. Acho que não devemos levar o BBB à sério… e quanto aos gordinhos… acho que eles ainda serão alvo fácil p/piadas e preconceito… infelizmente… é só olhar na TV e ver o tanto de besteira que continuam propagando… e como ter o “corpo escultural” é mais importante do que ter um corpo com cultura!

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Por que gente independente incomoda ainda mais do que gordos felizes?

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